Sespa inicia capacitações para prevenção e tratamento de hepatites
Membros da equipe da Coordenação Estadual de Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) iniciaram nesta terça-feira, 8, em Belém, um ciclo de atualização para profissionais do 7º e 3º Centros Regionais de Saúde (CRS’s) da Sespa, sobre procedimentos para testagens rápidas para os tipos B e C da hepatite. Para cada capacitação, os profissionais estão sendo atualizados sobre as novidades em relação à doença, conforme protocolos estabelecidos pelo Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde (MS) e pelo papel da Sespa enquanto condutora e orientadora dessa política junto aos municípios paraenses.
A programação reserva dois dias de capacitação para cada CRS e tem ainda outro objetivo: o de orientar os municípios de abrangência a intensificarem a busca ativa por pacientes silenciosos, ou seja, os que têm a doença e sequer apresentaram algum sintoma. O conteúdo a ser compartilhado na atividade contém a apresentação do Programa de Hepatites, a regionalização e a oferta de serviços no Pará, bem como o arsenal terapêutico disponível para pacientes já diagnosticados, protocolo de vacinação contra Hepatite B e metodologias e aconselhamentos para testagens rápidas para os tipos B e C, segundo informa a coordenadora estadual de Hepatites Virais, Cisalpina Cantão.
Os profissionais do 7º Centro Regional de Saúde estão sendo treinados até esta quarta-feira, 9, pela médica hepatologista Heloísa Nunes, pesquisadora da seção de Hepatologia do Instituto Evandro Chagas (IEC), e pela enfermeira Rosana Carvalho, da Coordenação Estadual de Hepatites Virais. De forma paralela, os que atuam no 3º Centro Regional de Saúde serão treinados nos dias 9 e 10 em Castanhal. Segundo Cisalpina, o ciclo foi concluído, uma vez que todos os demais 11 CRS’s da Sespa já receberam instruções semelhantes para serem multiplicadas às secretarias de saúde dos municípios de abrangência.
A respeito de atualizar profissionais sobre a doença, Cisalpina destaca que a importância da realização dos testes está no fato de o diagnóstico precoce das hepatites ser um dos principais determinantes para evitar a transmissão ou a progressão dessas doenças e suas graves consequências. As chances de cura chegam a 90% quando o tratamento é feito corretamente e no momento adequado. As hepatites virais A e E são transmitidas pela via fecal-oral e estão relacionadas às condições de saneamento básico, higiene pessoal, qualidade da água e dos alimentos. Já as hepatites virais B, C e D são transmitidas pelo sangue e por relações sexuais sem uso de preservativo.
Uma das mediadoras da oficina, a médica Heloisa Nunes explicou, de forma simples, as características de cada vírus da doença e alertou, sobretudo, para uso indiscriminado de medicamentos que podem induzir o aparecimento da hepatite fulminante, como analgésicos, principalmente o paracetamol, antibióticos, psicotrópicos, antidepressivos e produtos a base de ervas, como os chás usados em dietas de emagrecimento, como o boldo e a sacaca. A especialista ainda ressaltou a importância do diagnóstico para que seja realizado o tratamento a tempo. “Essa prática pode reduzir de maneira significativa a necessidade de transplantes”, explicou.
Uma das novidades a serem tratadas durante a atividade é o anúncio feito pelo MS, em julho deste ano, sobre a inclusão de um novo tratamento contra hepatite C, pelo SUS, que inclui as drogas: daclatasvir, simeprevir e sofosbuvir. A nova opção, que estará disponível até dezembro, vai beneficiar pacientes que não podiam receber os tratamentos disponíveis até então, entre os quais aqueles que também têm HIV ou que não responderam bem às drogas convencionais. No dia 22 deste mês, inclusive, técnicos do MS e da Anvisa farão um treinamento sobre o assunto no Instituto Evandro Chagas, em Ananindeua, em meio a uma programação direcionada sobre esse novo fluxo de medicamento aos profissionais de referência e de Assistência Farmacêutica sobre o assunto no Pará.
O ciclo de capacitações corresponde a um dos focos da Sespa sobre o incentivo ao diagnóstico e ao tratamento, tal como aconteceu com a campanha “Julho Amarelo”, que entre maio e julho deste ano realizou 7462 testes para hepatite C, em 40 ações realizadas entre a capital e o interior. O resultado foi que 39 pessoas que não apresentavam nenhum sintoma aparente se descobriram com a doença, sendo 38 com C e uma com o tipo B. Na sequência, foram prontamente encaminhadas para tratamento. Mesmo com o fim da mobilização, as testagens continuam disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde dos municípios e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Belém, Santarém e Marabá.
Tratamento já disponível
A Sespa esclarece que a porta de entrada para quem quiser se proteger das hepatites é a Unidade Básica de Saúde, seja para a vacinação contra o tipo B ou para o teste sorológico de detecção dos tipos B e C. Na capital, o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), mantido pela Secretaria de Saúde de Belém (Sesma) no bairro de Batista Campos, oferta ainda o chamado teste rápido, o mesmo que foi utilizado na campanha “Julho Amarelo”, em que o resultado é entregue em até 30 minutos.
Em Belém, caso o usuário do SUS receba a notícia de que é portador de um dos tipos graves da doença, é encaminhado para locais de tratamento que já são referência, como a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, especialista no diagnóstico e o tratamento de doenças do fígado.
Além da Santa Casa, Belém dispõe de outros locais para o tratamento: Hospital Universitário João de Barros Barreto; Fundação de Hospital de Clínicas Gaspar Viana e Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais (Uredipe), além do Centro de Universitário do Estado do Pará (Cesupa), no campus da avenida Almirante Barroso, onde funciona o curso de Medicina.
No interior do Estado, o atendimento para testagem e tratamento é disponível no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Santarém; no CTA de Marabá; no CTA de Parauapebas; no Hospital Regional do Araguaia, em Redenção e no Hospital Regional de Tucuruí. Para todos esses locais, é essencial que o cidadão seja encaminhado pela Unidade de Saúde mais próxima de sua residência.