Saúde por todo o Pará fortalece assistência nos territórios quilombolas
Parceria entre Sespa, SEIRDH, universidades e instituições leva atendimentos especializados a comunidades de Moju como parte do calendário de ações voltado aos territórios quilombolas em 2025
Com o compromisso de ampliar o acesso à saúde de forma inclusiva e respeitosa às tradições dos povos do Pará, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) está realizando mais uma etapa do programa “Saúde por todo o Pará”. Desta vez, as ações se concentram em comunidades quilombolas do município de Moju, na região nordeste do estado.
A iniciativa faz parte do calendário de ações de 2025, elaborado em cumprimento ao termo de compromisso assinado em novembro de 2024 entre a Sespa e a Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEIRDH), por meio da Gerência de Direitos Quilombolas. A proposta é garantir atendimento médico e ações educativas com foco na equidade, construídas com participação ativa das lideranças locais.
A coordenadora estadual de Saúde Indígena e Populações Tradicionais (CESIPT), Tatiany Peralta, enfatizou a importância da união entre poder público, universidades e a escuta sensível da comunidade.
“É com grande satisfação que a CESIPT, em parceria com a Sespa, o CIIR e o laboratório da UFPA, participa dessa importante ação de saúde no território quilombola de Moju. Estamos aqui para garantir o acesso a serviços de qualidade, respeitando a cultura, os saberes e as necessidades dessa comunidade. Esta ação reúne atendimento médico, orientação de saúde bucal, regulação, exames especializados e escuta qualificada, com o apoio técnico-científico da universidade. Essa união entre Estado, universidade e comunidade é essencial para promover uma saúde mais inclusiva e equitativa.”
A primeira comunidade atendida nesta etapa foi o Quilombo África, no dia 27 de maio. Na terça-feira (28), a ação chegou à comunidade Mojum Mirim, e a próxima parada será nesta quarta-feira (29), na comunidade Cruzeiro.
Atendimentos
Já no primeiro dia de atividades, os números mostram o impacto da ação: 57 atendimentos médicos, 75 consultas, 259 exames laboratoriais realizados e 676 medicamentos dispensados. Também foram realizadas 44 palestras sobre saúde bucal, com distribuição de kits de higiene oral, além de dois encaminhamentos feitos pela equipe da Coordenadoria Estadual de Políticas Estratégicas em Direitos (CEPED).
O Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) participou com uma equipe multiprofissional, totalizando 22 atendimentos especializados nas áreas de psicopedagogia, psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, nutrição, terapia ocupacional e serviço social. Também foram feitos encaminhamentos para otorrino, neuropediatria, pediatria, oftalmologia, fisiatria e odontologia.
De acordo com Lorena Alves, técnica da CESIPT, o planejamento foi construído com base nas demandas apresentadas pelas próprias comunidades quilombolas.
“O objetivo principal da ação promovida pela Sespa é cumprir o termo de compromisso assinado em novembro de 2024, em parceria com a SEIRDH. Desde então, montamos um calendário para 2025 em territórios quilombolas, construído de forma dialogada com as comunidades”, destacou.
Cuidado que chega onde é mais preciso
Moradora do Quilombo África e da comunidade Laranja Tuba, Miriam Cardoso relatou o impacto positivo da ação, especialmente para quem enfrenta obstáculos diários para acessar os serviços de saúde.
“Eu procurei atendimento com clínico geral e ginecologista, por ser próximo de casa e pela facilidade. A maioria das vezes, a gente tem muita dificuldade de ir até a cidade, às vezes precisa voltar só para fazer exame. A ação veio até a comunidade e foi uma ótima oportunidade para fazer os exames que eu já precisava. Aqui temos pessoas enfrentando câncer, já perdemos parentes devido à demora no diagnóstico. Essa ação foi fruto da nossa luta com as lideranças. A gente se reuniu várias vezes, organizou tudo para trazer essa ação até nós. É gratificante ver que deu certo”.
Próximos passos
A próxima comunidade a receber a ação será a Comunidade Cruzeiro, nesta quinta-feira (29). A expectativa é de que novas edições ocorram em outros municípios ao longo do ano, reforçando o compromisso do Governo do Pará com uma saúde mais acessível, que respeita as especificidades e os direitos dos povos tradicionais.
