Workshop desenvolve ‘Protocolo de Monitoramento da Biodiversidade’ em duas Unidades de Conservação
O objetivo principal do protocolo é investigar os fatores que estruturam as comunidades de animais e plantas nas UCs Esec Grão-Pará e Rebio Maicuru
Pesquisadores e representantes de comunidades indígenas se reuniram, na última semana, na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) para desenvolver um Protocolo de Monitoramento da Biodiversidade nas Unidades de Conservação (UCs) Esec Grão-Pará e Rebio Maicuru. Sob a gestão do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), as áreas protegidas são estratégicas para a conservação da Amazônia. A iniciativa, conduzida pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e pelo Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), integra um programa de longo prazo, com duração de 15 anos.
O objetivo principal do protocolo é investigar os fatores que estruturam as comunidades de animais e plantas nas UCs, avaliando também os impactos das mudanças climáticas e de atividades humanas, como caça, pesca e garimpo ilegal. O encontro possibilitou uma troca enriquecedora entre diferentes saberes: enquanto biólogos compartilharam suas metodologias científicas, os indígenas, com seu conhecimento tradicional, desempenharam um papel essencial fornecendo informações sobre os diferentes ecossistemas da região e as dificuldades de acesso aos ambientes para as expedições.
A proposta do monitoramento é ampla, abrangendo o mapeamento da biodiversidade, a ecologia das espécies e os impactos ambientais. A integração de diferentes abordagens permitirá uma visão mais detalhada dos ecossistemas, contribuindo para a formulação de estratégias eficazes de conservação. Além disso, busca-se fortalecer a participação das comunidades locais na gestão das UCs, garantindo que suas práticas e conhecimentos sejam reconhecidos e valorizados.
Apoio - O projeto conta com financiamento do programa Grande Tumucumaque e do programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), assegurando os recursos necessários para a realização do monitoramento contínuo. Com o apoio dessas instituições, será possível garantir a capacitação de monitores locais, a aquisição de equipamentos e a realização de expedições científicas para coleta de dados.
A importância da iniciativa vai além da pesquisa científica, fortalecendo a cooperação entre diferentes setores e promovendo a troca de saberes entre acadêmicos e povos indígenas. “A união de esforços entre pesquisadores e indígenas é fundamental para construir um futuro equilibrado, onde a conservação da natureza e o respeito às culturas locais caminhem lado a lado”, destacou o gerente da Região Administrativa da Calha Norte 3 do Ideflor-Bio, Neto Vasconcelos, que é responsável pelas duas UCs.
Suporte - O protocolo de monitoramento se tornará uma ferramenta essencial para a proteção da biodiversidade amazônica. Além de identificar ameaças ambientais, os dados coletados servirão como base para políticas públicas voltadas à conservação. A parceria entre instituições científicas, governo e comunidades tradicionais reforça a importância de uma abordagem colaborativa na preservação dos recursos naturais.
Para os povos indígenas, que há séculos mantêm uma relação de equilíbrio com a floresta, a iniciativa representa uma oportunidade de ampliar sua atuação na proteção do território. Combinando conhecimento tradicional e científico, o monitoramento permitirá a implementação de ações mais eficazes para garantir a integridade dos ecossistemas.
O desenvolvimento deste protocolo marca um avanço significativo na gestão ambiental da Amazônia, destacando a necessidade de unir ciência, saberes ancestrais e políticas públicas para enfrentar os desafios da conservação. Com um planejamento a longo prazo, a expectativa é que a iniciativa contribua para a manutenção da biodiversidade e para o fortalecimento das comunidades que dependem dos recursos naturais da floresta.