Material genético bovino adquirido pela Sedap é aprovado por laboratório da UFPA
A análise mostrou que a maioria do sêmen de touros de alto valor genético está apta à fertilização, para ser utilizado no processo de inseminação artificial do rebanho da região

O material adquirido pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), proveniente de touros de alto valor genético, apresenta resultados satisfatórios e está apto à fertilização. As análises foram realizadas pelo laboratório de Fertilização In Vitro da Universidade Federal do Pará (UFPa) "Prof. Dr. Otávio Mitio Ohashi", com o qual a secretaria mantém um Termo de Cooperação Técnica.
A Secretaria Agropecuária adquiriu o material genético no ano passado e, desde então, já repassou quase 10 mil doses de sêmen bovino para prefeituras que enviaram ofícios solicitando a doação, acompanhados de um plano de trabalho submetido à Sedap via protocolo. Além disso, a instituição destinou 5 mil doses à UFPa para a análise dos sêmens dos touros de alto valor genético.
Conforme a coordenadora do laboratório da UFPa, Profa. Dra. Simone Damasceno, a partir da análise do sêmen repassado pela Sedap, foi realizada a produção de embriões utilizando a técnica de fertilização in vitro. Segundo a especialista, foi feita uma avaliação morfológica do material, e os embriões resultantes estão criopreservados (processo de congelamento).

"A maioria do sêmen analisado está apta para a fertilização e pode ser utilizada na inseminação artificial do rebanho da região. Além disso, conseguimos embriões de boa qualidade. Essa é uma ótima notícia para os produtores e um investimento significativo do Governo do Estado, que certamente contribuirá para o desenvolvimento da produção e da economia local", destacou a pesquisadora.
A parceria estabelecida por meio do Termo de Cooperação entre a Sedap e a UFPa reforça o papel da Universidade na disseminação do conhecimento, como enfatizou a vice-coordenadora do laboratório "Prof. Dr. Otávio Mitio Ohashi", professora Nathalia Almeida. Ela ressaltou que a instituição trabalha com biotecnologia reprodutiva e que, além do benefício aos produtores, o material doado pela Sedap também é utilizado nas pesquisas de graduação e pós-graduação da universidade.

"O material que recebemos já foi avaliado quanto à capacidade de fecundação in vitro, o que comprova que o sêmen foi bem aprimorado pela Sedap e pode ser utilizado em outras biotecnologias reprodutivas", assegurou.
O Termo de Cooperação Técnica estabelece que a UFPa realize as análises do material genético, enquanto a Sedap fica responsável pelo fornecimento das 5 mil doses de sêmen para os trabalhos no laboratório da universidade, conforme explicou o médico veterinário Augusto Peralta, integrante do Programa de Melhoramento Genético Animal da Sedap.
“Esse termo nos permite verificar a viabilidade do sêmen, garantindo segurança e satisfação aos nossos usuários, que são as prefeituras e, principalmente, os pequenos produtores do estado”, detalhou.

Satisfação com os resultados
Os primeiros resultados apresentados pela UFPa em relação à conservação e fecundidade do material foram muito bem recebidos pela Sedap, conforme destacou Augusto Peralta.
“Ficamos satisfeitos ao constatar que o método de conservação adotado pela Sedap está correto e que estamos distribuindo um sêmen de qualidade. Isso é fundamental, pois o material está sendo aproveitado tanto pela academia quanto pelos produtores”, avaliou.
A equipe do programa, vinculada à Coordenadoria de Produção Animal (Copam), realizará visitas às propriedades que receberam o material genético para acompanhar os resultados. O trabalho terá início no município de Pau d’Arco (Região de Integração do Araguaia), primeiro a receber a doação da Sedap no ano passado. Segundo Peralta, o sêmen adquirido é proveniente de touros das raças Girolando, Holandês, Angus e Nelore, sendo que as duas últimas são voltadas para a produção de carne.
Qualidade e conservação do material
O sêmen obtido e distribuído pela Sedap é destinado tanto a bovinos de aptidão leiteira quanto de corte, conforme explicou a médica veterinária Anelise Ramos, integrante da equipe da Copam. Segundo ela, o material é armazenado em botijões criogênicos, que passam por controle de segurança semanal, com medição do nitrogênio utilizado na manutenção da qualidade genética.
“A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) exige um sêmen criopreservado, ou seja, congelado e mantido em temperatura adequada dentro do botijão criogênico”, explicou.

Na visita programada ao município de Pau D’Arco, a equipe do Programa de Melhoramento Genético da Sedap irá avaliar, entre outros aspectos, a taxa de nascimento dos bezerros resultantes da inseminação.
“Nossa expectativa é realizar essa visita no segundo semestre, após os nove meses da inseminação, para verificar a taxa de nascimento. Normalmente, a IATF apresenta uma taxa de sucesso entre 50% e 70%, e esperamos alcançar um índice satisfatório”, concluiu a especialista.