Remada ecológica mobiliza voluntários e transforma realidade na APA da Ilha do Combu
Atividade pelos furos e margens da Área de Proteção Ambiental (APA) da Ilha do Combu, na região insular de Belém, se transformou em uma ação coletiva de cuidado ambiental e pertencimento social

A segunda edição da Remada "Caminhos do Arari" reuniu voluntários para uma jornada de limpeza, escuta ativa e mobilização em defesa dos ecossistemas locais. Em um dia de céu aberto e marés de esperança, o que poderia ser apenas mais um passeio pelos furos e margens da Área de Proteção Ambiental (APA) da Ilha do Combu, na região insular de Belém, se transformou em uma ação coletiva de cuidado ambiental e pertencimento social.
A ação é realizada pela Ozone Conexão Natureza, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio). Desde de 2020, o projeto tem somado esforços de instituições públicas, patrocinadores como Recicle e Agência Eko, e apoiadores como a Bein Construções, Alanshaster, Remo Guajará, Geamaz/UFPA e Amazônia Aventura. Com foco na APA da Ilha do Combu, a iniciativa busca promover uma consciência ecológica que vá além do gesto pontual da limpeza, abraçando o esporte, a ciência cidadã e a educação ambiental como eixos estruturantes.

Durante a remada, os participantes - entre moradores, ativistas, atletas e pesquisadores - se dividiram em canoas e pranchas ao longo dos igarapés e furos da ilha, mapeando pontos críticos e recolhendo resíduos sólidos das águas. Todo o material foi posteriormente encaminhado para triagem em Belém, com apoio logístico da Recicle, que também atua na destinação correta dos resíduos e no fortalecimento de cooperativas de reciclagem. A ação reforça o compromisso com a economia circular e a sustentabilidade social.

Satisfação - “A remada é mais do que uma limpeza. É uma experiência de pertencimento, um movimento de reconexão com os rios e florestas que sustentam nossa vida urbana e cultural”, destacou Sylvia Gaioso, idealizadora do projeto. Para ela, iniciativas como essa mostram que é possível aliar lazer, ciência e responsabilidade ambiental de forma transformadora: “O projeto já expandiu e hoje estamos desenvolvendo mais parcerias institucionais para construir algo mais sólido e significativo dentro dessa área de preservação ambiental.”
A última edição, realizada em janeiro deste ano, foi marcada por um importante estudo gravimétrico dos resíduos recolhidos, que permitiu compreender o perfil do lixo que atinge a região. Foram coletados 319,3 quilos de resíduos, dos quais 82,8 quilos eram de vidro e 63,2 de isopor. Os dados acendem o alerta e evidenciam a complexidade da poluição nas águas amazônicas, exigindo soluções adaptadas às especificidades locais.

Conscientização - Para Júlio Meyer, gerente da Região Administrativa de Belém do Ideflor-Bio, a ação reforça a importância da sensibilização pública e da gestão compartilhada dos recursos naturais. “Nosso objetivo é sensibilizar a sociedade para a preservação da Ilha do Combu e para o gerenciamento adequado dos resíduos na cidade. Foi muito bacana ver o engajamento de tanta gente unida em prol de um mesmo propósito”, afirmou.
A atuação integrada das instituições envolvidas também tem gerado impactos concretos na vida das comunidades locais. Além de promover a limpeza das águas, a Remada Caminhos do Arari tem contribuído para a inclusão social, geração de renda por meio da reciclagem e valorização dos saberes tradicionais. Tudo isso reforça o papel da APA da Ilha do Combu como um espaço vivo de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável.
Júlio Meyer conclui afirmando que, a força da união e o ritmo dos remos, os participantes deixam um legado que ultrapassa a superfície das águas. “A cada edição, a Remada Caminhos do Arari reafirma que preservar os rios amazônicos é um dever coletivo — e que cada gesto consciente pode ser uma semente de mudança”, enfatizou o gerente.
Com informações de Ozone Conexão Natureza