Hospital Abelardo Santos intensifica ações de combate à gravidez na adolescência
Além dos riscos físicos e das dificuldades socioeconômicas, a gravidez na adolescência contribui para a evasão escolar e aumenta riscos emocionais
Referência no cuidado à mulher e à criança, o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) intensificou as iniciativas de conscientização sobre a prevenção da gravidez na adolescência no distrito de Icoaraci, em Belém. A meta é reduzir os casos precoces, levar informações sobre métodos contraceptivos e conscientizar adolescentes sobre os riscos das ISTs, HIV/AIDS e hepatites virais B e C, em casos de relações sem preservativos.

O enfermeiro Vitor Hugo Pantoja, diarista no Centro Obstétrico do HRAS, explica que a gestação precoce é um problema multifatorial, influenciado pela falta de acesso à educação sexual, de informações sobre métodos contraceptivos e pela fragilidade socioeconômica da mãe e família. "Precisamos falar abertamente sobre sexualidade e garantir que os adolescentes tenham acesso a informações e recursos que os ajudem a fazer escolhas conscientes”, disse o enfermeiro que também destaca que a gravidez na adolescência pode acarretar sérios riscos à saúde, incluindo partos prematuros e o aumento da pressão arterial da adolescente.
Em 2024, o Abelardo Santos recebeu 721 adolescentes grávidas, com idades entre 12 e 18 anos; uma média de quase dois atendimentos por dia. Segundo dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS), a cada hora, 44 bebês nascem de mães adolescentes em todo o País. Desse total, duas adolescentes têm entre 10 e 14 anos.
Além das iniciativas internas, a unidade também leva palestras em instituições de ensino vizinhas ao Hospital. Na última quinta-feira (6), foi realizada uma ação na Escola Estadual Senhora de Fátima II, no bairro da Agulha. No decorrer das ações, realizadas por meio de rodas de conversa, são destacados os diversos efeitos gerados por uma gestação precoce. Além dos riscos físicos e das dificuldades socioeconômicas, os profissionais de saúde abordam também as consequências emocionais e sociais, como a evasão escolar e as barreiras para ingressar no mercado de trabalho.
A assistente social Karyanne Barros acrescenta: “Os esforços visam não apenas alertar, mas também empoderar os adolescentes com informações que contribuam para um futuro mais seguro e consciente. É fundamental lembrar dos riscos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) decorrentes de relações desprotegidas, que, nesse contexto, afetam não apenas a vida da jovem, mas também a da criança que está por vir".
As iniciativas de prevenção à gravidez ocorrem de forma regular no HRAS, durante todo o ano, e contam com abordagem sobre os direitos e a proteção da população adolescente, com embasamento no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Métodos de prevenção - Conforme recomendações do Ministério da Saúde, o SUS oferece gratuitamente nove métodos contraceptivos. São eles: anticoncepcional injetável mensal; anticoncepcional injetável trimestral; minipílula; pílula combinada; diafragma; pílula anticoncepcional de emergência (ou pílula do dia seguinte); Dispositivo Intrauterino (DIU); preservativo feminino e preservativo masculino.
Nos serviços da Atenção Primária à Saúde (APS), geridos por prefeituras municipais, por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), são oferecidos à população adolescente e jovem esses métodos de prevenção, além de ações educativas sobre sexualidade responsável, promoção da saúde, prevenção das ISTs e gravidez precoce.
A Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência foi instituída pela Lei nº 13.798/2019, que incorporou essa iniciativa ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Segundo a lei brasileira, adolescentes grávidas de até 14 anos, mesmo que estejam em uma relação consensual, é considerada vítima de estupro de vulnerável, podendo o seu agressor ter uma pena de oito a 15 anos de reclusão.