Fapespa discute em evento nacional desafios e soluções ao futuro da pesquisa na Amazônia
O enfrentamento às mudanças climáticas está no centro das discussões, em conexão à agenda da COP 30, que ocorrerá em Belém
Lideranças do Brasil em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) debatem pautas estratégicas no 67º Fórum Nacional do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), do qual faz parte a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). A proposta é encontrar soluções para o Brasil, por meio da pesquisa científica, entre as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs). Iniciado na última quarta-feira (19), em Macapá, capital do Amapá, o encontro prossegue até sábado (22).

O Fórum também promove e estimula a colaboração entre as FAPs e o debate sobre grandes desafios e soluções nas áreas estratégicas para o futuro da pesquisa no País. As fundações têm uma série de projetos em conjunto, em especial o “Amazônia+10”, iniciativa que apoia a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico sobre a floresta tropical, as interações natureza-sociedade e o desenvolvimento sustentável e inclusivo da região.
Em relação à presença do Pará no 67º Fórum Nacional do Confap, o presidente da Fapespa, Marcel Botelho, disse que o Estado pode avançar ainda mais no cenário da sustentabilidade ao sair à frente no Brasil, em 2022, com o lançamento do Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio), e das propostas de políticas socioambientais, economia de baixo carbono e valorização do conhecimento tradicional.

“Hoje, o governo federal está estabelecendo a Política Nacional de Bioeconomia, na qual somos o representante no Confap nesta Comissão, que elabora esse documento. Uma reunião, a exemplo dessa do Confap, que tem representantes de todo o País, do governo federal, é momento adequado para mostrarmos que na Amazônia se faz pesquisa de qualidade, que nós temos instituições extremamente qualificadas, mas que precisam de apoio financeiro para melhorar a sua infraestrutura”, avaliou Marcel Botelho.
A escolha da sede do evento na região Norte foi recebida com entusiasmo por pesquisadores, cientistas, alunos de mestrado e doutorado, e jovens pesquisadores, principalmente em Belém, que sediará a COP 30 (conferência mundial sobre mudanças climáticas), em novembro deste ano, e também pela proximidade geográfica, cultural e de costumes, historicamente cultivada entre Amapá e Pará.

Interação com a COP 30 - Com a COP 30 na capital paraense, os organizadores incluíram na programação oficial do 67º Fórum a interação de temas do encontro com o panorama da sustentabilidade, inovação e a função estratégica da pesquisa diante dos desafios das mudanças climáticas.
A programação oficial teve ainda um painel com parceiros da União Europeia (UE), a exemplo da Bélgica e Itália, apresentando possíveis parcerias para este ano, incluindo a COP 30, e também para os próximos anos, já que a conferência busca alcançar um desenvolvimento mais justo e sustentável.
“É um projeto que une 25 das 27 FAPs, destinado a encontrar soluções aos problemas de geração de produtos para a Amazônia, em parceria com todo o Brasil. Agora, no Amapá temos a oportunidade de receber representantes da região das Guianas. Temos a Guiana, a Guiana Francesa e o Suriname discutindo a Amazônia dentro do conceito da Pan-Amazônia. Também discutimos de que forma esses outros países podem somar, ao longo desse processo de geração de conhecimento, em novas tecnologias e uso da biodiversidade dessas regiões tão fantásticas, mas também preocupados com qualidade de vida para nossas populações”, destacou Marcel Botelho.

Vice-presidência no Confap - Nesta sexta-feira (21), durante o Confap, foram eleitos os novos dirigentes da entidade. As escolhas resultaram de um consenso entre os representantes regionais e a representação nacional.
No rodízio em 2025, Marcel Botelho, deixa a representação na direção do Conselho da região Norte para assumir a vice-presidência nacional do Confap. O diretor-presidente da FAP do Mato Grosso do Sul (MS), Márcio Pereira, assumiu a presidência. Na ocasião, também foi realizada a eleição dos outros cinco dirigentes, das regiões Norte, Centro-Oeste, Sul, Sudeste e Nordeste. Pela primeira vez, há duas representações da Amazônia Legal.
“Penso que a eleição de dois representantes, um do Centro-Oeste e outro do Norte, abrangendo os biomas da Amazônia e do Pantanal, é uma mensagem clara dos dirigentes do Confap de que essas regiões precisam ser valorizadas e priorizadas no momento do investimento para Ciência e Tecnologia. A prioridade será buscar ainda mais sinergia e investimento para o fomento do ecossistema de pesquisa e inovação amazônica, fortalecendo nossas instituições e formando, cada vez mais, mão de obra qualificada, com a graduação de mestres e doutores, para trabalhar pelo desenvolvimento sustentável e desenvolvimento de uma bioeconomia forte”, avaliou Marcel Botelho.

Parcerias Internacionais- Em Macapá, pela primeira vez, representantes da “Região das Guianas” - Guiana, Guiana Francesa e Suriname -, enviaram representantes para discutir a Amazônia no conceito da Pan-Amazônia. Delegações que têm visitado com frequência a sede da Fapespa em Belém para conhecer os projetos em andamento nas áreas de pesquisa, inovação e bioeconomia, com o apoio do Governo do Pará.
“Se discute com esses parceiros de que forma esses países, vizinhos da Amazônia, podem somar, ao longo desse processo de geração de conhecimento, de novas tecnologias e o uso da biodiversidade dessas regiões tão fantásticas, sem esquecer a preocupação com melhoria da qualidade de vida às nossas populações”, enfatizou o gestor da Fapespa.
A edição do Confap no Amapá também contou com a participação de representantes dos principais organismo do governo federal de apoio e fomento à Ciência, Pesquisa, Tecnologia e Inovação no Brasil.
Entre esses parceiros estão a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Centro de Estudos Estratégicos, uma Organização Social (OS) que apresentou estudos sobre a Amazônia como indutora de novas pesquisas,. A iniciativa é das FAPs, governos estadual e federal, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).