Educação bilíngue transforma realidade de estudantes surdos em Belém
Escola estadual se destaca como modelo de inclusão e acessibilidade, aliando Libras e ensino de qualidade na alfabetização infantil
Em uma sociedade que avança rumo à inclusão plena, uma escola da rede pública estadual do Pará além de se destacar, tem se consolidado como referência nacional na educação bilíngue voltada para surdos. A Escola Estadual de Tempo Integral Bilíngue de Surdos Prof. Astério de Campos, localizada na capital paraense, Belém, alia o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) ao uso de materiais didáticos adaptados, promovendo alfabetização de qualidade para todos os seus estudantes.
Com o programa "Alfabetiza Pará", do Governo do Estado, executado por meio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a unidade trabalha com materiais próprios e estratégias específicas que garantem o desenvolvimento da leitura e escrita, respeitando as particularidades linguísticas dos alunos surdos.
"Alfabetização é prioridade. Estamos investindo em materiais didáticos, formações e ações estruturantes para garantir que nossas crianças aprendam na idade certa. Saber ler e escrever é o início de tudo. O trabalho da Escola Astério de Campos mostra como é possível garantir acessibilidade e qualidade ao mesmo tempo", afirma o secretário de Educação do Estado, Rossieli Soares.
A proposta pedagógica da unidade de ensino é inclusiva desde a base, com atendimento de estudantes surdos e ouvintes, com o respeito à diversidade linguística e cultural. As aulas são ministradas por professores fluentes em Libras, utilizando recursos visuais, jogos e imagens para facilitar o aprendizado.
"Os livros geralmente têm uma base fonológica muito forte, o que exige uma adaptação para o contexto visual dos estudantes surdos. Utilizamos imagens como base, especialmente nos anos iniciais, quando os alunos estão em processo de aquisição da Libras e da Língua Portuguesa", explica a professora Janete Bastos, do 2º ano.
O Alfabetiza Pará é um dos principais programas da Seduc, com materiais alinhados à cultura paraense e diversos gêneros textuais, como receitas, lendas e brincadeiras. O objetivo é tornar o conteúdo mais próximo da realidade dos alunos, reforçando vínculos com a cultura local.
"Na sala de aula, estudo vários livros com figuras bem divertidas. As aulas são muito legais", conta a aluna Valentina Elleres, do 2º ano do Ensino Fundamental.
Além dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, a escola oferece Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Atendimento Educacional Especializado (AEE). A unidade também executa diversos programas estaduais, como Prepara Pará, Fluência Leitora, SisPae e Prova Saeb, sempre com adaptação para Libras, garantindo que os alunos surdos participem plenamente.
"Nossa matriz curricular é adaptada para garantir o acesso ao conteúdo por meio da Libras. Disciplinas como Língua Portuguesa, Biologia e Matemática passam por um processo de flexibilização. Aqui, nenhum aluno fica de fora das ações do Estado", destaca a diretora Francismara Pamplona.
A escola desenvolve também, oficinas, projetos culturais e atividades com a comunidade escolar, incentivando o uso cotidiano da Libras e promovendo o protagonismo dos estudantes surdos. Com o trabalho inovador, a unidade se firma como um exemplo de como a educação pública pode ser acessível, equitativa e transformadora.