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Investidores russos conhecem o projeto da Ferrovia Paraense

Por Redação - Agência PA (SECOM)
24/10/2017 00h00

Uma reunião técnica no Rio de Janeiro nesta segunda-feira, 23, apresentou o projeto da Ferrovia Paraense a investidores russos. Os empresários são diretores da RZD, estatal responsável pelo transporte de milhares de toneladas de cargas e milhões de passageiros na Rússia e em vários países do mundo, detentora de uma malha ferroviária de 86 mil quilômetros. No auditório de um hotel no bairro do Flamengo, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia do estado do Pará (Sedeme), Adnan Demachki, falou aos investidores russos Andrey Grenenyuk, diretor da RZD para a América Latina; Boris Aksenov, consultor financeiro e; Bernardo Figueiredo, representante da estatal russa no Brasil. A diretora de Concessões da Sedeme, Marily Germano, e o consultor em logística de transportes, Frederico Bussinger, também participaram da reunião. Após a primeira explanação, um debate de quase duas horas e meia pautou a reunião.

Referência mundial em logística ferroviária, os russos da RZD já mostraram interesse nos projetos ferroviários brasileiros. A estatal russa é uma das empresas interessadas na concessão do trecho de cerca de 1,5 mil quilômetros da ferrovia Norte-Sul, entre Açailândia (MA) e Estrela D’Oeste (SP). Grupos da China e da Espanha também manifestaram interesse no projeto. Apesar de estratégica, por acessar importantes regiões produtoras de grãos e fazer a interligação entre o Norte e o Sul do país, a ferrovia federal não tem acesso direto a nenhum porto. Já a ferrovia paraense contempla em seu projeto, desde o início, o acesso ao Porto de Vila do Conde, em Barcarena, na Região Metropolitana de Belém.

Durante o encontro, os representantes russos manifestaram interesse principalmente em detalhes técnicos da ferrovia paraense, especialmente sobre a ligação da ferrovia com o Porto de Vila do Conde. Outro assunto muito abordado foi quanto ao tipo de contrato que as empresas terão com o governo do Pará na exploração da ferrovia.

Para o diretor da RZD, Andrey Grenenyuk, “é incrível que autoridades brasileiras não tenham tomado essa decisão de criar uma ferrovia como essa desde o século passado, pois o projeto já se mostrou de extrema importância para o desenvolvimento do Norte do país”. “Diante do que vimos aqui, completou Grenenyuk, vamos rever nosso cronograma de avaliações de projetos em logística para analisar seriamente o projeto da Ferrovia Paraense”.

Para o secretário Adnan Demachki, o encontro foi extremamente positivo. “O fato dos investidores russos admitirem que o projeto da Ferrovia Norte-Sul não pode mais ser visto isoladamente, pois existe um projeto complementar e fundamental, com a inclusão de um porto, que é Vila do Conde, mostra que estamos no caminho certo e que nosso projeto é viável e ganha cada vez mais interesse dos investidores internacionais”, disse o secretário.

Há um mês, em Pequim, capital da China, o mesmo projeto foi apresentado pelo governador Simão Jatene e pelo secretário Adnan a uma plateia formada por lideranças governamentais, diretores de empresas estatais e investidores privados dos cinco países membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O governador foi o representante do Brasil no painel "Visão e Planejamento: desenvolvimento sustentável no setor de transportes do Brics".

A rede ferroviária gerida pela RZD tem quase 86 mil km de ferrovia, dos quais cerca de metade são eletrificadas. Pelo comprimento total das ferrovias, a Rússia ocupa o segundo lugar no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Pelo comprimento das ferrovias eletrificadas (43.000 km), a Rússia ocupa o 1° lugar no mundo. A maioria das ferrovias da Rússia é controlada pela “Ferrovias Russas – RZD” (Russian Railways). Uma das ferrovias operadas pela RZD é a icônica e desafiadora Ferrovia Transiberiana.

Fundada em 1842, a RZD possui hoje 20,9 mil locomotivas em ação, transporta 35,3 mil carros de passageiros (1,3 milhão de passageiros/ano), 189,9 mil vagões de carga (1,3 bt/ano de carga) e tem 1,2 milhão de funcionários. Desde 1964 passou a operar em outros países do mundo por meio da “RZD International”.

Ferrovia Paraense

A Ferrovia Paraense terá 1.312 quilômetros, conectando-se à Ferrovia Norte-Sul e chegando ao Porto de Barcarena, que no Brasil é o mais próximo dos grandes mercados consumidores, como China, Europa e Estados Unidos. A ferrovia irá cruzar 23 municípios paraenses e terá capacidade de carga de até 170 milhões de toneladas/ano.

A interligação da Ferrovia Paraense com a Norte-Sul, num trajeto de apenas 58 quilômetros entre Rondon do Pará e Açailândia (MA), abre caminho para uma nova alternativa de escoamento de carga em um porto paraense, o que é, de acordo com o Governo do Pará, um dos atrativos do projeto para a iniciativa privada.

A Ferrovia Paraense terá capacidade para o escoamento de até 170 milhões de toneladas, indo do Pará até o Porto de Barcarena, na Região Metropolitana de Belém, em 1.500 km de extensão. Estimada em R$ 14 bilhões, o diferencial desta ferrovia, comparado com outros projetos, é a quantidade de carga que justifica o seu escoamento e o destino da mesma.