Comissão federal de agricultura discute no Hangar incentivo à produção de cacau
O incentivo ao crescimento da produção brasileira de cacau e as ações para frear a queda no movimento das indústrias de processamento foram temas do debate que trouxe a Belém a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal, nesta sexta-feira (18), para a programação técnica do Festival Internacional de Chocolate e Cacau da Amazônia e Flor Pará, que seguem até domingo (20), no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia.
O fortalecimento da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e a inclusão do cacau na política de preço mínimo do governo federal fazem parte do conjunto de medidas que a Comissão de Agricultura do Senado vai propor ao governo federal para dinamizar a cadeia produtiva do cacau no país. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de chocolate, atrás da Alemanha e Estados Unidos. Já foi exportador de cacau, mas hoje importa matéria-prima para atender a demanda das indústrias.
O secretário executivo da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Walter Tegani, informou que não há previsão de recuperar, neste ano, a queda de 6% no processamento em decorrência da retração de 30% no consumo durante a melhor época de venda, a Páscoa. “Se tivermos que usar mais cacau, o preço vai aumentar e as vendas cairão mais ainda”, alertou. O projeto da senadora Lídice da Mata (PSB-BA) que aumenta de 25% para 35% o teor de cacau no chocolate está em tramitação no Congresso Nacional.
Fortalecimento – O Pará, segundo maior produtor brasileiro de cacau, representa a esperança de revitalização da cultura, com um crescimento de 13% ao ano e a meta de superar a Bahia até 2023. Para isso são necessárias medidas como a reestruturação da Ceplac e o fortalecimento da assistência técnica, apelou o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca, Hildegardo Nunes. “Deixar morrer a Ceplac é um crime de lesa pátria porque temos aqui o maior banco de germoplasma do país e esse trabalho não pode acabar”, defendeu.
O produtor Ivan Dantas, que preside o sindicato rural de Medicilândia, município que mais produz cacau no país, disse que será difícil sobreviver sem a Ceplac, pois os produtores não terão a quem recorrer nos momentos de dificuldade na plantação. “Tenho esperança que essa comissão vai achar uma saída para que os produtores não fiquem sem assistência”, disse. A deputada federal Julia Marinho (PSC-PA), que preside a Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra), defendeu a necessidade de maior estudo sobre a produção de cacau.
Para a presidente da Comissão de Agricultura do Senado, senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), o clamor em defesa da Ceplac é justo porque uma atividade que movimenta R$ 12 bilhões por ano é importante para o país. “Não podemos matar a galinha dos ovos de ouro da nossa economia”, frisou. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) que trouxe o debate da comissão federal para Belém, disse que a discussão vai continuar em Brasília “porque a Ceplac é importante para um país que se sustenta na agricultura”.
A inclusão do cacau na política de preço mínimo do governo federal é a alternativa apontada para corrigir as distorções no valor do produto e penalizam o agricultor. Enquanto o custo do mercado chega a R$ 14 o quilo, nas estradas vicinais de Medicilândia, por exemplo, o comprador quer pagar até menos da metade desse valor. “Os armazéns estão abarrotados e o agricultor corre o risco de perder a produção”, informou Ivan Dantas.
O vice-governador Zequinha Marinho também participou do debate junto com o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia, Adnan Demacki, o diretor geral da Ceplac, Helinton Rocha, produtores e empresários do Pará e Bahia.