Emater incentiva agricultores de Belém para crédito rural
Parceria com o Basa prevê mais de R$ 2 milhões em investimentos até o fim de 2025
Com o apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), em Belém, a agricultora Tereza Cristina Moura, de 59 anos, moradora do bairro Água Branca, no Distrito de Outeiro, está avaliando a possibilidade de contratar crédito rural para ampliar e qualificar os canteiros e estufas onde cultiva alface, cheiro-verde, maxixe e quiabo orgânicos, no sítio Roçart.
"A gente fica desconfiada porque neste mundo é muita enganação, muito abuso, então vem uma oportunidade assim, ótima, de capital, dá para ficar receosa. O crédito me interessa porque eu confio demais na Emater, sei que o trabalho é sério e a prioridade é mesmo o agricultor familiar. É reconfortante que a Emater nos explique o que é a política pública, nos permita entender melhor", afirma.
Atendida pela Emater há mais de dez anos, Tereza conta que um dos principais desafios em sua trajetória foi conquistar o reconhecimento como agricultora, mesmo vivendo em uma área urbana. "Esse processo, a documentação, veio toda da Emater: era difícil ter acesso a direitos específicos da agricultura, porque eu não conseguia comprovar a nomenclatura, e a prática na roça é da vida inteira. Hoje tenho CAF (Cadastro Nacional da Agricultura Familiar), tenho CAR (Cadastro Ambiental Rural da propriedade), tudo emitido pela Emater", detalha. O "trabalho de vida inteira" a que ela se refere inclui o cultivo de cacau, coco, macaxeira, maniva e sapotilha em uma área de 1.800 metros quadrados.
Plano de expansão - Tereza Cristina é uma das 60 famílias de Belém que a Emater está prospectando para acesso imediato a crédito rural, por meio das linhas A do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do programa Acredita, com financiamento via Banco da Amazônia (Basa).
Durante o mês de maio, Emater e Basa estão realizando reuniões técnicas para atualizar as sistemáticas de atendimento e alinhar metas para efetivar financiamentos públicos até o fim do ano. A prioridade será dada a projetos voltados para arranjos produtivos com manejo de açaí nativo, plantio de cacau e introdução de espécies florestais, como a andiroba. O volume total de recursos previstos ultrapassa R$ 2 milhões.
"O objetivo é potencializar e diversificar uma cadeia produtiva que é histórica e tradicional: a produção já existe — nossa colaboração é no sentido de manutenção, expansão, aperfeiçoamento. O acompanhamento do açaí de várzea considera a preservação de matas ciliares e segurança alimentar e nutricional, por exemplo", explica o engenheiro agrônomo Emerson Penha, chefe do escritório da Emater em Belém.
Texto: Aline Miranda