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SAÚDE PÚBLICA

Congresso Amazônico de Transplantes é aberto com debate sobre avanços e perspectivas da doação

Evento marca avanço inédito na região Norte na realização de transplantes e destaca a capacitação profissional e o fortalecimento da rede de doação de órgãos

Por Giullianne Dias (SESPA)
09/04/2025 13h51
Congresso debate a importância da doação de órgãos

Começou nesta quarta-feira (9), no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, o I Congresso Amazônico de Transplantes, promovido pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) e Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. O evento, inédito na região, integra a programação do IV Congresso da Santa Casa e reúne especialistas de todo o País para debater os desafios, e transplante de órgãos na Amazônia.

A cerimônia de abertura contou com a presença de autoridades da área, como o coordenador da Central Estadual de Transplantes (CET), Alfredo Abud; o responsável técnico pelo Serviço de Transplante Hepático da Santa Casa, Rafael Garcia; a presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), Luciana Haddad, e a coordenadora-geral do Sistema Nacional de Transplantes, Patrícia dos Santos.

Alfredo Abud: visibilidade e quebra de tabus

Segundo Alfredo Abud, “o congresso vem para disseminar a importância do transplante, não só para sensibilizar a população, mas principalmente os profissionais de saúde, que precisam estar envolvidos. É também uma forma de dar visibilidade ao nosso trabalho e quebrar tabus ainda existentes sobre o tema”. Em seu pronunciamento de abertura, ele ressaltou que “o transplante não é apenas um procedimento técnico. Ele é a mais pura expressão de generosidade, ciência, responsabilidade e compromisso social”.

O evento começou na terça-feira (8), com a realização de cursos pré-congresso voltados à capacitação de profissionais da saúde, abordando temas cruciais, como entrevista familiar, seleção de doadores e diagnóstico de morte encefálica. A programação oficial prossegue até o dia 10 (quinta-feira), com palestras, mesas-redondas, conferências e debates técnicos e científicos.

Captação - De acordo com a Central Estadual de Transplante em 2024, o Pará registrou 11 doadores efetivos, o que permitiu a captação de 26 órgãos (21 rins e cinco fígados) e 22 transplantes no Estado, além de envios interestaduais. No ano anterior, a Central de Transplantes superou as metas pactuadas com o SUS (Sistema Único de Saúde), atingindo 100,5% da meta de doadores efetivos e realizando 634 transplantes de órgãos e tecidos — incluindo 516 córneas, 62 rins, 12 fígados, 28 medulas ósseas e 10 tecidos musculoesqueléticos. Ainda assim, a taxa de recusa familiar no primeiro trimestre de 2025 foi de 58,8%, acima do limite aceitável de 50%, o que reforça a necessidade de ações contínuas de sensibilização.

Rafael Garcia, da Santa Casa: 'soluções conjuntas'

Rafael Garcia destacou a importância do congresso para a integração das equipes da região. “Todos nós enfrentamos os mesmos desafios: recursos humanos especializados, logística e financiamento. Reunir todas as centrais da região Norte para debater soluções conjuntas é essencial para melhorar o cenário dos transplantes”, afirmou.

Luciana Haddad ressaltou a importância do congresso e o avanço na região. Para ela, “eventos como este mostram o potencial da Amazônia. Belém tem ampliado os transplantes e aumentado a doação de órgãos, o que é extremamente importante para estimular a formação de profissionais e a melhoria da qualidade dos serviços”.

Maria Clara Espósito vai levar aprendizado à rede de saúde do oeste do Pará
Experiências - De Santarém, a enfermeira nefrologista Maria Clara Espósito também participou do congresso com a missão de levar novos aprendizados ao oeste do Pará. “Queremos melhorar a logística e o acesso dos pacientes ao transplante. A troca de experiências aqui é fundamental para fortalecer o que já fazemos, e ampliar as possibilidades na nossa região”, disse a profissional.

Para Patrícia dos Santos, a mobilização vista em Belém demonstra que é possível superar os desafios. “Antes, falar de transplantes complexos na Amazônia parecia impossível. Hoje, estamos mostrando que é viável, com organização e compromisso. São tarefas que precisamos abraçar com responsabilidade”, enfatizou.

O I Congresso Amazônico de Transplantes também está em consonância com a nova Lei nº 14.722, que institui a política nacional de conscientização sobre doação de órgãos e tecidos, e representa um marco na consolidação da rede de transplantes na Amazônia, promovendo um futuro mais acessível e digno para quem aguarda pela oportunidade de recuperar a qualidade de vida.