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CULTURA E EDUCAÇÃO

Fundação Cultural do Pará inicia projeto de valorização e resgate da memória quilombola

A primeira edição da oficina “Memorial do Quilombo do Cacau” atende crianças e jovens da comunidade localizada na região do Guamá

Por Aycha Nunes (FCP)
24/03/2025 16h12

Fortalecer o processo identitário além de estimular e desenvolver a prática de leitura. Estes são os objetivos do trabalho desenvolvido pela Fundação Cultural do Pará (FCP) no quilombo do Cacau, comunidade remanescente de quilombo no município de Colares, no Pará. A ação integra o "FCP por Todo Pará", programa de arte e cultura para fortalecer a produção em diversas linguagens artísticas e manifestações identitárias.

No quilombo do Cacau, as atividades iniciaram nesta segunda-feira (24) e seguem até a próxima sexta-feira (28). A oficina "Memorial do Quilombo do Cacau" é conduzida pela professora e moradora do quilombo, Aleci Moura, e ocorre na escola do quilombo.

Aleci Moura - educadora quilombola

"O objetivo é desenvolver a prática da leitura e da escrita literária nos quilombolas, por meio das atividades que estão sendo propostas na oficina. Um dos objetivos do trabalho é criar o caderno do quilombo com algumas poesias relacionadas ao passado e ao presente da comunidade e com isso desenvolver um novo olhar educativo no território que vivemos", detalha Aleci Moura.

Valorização - A oficina "Memorial do Quilombo do Cacau" envolve o público em atividades que incluem criação de versos, contação de histórias, leitura de poemas, passeio ecológico e roda de dança e música. O conteúdo programático foi construído a partir de diálogos entre a FCP e a representante da comunidade quilombola, Aleci Moura.

"É essencial que o projeto nasça da comunidade. Afinal, o objetivo é valorizar a cultura local. Por isso, tudo é feito a partir da realidade do local que irá receber a equipe da FCP, começando com a valorização e contratação de profissionais capacitados das próprias comunidades para desenvolverem oficinas que identificam e colaboram com os objetivos do projeto", explica Semias Araújo, técnico em gestão cultural da FCP.

Antônio de Lima e o filho André

Antônio de Lima, morador do quilombo, acompanhou o filho André, de 8 anos, no primeiro dia de oficina. "Estamos muito felizes em receber este projeto na nossa comunidade. O resgate e a valorização de nossa cultura é essencial para a preservação de nossa história. Tem muitas pessoas que vivem no quilombo do Cacau, mas não conhecem a história do lugar, não sabem o que significa quilombo e nem o porquê deste nome", ressalta o quilombola.

Ao toso 20 crianças e adolescentes com idades entre 8 e 14 anos participam da oficina. O número representa 13% da população do quilombo que possui 156 moradores.

Pioneirismo - "O 'FCP por todo Pará' foi criado para democratizar o acesso à cultura e permitir que os paraenses tenham uma melhor qualidade de vida, pois entendemos que é por meio do conhecimento que alcancemos indicadores socioeconômicos mais positivos para uma sociedade. Este ano, a novidade do programa está no desenvolvimento de um projeto específico para as comunidades remanescentes quilombolas, garantindo a estas o pleno exercício dos seus direitos culturais e acesso às fontes de cultura estadual e o resgate de sua memória. Vale ressaltar ainda que o projeto contribuí e fortalece o Decreto n° 4.372 de 6 de dezembro de 2024, que Institui a Política Estadual para Comunidades Quilombolas", ressalta o presidente da Fundação Cultural do Pará, Thiago Miranda.

Desde 2019, o Governo do Pará entregou 44 títulos comunitários e beneficiou 3.801 famílias quilombolas com a regularização fundiária de mais de 73 mil hectares. Os dados apontados pelo Instituto de Terra do Pará (Iterpa) reforçam que o governo paraense é pioneiro na regularização de terras quilombolas, considerado o Estado com maior entrega de títulos coletivos de terra para povos e comunidades tradicionais.