ADEPARÁ e SEAF apresentam ações emergenciais de combate à vassoura-de-bruxa da mandioca para agricultura familiar
Doença já está presente no Amapá. No Pará, ações serão intensificadas para evitar que o fungo seja introduzido em território paraense
Representantes de mais de 60 entidades ligadas à agricultura familiar participaram, nesta quinta-feira (13/02), no auditório da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARÁ), em Belém, no evento “Vassoura de Bruxa da Mandioca - Ações Emergenciais de Defesa Sanitária”, onde foram apresentadas as principais medidas para evitar a ocorrência da doença no Pará, maior produtor nacional.
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O evento foi transmitido pelo canal oficial da ADEPARÁ no YouTube e contou de forma remota com 64 entidades que integram o Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRS) em diversas regiões do estado, alcançando mais de 300 visualizações.
Na abertura, o diretor-geral da ADEPARÁ, Jamir Macedo falou sobre os grandes desafios da defesa vegetal no Estado.
“Nós temos uma atuação forte contra a monilíase (praga do cacaueiro), realizando fiscalização intensa. Nós fazemos vigilância constante no controle da mosca da carambola com atuação prioritária contra essa praga, inclusive com reconhecimento do Mapa. E, agora, instituímos como prioridade a atuação frente à vassoura de bruxa da mandioca. Nosso trabalho, como órgão estadual de defesa, é atuar para que essas doenças não entrem no estado e não causem prejuízos para a nossa produção agrícola, prevenindo essa doença conseguimos cumprir com a nossa atividade fim, que é proporcionar o desenvolvimento do setor produtivo do Pará”, disse.
Ele destacou as medidas legais e ações preventivas na divisa do Pará com o Amapá, onde cinco postos fixos de fiscalização agropecuária estão em alerta. “Nós já intensificamos a fiscalização na zona de fronteira, trabalho em conjunto com o MAPA. Vamos intensificar as visitas às propriedades rurais, orientar os produtores.Também vamos intensificar o trânsito agropecuário para verificar se não tem material vegetal de maniva de área de ocorrência entrando no estado. Está vigente uma portaria que impede o fluxo de produtos da mandioca do Amapá para cá. Então, todas as ações estão sendo intensificadas neste momento para evitar a entrada desta praga no Pará”, ressaltou Jamir Macedo, diretor-geral da ADEPARÁ.
No evento, setores da ADEPARÁ responsáveis pela fitossanidade - Diretoria de Defesa e Inspeção Vegetal e Gerência de Pragas Quaternárias - explicaram sobre o fungo causador da doença e ressaltaram a importância da construção de um plano de trabalho coletivo de prevenção.
A fiscal agropecuária Thaís Leão, responsável técnica do programa estadual de prevenção à vassoura de bruxa da mandioca, detalhou as principais ações planejadas e o panorama da cadeia produtiva no estado.
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"Nós sabemos pouco sobre esse fungo , então nós precisamos conter pelo menos a entrada de possíveis disseminadores da praga, que são as partes do vegetal vindo dessas áreas de ocorrência”, frisou a fiscal.
Nova praga - Atualmente, a praga está presente em seis municípios do Amapá. A Gerente de Pragas Quarentenárias, Maria Alice Thomaz, ressaltaque “a praga não tem qualquer relação com a vassoura de bruxa do cacaueiro. Pois trata-se de uma doença nova, detectada oficialmente em julho de 2024 no Amapá". A gerente enfatiza também “que o fungo não é capaz de causar mal para a saúde humana, apesar de ser altamente destrutivo para as lavouras de mandioca. Muito embora a emergência declarada tenha sido para os estados do PA e AP, a praga encontra-se presente, até o momento, apenas no Amapá. O Pará está incluído pois, como a doença segue avançando dentro do Amapá, nosso estado possui um fronteira terrestre com esse Estado, além do Pará ser o estado com maior produção de mandioca do Brasil”, explicou.
Desde que foi declarada emergência sanitária para a praga quarentenária, a Adepará construiu em conjunto com a Superintendência Federal de Agricultura (SFA/PA), um plano emergencial de combate à vassoura de bruxa da mandioca, que irá realizar levantamentos emergenciais para detecção da praga em 28 municípios escolhidos pela proximidade com o Amapá e pela produção expressiva de mandioca.
“Quando essa praga chega, ela causa impacto negativo grande, causa prejuízos econômicos, insegurança alimentar, compromete o desenvolvimento da cadeia produtiva porque vai impactar diretamente na produtividade. Se hoje nós somos o maior produtor de raiz, essa situação pode ficar comprometida. Por isso, toda essa preocupação que nós temos”, enfatizou Lucionila Pimentel, diretora de defesa e inspeção vegetal,
Durante o encontro, também ocorreu a 5ª reunião extraordinária do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRS), que abriga 64 organizações ligadas à agricultura familiar, e é presidido pelo Secretário de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), Cássio Pereira.
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"A mandioca é o cultivo mais importante para a agricultura familiar do Pará. Então, o nosso papel é mobilizar secretários municipais e organizações sociais da agricultura familiar para a perfeita compreensão da situação. A doença ainda não ocorre no Pará, no entanto ela tem ocorrência registrada no Amapá, e nós estamos nos preparando para fazer um controle sistemático para que essa praga não entre, pelas estradas, rios ou movimentação de pessoas. A mensagem é: o Pará está preparado. Nós temos uma agência de defesa forte. Estamos junto com o Ministério da Agricultura e fazendo a nossa parte”, declarou o secretário.
Em âmbito federal, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar se colocou à disposição para ajudar no combate à doença. “É muito importante esse esforço que o governo do Pará, por meio da ADEPARÁ tem feito. E nós temos dialogado junto com o MAPA para difundir as informações junto à agricultura familiar. Como maior produtor, é muito importante que nós estejamos todos juntos, governo federal, governo estadual e também os governos municipais”, disse Edson Júnior, da superintendência do ministério no Pará.
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Do Acará, município com maior produção de mandioca do País, 600 mil toneladas por ano, veio o secretário municipal de agricultura, Edinaldo Neves, para participar das discussões. No município, 15 mil famílias de agricultores familiares trabalham no cultivo da mandioca. São 45 hectares plantados. A raiz in natura é comercializada para Castanhal, São Miguel do Guamá, Santa Maria do Pará e demais regiões. O secretário acredita que as ações conjuntas darão resultado.
“Nosso município está à disposição para desenvolver esse trabalho em parceria com os órgãos no enfrentamento dessa doença”, afirmou.
Para o enfrentamento da doença foi proposto a criação do Comitê Estadual de Enfrentamento da Vassoura de Bruxa da Mandioca para debater tecnicamente as questões e compartilhar as informações sobre a atuação dos órgãos oficiais com a cadeia produtiva.
Serviço: Em caso de suspeita da doença, avise a ADEPARÁ no seu município ou entre em contato com a Gerência de Pragas Quarentenárias no telefone (91) 99392-4245 ou pelos emails [email protected], [email protected] e [email protected].