Escolas e projetos do Estado usam a leitura como ferramenta de ensino
Com o tempo corrido e a tecnologia agregando praticidade à vida das pessoas, muita gente se pergunta: qual o futuro dos livros? Será que eles estão fadados a sumir das prateleiras? Livros não faltam e nunca faltaram na Escola Estadual de Ensino Fundamental Nossa Senhora de Fátima I, em Belém. Mesmo sendo pequena, a instituição, que atende crianças da primeira a quinta série, faz questão de conservar o hábito da leitura.
A diretora Virgínia Benjamin conta que vários projetos foram implantados a fim de incentivar a prática não só nos alunos, como também nos pais. Para ela, investir em leitura é motivar a cidadania. “Não pode haver um cidadão sem leitura, sem conhecer o mundo. Através do livro, do conhecimento, da viagem, ele vai se construindo”, opina. Ao longo do ano letivo, ações como o Circuito da Leitura, Leitura no Lar e o Banquete da Leitura preenchem o tempo de aula e o tempo livre dos alunos e, consequentemente, da família. Os resultados já começam a aparecer.
Jean Junior tem 10 anos e é aluno da terceira série. Orgulhoso, ele mostra o livro mais recente que leu: “Viviana: A rainha do pijama”. Apaixonado pelas sensações que o hábito proporciona, o estudante enfatiza quem é sua maior incentivadora na hora de folhear um livro: “Minha mãe. Eu leio para ela, depois ela lê para mim, corrigindo o que li errado”.
Mesmo na era da internet, redes sociais e jogos eletrônicos, são os livros os grandes companheiros de homens e mulheres na hora de lazer e descanso, independentemente da idade. Professora da rede estadual de ensino há sete anos, Ana Rosa Diamantino acredita que é possível unir as duas coisas, sem radicalismos. “Vivemos na era digital, não temos como escapar. É atrativo para a criança. Temos que saber associar um ao outro”, assinala.
Estímulo – A experiência de Paula Sena à frente da coordenadoria da Caravana da Leitura, projeto da Fundação Cultural do Pará (FCP), mostra que o paraense é um povo frequentador de livrarias e consumidor de livros. “Temos esse projeto há mais de 30 anos”, conta. A caravana consiste em um ônibus itinerante que leva ao interior do Estado livros, teatro, cultura, informação e conhecimento. A proposta é tornar este veículo uma extensão da biblioteca pública Arthur Viana, uma das mais antigas e completas do Pará. “O objetivo é democratizar o acesso ao livro e promover a leitura”, defende Paula.
Ao todo, mais de 200 crianças, na faixa etária de 7 a 12 anos, são apresentadas a novas literaturas todos os dias durante a visita da Caravana da Leitura aos municípios. Nos próximos dias, cidades da região nordeste do Pará, como Salinas, Primavera, Santa Luzia do Pará e Cachoeira do Piriá vão receber o projeto, que conta com sete profissionais envolvidos in loco.
Sentidos – Hoje em dia, já existem livros para bebês, livros para brincar na hora do banho, livros de pano para que as crianças possam explorá-los com segurança, além de livros com estímulos sonoros. Táteis e visuais. Quanto mais cedo o livro for apresentado para a criança, maiores são as chances dela se tornar leitora assídua.
A leitura, de um modo geral, pode trazer inúmeros benefícios para o homem. Ler é um hábito saudável que nutre a imaginação, desperta a criatividade e torna o ser humano crítico e bem informado, além de alimentar a pessoa com informação, vocabulário, construção textual e histórias. Mas não é só isso. Folhear um livro tem seu encanto. Segundo Ariele Piedade, coordenadora do Sistema Estadual de Bibliotecas Escolares (Siebe) da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), mesmo com a tecnologia existente e a opção de ler no computador, o cheiro do livro ainda atrai. Tocar, sentir um livro novo é muito diferente do que ver digitalmente. Por isso, para ela, implantar bibliotecas ainda é algo atraente.
De acordo com o Siebe, o Pará conta com mais de 500 bibliotecas espalhadas pelas escolas da rede estadual de ensino – fora as bibliotecas públicas, como a Arthur Viana, a Casa da Leitura, Casa da Linguagem e muitas outras. São mais de um milhão de títulos disponíveis ao público.
A Fundação Cultural do Pará, por meio da diretoria de leitura e informação, tem entre as missões fomentar a leitura e garantir o acesso à informação a todos os cidadãos paraenses. Por isso, além da Caravana da Leitura, há ainda oficinas de mediação, em que professores da rede pública são orientados no sentido de melhor incentivar o hábito, fazendo com que a leitura seja muito mais que um ofício da escola – seja um prazer que ultrapassa os muros. “A leitura é um braço da educação. É uma forma de posicionar o cidadão no contexto social e cultural”, completa a diretora de Leitura e Informação da FCP, Gisele Arouck.
O livro, seja ele impresso ou digital, deve oferecer cultura, informação e conhecimento. As tecnologias não vieram para substituí-lo das prateleiras, mas sim para ajudar na construção de novos leitores, já que um bom livro de papel é lembrança para a vida toda.