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Dia Mundial Sem Tabaco: dados do HOL revelam ligação direta entre cigarro e câncer

Oncologista Danielle Feio alerta para os riscos do fumo, que segue como uma das principais causas evitáveis de morte no mundo

Por Leila Cruz (HOL)
31/05/2025 13h16
Oncologista do Hospital Ophir Loyola, Danielle Feio, destaca que as pessoas devem saber sobre os riscos do hábito de fumar

Hoje, 31 de maio, é celebrado o Dia Mundial sem Tabaco, data destinada à conscientização sobre os riscos do tabagismo. Apesar da redução global no número de fumantes, o problema ainda persiste de forma significativa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022, 1 em cada 5 adultos no mundo era fumante, uma queda considerável em relação ao ano 2000, quando esse número era de 1 em cada 3. Ainda assim, são 1,25 bilhão de fumantes no planeta, o que torna o tabaco responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas todos os anos.

O tabagismo permanece como um dos principais fatores de risco para diversos tipos de câncer, especialmente aqueles que comprometem as vias aéreas e o aparelho digestivo. Dados do Hospital Ophir Loyola (HOL), referência no tratamento oncológico na região, revelam a dimensão desse impacto na saúde da população.

 Um levantamento realizado pelo registro hospitalar apontou casos de câncer no ano de 2022, relacionados ao consumo de tabaco. Do total de 3.830  pessoas avaliadas, 165 (4,3%) eram fumantes, 1.615 (42,2%) ex-fumantes e 2.050 (53,5%) nunca fumaram. Desses, 1.798 (42,6%) tinham idade entre 60 a 79 anos, 1.595 (37,8%) idades entre 40 e 50 anos. 

Entre 2023 e abril de 2025, o HOL registrou aproximadamente 1.300 casos de cânceres fortemente associados ao uso do tabaco. Desse total, o câncer de pulmão lidera os registros, com 680 casos. Em seguida aparece o câncer de cavidade oral, que engloba 470 atendimentos no período. Já o câncer de esôfago contabilizou 150 casos.

O cenário reforça o alerta das autoridades de saúde sobre os malefícios do cigarro, que segue como uma das principais causas evitáveis de morte no mundo. Além de estar relacionado a mais de 50 doenças, o tabagismo tem relação direta com diversos tipos de câncer, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes e sobrecarregando os sistemas de saúde.

A oncologista do Hospital Ophir Loyola, Danielle Feio, reforça que os impactos do cigarro vão muito além do câncer de pulmão. “Fumar não causa só câncer de pulmão. Também está diretamente associado a tumores de boca, esôfago, bexiga, estômago e vários outros. O tabagismo é a principal causa evitável de morte no mundo. Por isso, é essencial que as pessoas tomem cada vez mais conhecimento sobre os riscos que esse hábito traz”, alertou.

Além dos danos diretos aos fumantes, o tabagismo passivo representa um grave risco à saúde de quem convive com eles, principalmente crianças e familiares. Conforme a oncologista, a exposição à fumaça alheia tem consequências sérias e muitas vezes subestimadas.

 “O cigarro não faz mal só para quem fuma. O tabagismo passivo é extremamente prejudicial e, muitas vezes, subestimado. Quem convive com fumantes, especialmente dentro de casa, também está exposto às substâncias tóxicas e cancerígenas da fumaça. Isso aumenta consideravelmente o risco de câncer de pulmão, doenças cardiovasculares, respiratórias e até morte súbita em crianças. É um risco silencioso, mas real, que afeta toda a família”, alertou.

Entre os pacientes que enfrentam as consequências do tabagismo está a zeladora Dilma Oliveira Guimarães, de 64 anos, que atualmente passa por tratamento no HOL. Ao lado da filha, Helen Cristina Guimarães, ela enfrenta a doença com fé, coragem e, principalmente, com o apoio da família, que tem sido fundamental neste momento. Emocionada, Dilma deixa um recado para quem ainda não conseguiu abandonar o cigarro.

“Se eu pudesse dar um conselho, seria, não fumem. Não cometam o erro que eu cometi no passado. Hoje estou aqui, enfrentando dores, na esperança de que não seja algo sério, mas a gente nunca sabe… Eu trabalhei muito na roça, fazia fumaça para espantar mosquito, e também fumei. Talvez tudo isso tenha contribuído. Agora, o que me dá forças são meus filhos, meus netos, minha mãe, que já é idosa, e toda minha família. Eu quero ficar boa por eles, para poder voltar pra casa, cuidar dos meus e viver pra ver até meus bisnetos crescerem”, desabafa.

Texto de David Martinez, sob orientação de Leila Cruz