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INOVAÇÃO E OPORTUNIDADES

Casa Sustentável do PCT Guamá é ocupada por startup socioambiental em Belém

Parceria quer realizar projetos de compostagens, e também produzir materiais sustentáveis

Por Sérgio Moraes (PCTGuamá)
31/01/2025 11h38

A estante, mesa e o puff da casa foram feitos de pneu, cano, pallet e vidro. O sofá foi confeccionado a partir do reaproveitamento de ferragens. Os colchonetes e travesseiros possuem resíduos plásticos e oferecem conforto aos visitantes, e têm ainda o porta-copos criativo, feito de tampinhas de garrafa. Toda mobília reciclável presente nos cômodos da Casa Sustentável do Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, é da Composta Belém, startup associada ao complexo e que habita no local há quase dois anos.

A moradia no espaço visa promover práticas sustentáveis, utilizando soluções na área interna e externa da estrutura. Os objetos servem como demonstrações de modelo de negócio, onde produtos e serviços incorporam aspectos sociais, econômicos e ambientais. “Nosso objetivo é construir caminhos sustentáveis, transformar ideias em negócios realizando conexões devidas, e ressignificar a forma como as pessoas e empresas lidam com os seus resíduos, transformando-os em impacto socioambiental positivo, promovendo a economia circular em centros urbanos, viabilizando a reciclagem, compostagem e logística reversa”, explica Samantha Chaar, CEO da empresa associada ao PCT Guamá.

A “moradia” na casa sustentável do Parque tem como propósito a realização de projetos de compostagem no local, além da produção de outros materiais a partir da interação com estudantes e pesquisadores. A startup cria experiências e soluções sustentáveis. “Atuamos em parceria na redução dos resíduos, fomentando ideias, pesquisas, captação de recursos e gestão integrada de material descartado de forma indevida, e cujas práticas sustentáveis beneficiam a sociedade. Fazemos gestão de resíduos orgânicos, através da compostagem, produzimos adubos e biofertilizante natural; Além do aproveitamento dos recursos naturais disponíveis, poda urbana, folhagens serragem, matéria seca, miriti” destaca Samantha.

Casa sustentável do PCT Guamá

A startup de compostagem e educação ambiental é a primeira “moradora” da Casa Sustentável, construída no PCT Guamá, em setembro de 2021. O projeto, localizado na área externa do complexo, foi desenvolvido pela startup Seixo de Plástico, com investimentos do Governo do Estado, através da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), e execução técnica da Fundação Guamá, instituição gestora do PCT Guamá.

Quarto, banheiro, sala, cozinha, área de serviço, são 40 metros quadrados de tecnologia e inovação. Os tijolos e pisos foram construídos a partir do reaproveitamento de materiais como plástico, vidro e rejeitos da mineração. Com uso de uma metodologia própria, o plástico foi transformado em seixo para então se produzir peças, como blocos, tubos, entre outros itens derivados do concreto. A solução inovadora, desenvolvida no parque, possui forro de miriti, resultado da parceria com artesãos do município de Abaetetuba.

Os quatro mil tijolos utilizados na casa demoraram cerca de um mês para serem produzidos, e as propriedades usadas no produto oferecem maior conforto térmico, em comparação às usadas em construções tradicionais. O valor dos materiais para a construção do protótipo foi 30% menor em relação aos convencionais. Outra inovação desenvolvida foi o reaproveitamento de rejeitos da mineração, foram 300 kg de lama vermelha usados na construção da casa, através de parceria com uma empresa do segmento. A tecnologia pensada tem o potencial de absorver parte das barragens e bacias de rejeito, e junto com outros materiais, transforma lama vermelha em agregado graúdo, material de uso recorrente na construção civil.

Inovação e tecnologia na construção civil

Marcos Sousa, CEO da iniciativa, lembra que o projeto representa uma mudança de paradigmas, uma vez que a indústria da construção civil é responsável pelo consumo de 75% da matéria prima extraída da natureza e cerca de 60% do volume de resíduos sólidos gerados em uma cidade. Nos últimos anos, o setor vem se reinventando para diminuir consumo e seus desperdícios, mas continua com alto consumo e descarte de plásticos no meio ambiente. “De um lado temos uma indústria consumista, e do outro um produto gerado de forma desordenada. Então, esse material que está ocioso pode abastecer os altos consumos da única indústria capaz de absorver eles em escala industrial. Portanto, o projeto tem o potencial de impactar a indústria da construção civil ao mesmo tempo que provoca mudanças na sociedade, e pode ainda gerar maior dignidade às redes recicladoras que a cada dia geram menos produtos porque a indústria mudou e continua mudando os tipos de embalagens”.

A pesquisa sobre o uso de plástico na construção civil começou em 2016 na Universidade Federal do Pará (UFPA), e posteriormente foi necessário aumentar a escala de produção para chegar ao protótipo e comprovar a viabilidade do projeto. Em 2019, com apoio financeiro do Governo do Estado, a infraestrutura para a fabricação do material foi melhorada, uma espécie de fábrica foi instalada no PCT Guamá, e os engenheiros customizaram equipamentos e montaram a estrutura para fabricar tijolos, blocos e pisos. O protótipo representa o potencial de avançar com a oferta desse tipo de material para o mercado. Para novas etapas são necessários investimentos financeiros na solução desenvolvida.

Referência em inovação na Amazônia

O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), que conta com a parceria da UFPA, Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e gestão da Fundação Guamá.

É o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na região Norte do Brasil e visa estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável para melhorar a qualidade de vida da população.

Localizado às margens do rio Guamá, que dá nome ao complexo, o PCT Guamá está situado entre os campi das duas universidades e conta com um ecossistema rico em biodiversidade, estendendo-se por 72 hectares, destinados a edificações e à Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém.

O complexo conta com mais de 30 empresas residentes (instaladas fisicamente no parque), mais de 40 associados (vinculados ao parque, mas não fisicamente instalados), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepa) Dr. Celso Malcher, além de atuar como referência para o Centro de Inovação Aces Tapajós (Ciat), em Santarém, oeste do Estado.

O PCT Guamá integra a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp), e faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.