CNJ inicia Projeto “Cria das Letras” em unidade de atendimento socioeducativo da Fasepa
No último dia (30), teve início o projeto piloto “Cria das Letras” no Centro de Jovens Masculinos (CJM) da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa). A parceria entre a Fasepa, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Companhia das Letras, Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) e o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) marca o início de uma importante ação que visa promover a leitura e o conhecimento entre jovens em cumprimento de medidas socioeducativas.
O lançamento do projeto, que já teve sua cerimônia de abertura no início do mês, agora ganha corpo com as primeiras atividades sendo realizadas no CJM. O foco do "Cria das Letras" é incentivar a leitura, por meio da distribuição de livros selecionados pela Companhia das Letras. Esses livros serão utilizados em atividades estruturadas, com o objetivo de estimular o pensamento crítico tanto dos jovens quanto dos servidores, que receberão formação para atuar como mediadores de leitura dentro do sistema socioeducativo.
O início do projeto contou com uma apresentação detalhada para os técnicos, socioeducandos e adolescentes atendidos pela fundação, explicando como o projeto será implementado nas unidades. Também foi feita a apresentação dos livros selecionados pela Companhia das Letras, que farão parte das ações desenvolvidas ao longo de seis meses. Durante a programação, os jovens tiveram a oportunidade de tirar dúvidas, expressar seus desejos em relação à leitura e, ainda, de ter contato direto com os exemplares dos livros que serão trabalhados ao longo do processo.
A gestora Priscila Barroso, do Centro de Jovem Masculino (CJM) da Fasepa, explicou sobre o impacto do projeto. "O projeto veio como uma ferramenta para somar de forma muito positiva ao nosso trabalho. Ele conta com a participação dos socioeducandos e servidores, e também envolve os familiares, criando um ambiente de mudança de realidades e de pensamentos. O objetivo é promover a interação e integração de todos dentro da comunidade socioeducativa. A leitura, por sua vez, é fundamental para o desenvolvimento da escrita, da imaginação, além de melhorar o vocabulário e o pensamento crítico, permitindo aos adolescentes se conectarem com histórias e realidades diferentes”, disse a gestora.
"Primeiro, quero expressar minha felicidade pela receptividade e pelo compromisso de todos os envolvidos na socioeducação, na realização dos projetos de leitura e cultura no Estado do Pará. É evidente o cuidado e a dedicação de todos! Este projeto piloto, assim como o Caminhos Literários, também uma iniciativa do Programa Fazendo Justiça, que tem sido realizado em parceria com a Fasepa ao longo de vários anos, é uma forma de estreitar nossos laços e refletir sobre as estratégias necessárias para garantir que o direito à cultura e à leitura se torne uma prioridade cada vez maior.
A cultura, em suas diversas manifestações, é um direito fundamental que deve ser assegurado a todos. Por isso, é essencial que continuemos a fortalecer esse debate, envolvendo os gestores de cultura para que se criem espaços de produção cultural. Além disso, é preciso oferecer oficinas, atividades culturais e garantir o acesso a livros, filmes, peças teatrais e outras expressões culturais, sempre alinhados com os interesses e desejos dos adolescentes", disse a representante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Raquel Amarantes
O projeto piloto, que envolve também unidades no Paraná, Pernambuco e Roraima, busca oferecer aos adolescentes e jovens a oportunidade de participar de clubes de leitura, nos quais serão guiados por mediadores especialmente treinados para essa função. Com o apoio do TJPA, MPPA e CNJ, o projeto visa não apenas fornecer acesso a livros, mas criar um espaço contínuo de aprendizado e reflexão dentro do sistema socioeducativo, promovendo o desenvolvimento pessoal e a transformação social.
Para o 8º Promotor de Justiça da Infância e Juventude, Antônio Lopes Maurício, "O tempo que esses adolescentes passam na Socioeducação precisa ser aproveitado ao máximo, e não há nada melhor para isso do que a leitura. Este projeto representa uma grande oportunidade e é de extrema importância, pois incentiva a prática da leitura dentro da socioeducação. Precisamos fazer com que esse projeto se expanda, cresça e se torne cada vez mais forte. Juntamente com a Fasepa, vamos trabalhar para fazer isso acontecer, declarou o promotor.
Esse momento marca a introdução de uma iniciativa inovadora no Pará, com potencial para impactar positivamente a vida de jovens que, ao mesmo tempo, cumprem medidas socioeducativas e terão acesso ao poder transformador da leitura. A presença de autoridades do sistema judiciário e do Ministério Público reforça a importância da parceria institucional para garantir a efetividade do projeto, ampliando o alcance da proposta.
Segundo o Juiz Vanderley de Oliveira Silva, da 3ª Vara da Infância e Juventude de Belém, garante que o ponto crucial da educação no sistema socioeducativo é a leitura, “Esse processo começa quando o socioeducando inicia sua imersão em uma unidade de cumprimento de medida socioeducativa. A leitura acompanha todo o seu trajeto, contribuindo para o desenvolvimento integral do jovem. Além de auxiliar no tratamento de questões relacionadas à saúde mental, a leitura ajuda o jovem a romper com vícios, não apenas os gramaticais e de linguagem, mas também os vícios da própria existência, promovendo a aquisição de bons hábitos e atitudes”, destacou o Juiz.
Ao longo do primeiro semestre, o "Cria das Letras" se consolida como uma experiência pioneira, com perspectivas de expansão para outras unidades no futuro, criando uma rede de incentivo à leitura que, além de beneficiar os jovens diretamente envolvidos, também colabora para a construção de uma sociedade mais inclusiva e com maior acesso à cultura e ao conhecimento.
Texto: Dani Valente (Ascom Fasepa)
