De caroço de açaí a jogo inspirado na COP 30: projetos de escolas estaduais são finalistas em prêmio nacional
Com projetos de inovação e sustentabilidade, quatro escolas da rede estadual paraense concorrem ao Prêmio Criativos Escola + Natureza, do Instituto Alana

Quatro escolas da rede estadual paraense estão entre as finalistas do Prêmio Criativos Escola + Natureza, promovido pelo Instituto Alana. A premiação reconhece projetos que unem inovação e sustentabilidade na transformação de territórios a partir da relação com a natureza. Divididas por biomas, as escolas estaduais do Pará e uma escola de Manaus foram selecionadas para representar a Amazônia. O anúncio dos seis projetos premiados, um por cada bioma brasileiro, será feito no dia 5 de junho, em celebração ao Dia Mundial do Meio Ambiente.
Com o projeto “Placa de controle térmico de açaí: identidade regional e sustentabilidade”, a Escola Estadual Salesiana do Trabalho, localizada no bairro da Pedreira, em Belém, está entre os finalistas. A iniciativa busca propor soluções sustentáveis para melhorar o ambiente escolar e reduzir o consumo de energia elétrica nas unidades públicas.
“A ideia surgiu da bioética, onde observamos como os animais resolvem seus problemas. Percebemos que cupins e formigas utilizam placas feitas com resíduos vegetais para se proteger do calor. Como nossa escola enfrenta esse problema em algumas salas, o projeto surgiu daí. Estamos elaborando vários compostos como aglomerantes, testando sua eficácia. O caroço de açaí é o principal material, e também estamos usando bioplástico feito de fécula de mandioca e de milho. Verificamos que o de milho tem melhor desempenho como aglomerante”, explicou o professor orientador do projeto, Maurício Barata.
A estudante Emilly Souza, da 3ª série do ensino médio, considera a experiência como algo transformador. “Nunca tinha participado de um projeto de educação ambiental. Foi algo novo e muito interessante, porque passamos a ver de forma diferente como as coisas funcionam. O projeto nos mostra que é possível fazer muito com o que temos à disposição, ajudando o meio ambiente, reduzindo resíduos nas ruas e melhorando a temperatura das salas, o que impacta diretamente no aprendizado dos alunos e no trabalho dos professores.”

Na Região Metropolitana de Belém (RMB), a Escola Estadual de Ensino Médio Santa Tereza D’Ávila, em Marituba, é finalista com o projeto “Trilha Maker – COP 30”, que articula sustentabilidade, educação, tecnologia, inclusão, cultura e ludicidade. O projeto inclui um dado digital, jogo da memória e um labirinto elétrico – todos desenvolvidos com conhecimentos de Robótica Educacional. A proposta faz alusão à 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém, em novembro de 2025, e promove um resgate dos pontos turísticos da capital paraense, além de abordar os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Para a estudante Clarisse Veras, da 2ª série do ensino médio, a classificação é motivo de orgulho. “Estar entre os finalistas é uma grande conquista que reflete nosso compromisso com a sustentabilidade e a educação como instrumentos de transformação. Independentemente do resultado, estar aqui já é uma vitória que nos inspira a continuar fazendo a diferença pelo futuro do planeta.”
Já a estudante Maria Luyza, também da 2ª série, compartilha a expectativa de vencer a etapa nacional. “Essa conquista significa muito para mim, pois mostra que podemos chegar onde quisermos. Estou muito confiante de que conquistaremos o primeiro lugar.”
O professor orientador Charles Ruan também destacou a importância do reconhecimento. “Estar entre os finalistas é recompensador. Nosso objetivo inicial era fazer algo pela escola, e ver até onde chegamos mostra o poder que o aluno tem de transformar a comunidade onde vive. Para mim, essa equipe já é vencedora.”
As outras duas finalistas da rede estadual são do município de Maracanã, na Região de Integração do Guamá, no nordeste paraense: a Escola Estadual Izidório Francisco de Souza e a Escola Estadual Presidente Kennedy. Ambas fazem parte do projeto “Clube Azul: Pela Cultura Oceânica”, voltado à promoção da cultura oceânica e à conservação dos ecossistemas marinhos, aliando educação ambiental e valorização cultural.
Além das quatro escolas finalistas, outras cinco instituições paraenses receberam menção honrosa por seus projetos:
1. Escola Estadual João Carlos Batista, em Ananindeua (RMB), com o projeto “Economia doméstica e sustentabilidade: produção de sabão a partir da casca de manga”;
2. Escola Estadual Irmã Laura de Martins Carvalho, em Canaã dos Carajás (Região de Integração de Carajás), com o projeto “Amazônia em nossas mãos: plantando o futuro em Canaã dos Carajás”;
3. Escola Estadual Basílio de Carvalho, em Abaetetuba (Região de Integração do Tocantins), com o projeto “Histórias da Amazônia: equilíbrio ecológico sob ameaça”;
4. Escola Estadual de Tempo Integral Professora Dilma Cattete, em Belém, com o projeto “Horta Ciclável: energia em movimento”.
Sobre o prêmio – O Prêmio Criativos Escola + Natureza é uma iniciativa do Instituto Alana que busca reconhecer e inspirar ações de transformação da realidade, com foco na natureza, protagonizadas por crianças e adolescentes de todo o Brasil. A ação faz parte do programa Criativos e do movimento global Design for Change, originado na Índia e presente em mais de 70 países, impactando mais de 2,2 milhões de jovens ao redor do mundo.
Um dos grandes destaques desta edição é que os projetos vencedores não apenas terão reconhecimento nacional, como também participarão de atividades especiais durante a COP 30, que ocorrerá em novembro em Belém. Os estudantes também participarão de uma ação junto ao Greenpeace Brasil, reforçando o compromisso ambiental.
Nesta edição, o prêmio recebeu 1.593 inscrições, envolvendo mais de 60 mil estudantes e 5.300 educadores de 738 municípios brasileiros. Com 119 projetos inscritos, o Pará foi o quarto estado com maior participação no prêmio e também um dos mais reconhecidos.