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Santa Casa realiza II Simpósio de Lúpus em parceria com a associação paraense de portadores da doença 

Evento aproxima a sociedade com a instituição que atende pacientes na área de reumatologia e traz orientações sobre a doença

Por Samuel Mota (SANTA CASA)
28/05/2025 13h16

O evento, que aconteceu nesta quarta-feira (28), é uma parceria entre a Fundação Santa Casa do Pará e a Associação Paraense de Pessoas com Lúpus e tem como objetivo promover a conscientização sobre o lúpus entre pacientes, familiares, profissionais e estudantes por meio do acompanhamento multiprofissional, além de fornecer informações atualizadas e baseadas em evidências. 

José Júnior Silva, representante da diretoria da Associação de Pessoas com Lúpus, explica que com o crescimento dos pacientes que fazem tratamento da doença tornou-se importante fortalecer a Associação, que iniciou no município de Castanhal, nordeste do estado. “E pensando na luta de todos nós, portadores de lúpus, esse evento é fortalecido com o apoio da Fundação Santa Casa que abriu as portas para nos ajudar na conscientização, além do diagnóstico, que muita gente desconhece”.

“Acho que esse simpósio já está no calendário oficial da Santa Casa, que todo ano a gente deve realizar. Para nós pacientes como um todo, é muito enriquecedor porque tira muitas dúvidas a respeito do diagnóstico. E esse evento veio para somar qualidade de vida para todos os pacientes porque você passa a conhecer coisas diferentes relacionadas ao tratamento que você nunca tinha visto”, destaca José Silva.

Para o médico reumatologista André Ozela, um dos palestrantes do evento, as doenças autoimunes são muito negligenciadas. “É um número de uma população que proporcionalmente é pequeno, mas quando a gente soma todas as doenças autoimunes, fica um número grande. E o lúpus é uma doença que é para toda a vida, então a cada ano que passa esse número vai aumentando. Então eu acho que o primeiro passo para a gente diagnosticar é desconfiar que ela existe. E para eu desconfiar, eu tenho que saber que ela existe”. 

“E fazer um evento sobre uma doença que é muito importante, abre um espaço para a população conhecer sobre ela e, com isso, aprender a ir atrás. E para quem já tem a doença, eventos dessa natureza contribuem com a troca de informações. E uma das premissas principais é não suspender remédio por conta própria. Essa é a principal, que a gente vê principalmente em adolescentes, em jovens adultos, que se revoltam às vezes com a doença e largam tudo. E o conselho para o tratamento, é não desistir, tomar o remédio em dia e tentar viver. É óbvio que a gente fala em normalidade, mas viver a vida mais normal possível”, pontua o médico reumatologista.

Segundo o Ministério da Saúde, o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica pouco frequente, que atinge principalmente mulheres jovens. Caracteriza-se por acometer múltiplos órgãos e apresentar alterações da resposta imunológica, com presença de anticorpos dirigidos contra proteínas do próprio organismo. Embora a causa do LES não seja conhecida, especialistas acreditam que a interação de fatores genéticos, hormonais e ambientais influenciam o desencadeamento da doença. Conhecer os sintomas e procurar ajuda médica para diagnosticar a doença o quanto antes é essencial para evitar o agravamento.

Erica Cavalcante, diretora de Ensino Pesquisa e Extensão da Fundação Santa Casa, e uma das palestrantes do Simpósio, fala que o lúpus é um modelo de doença autoimune. “Se a gente pegar o lúpus como um exemplo, um modelo, a gente consegue discorrer sobre a autoimunidade, que é a base das doenças reumatológicas. A incidência é maior em mulheres, numa proporção em adultos de nove mulheres para um adulto homem; e em crianças de oito meninas para dois meninos”. 

“Em relação aos cuidados, a gente tem vários tipos de tratamentos, inclusive por meio de medicamentos. Os pacientes que porventura apresentem um acometimento renal grave, eles também dispõem de hemodiálise, transplante renal. Então a gente hoje tem uma gama de tratamentos muito grande. E a gente já consegue vislumbrar uma qualidade de vida melhor desse paciente, uma longevidade maior pelos tratamentos, pelos avanços do tratamento de hoje em dia”, esclarece a diretora, que é reumatologista pediátrica.

Segundo o Portal do Ministério da Saúde, o Lúpus pode ser manifestar de quatro formas diferentes, que têm causas distintas. As principais formas da doença são:

Lúpus Discóide: esse tipo de lúpus fica limitado à pele da pessoa. Pode ser identificado com o surgimento de lesões avermelhadas com tamanhos, formatos e colorações específicas na pele, especialmente no rosto, na nuca e/ou no couro cabeludo.

Lúpus Sistêmico: esse tipo de lúpus é o mais comum e pode ser leve ou grave, conforme cada situação. Nessa forma da doença, a inflamação acontece em todo o organismo da pessoa, o que compromete vários órgãos ou sistemas, além da pele, como rins, coração, pulmões, sangue e articulações. Algumas pessoas que têm o lúpus discóide podem, eventualmente, evoluir para o lúpus sistêmico.

Lúpus induzido por drogas: essa forma do lúpus também é comum e acontece porque substância de algumas drogas e/ou medicamentos podem provocar inflamação com sintomas parecidos com o lúpus sistêmico. No entanto, a doença, nesse caso, tende a desaparecer assim que o uso da substância terminar.

Lúpus neonatal: esse tipo de lúpus é bastante raro e afeta filhos recém-nascidos de mulheres que têm lúpus. Normalmente, ao nascer, a criança pode ter erupções na pele, problemas no fígado ou baixa contagem de células sanguíneas, mas esses sintomas tendem a desaparecer naturalmente após alguns meses.