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Restauração da embarcação encontrada na Nova Doca deve ser concluída em cinco meses

A equipe formada por arqueólogos, museóloga e arquiteta trabalha na retirada da última parte do achado, que ficará exposto ao público após a intervenção dos restauradores

Por Gustavo Pêna (SEOP)
17/01/2025 15h21

Parte da embarcação encontrada durante a obra da Nova Doca O processo de resgate de uma embarcação metálica antiga, encontrada durante escavações na obra do Parque Linear da Nova Doca, na Avenida Visconde de Souza Franco, em Belém, avança com o acompanhamento da Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop). Duas partes já foram retiradas da quadra 1 do canal, restante apenas a última, para que o processo de restauração – que deve durar cerca de 150 dias (cinco meses) – seja iniciado.

A embarcação deve conter informações que contribuam para reflexões acerca da história da formação urbana de Belém, e como, ao longo do tempo, a sociedade mudou suas relações com os rios e igarapés, que eram as vias de locomoção antes do aterramento e asfaltamento da cidade. O achado ocorreu em um local que já foi entreposto econômico e portuário no passado, e se tornou um bairro comercial e habitacional, dissociado da identidade portuária.

“O processo de construção da história desse achado é um pouco lento, pois tem que se fazer um levantamento histórico. A gente quer entender não só o objeto em si, mas também o contexto histórico em que ele está envolvido. O que sabemos é que essa é uma embarcação que pode ter sido utilizada para comércio e serviços. A área em que ela foi encontrada, o antigo Igarapé das Almas, faz a gente entender que pode estar relacionada a esse tráfego de mercadorias e pessoas da principal área portuária para os igarapés. É, no mínimo, algo do século XIX, porque só aqui, enterrada, essa embarcação tem mais de 110 anos”, explicou Kelton Mendes, arqueólogo contratado pela empresa responsável pelas obras da Nova Doca.

Exposição - Diante dos alinhamentos com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio da superintendente Cristina Vasconcelos e o arqueólogo Augusto Miranda, após o resgate da terceira e última parte, a embarcação passará por restauro e conservação para ser colocado em exposição.

"Hoje temos uma estrutura toda de ferro, mas a equipe de arqueologia vai seguir estudando para saber: ela tinha pedaços de madeira? Pode ser um barco a vapor? Essas questões vão contar a nossa história daqui em diante. Sabemos que Belém nasceu de frente para o rio, e com o passar de tempo a cidade foi começando a ser aterrada. É a nossa história, e isso que é importante de a gente contar. O Iphan vai participar de todas as etapas. Somos os resguardadores da cultura nacional, e tudo que é arqueológico faz parte do nosso escopo de trabalho", informou a superintendente do Iphan, Cristina Vasconcelos.

A retirada da embarcação – que tem 22 metros de comprimento, 7 m de largura e 2,25 m de profundidade – foi dividida em três partes: proa e duas áreas definidas como “mesial”, para que sofresse o mínimo de intervenção, mantendo suas características. Um laboratório está sendo montado no estacionamento de uma faculdade particular, localizada ao lado do Porto Futuro I, para expor a embarcação ao público após o restauro.Equipe responsável pelo resgate da embarcação secular

"Agora estamos aguardando a última parte desse achado para darmos início ao processo de restauro. Isso também inclui a montagem de uma estrutura elevada, que vai receber a embarcação. Assim que for feita a remoção por completo, poderemos fazer as análises laboratoriais, limpeza do material, o procedimento mais adequado de restauro e a exposição", contou a arquiteta responsável pela restauração, Tainá Arruda.

Além da arquiteta e de Kelton Mendes, a equipe responsável pelas etapas da escavação, remoção, restauração e musealização é composta pelo arqueólogo João Aires, historiador; arqueólogo da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Paulo do Canto, e pela museóloga Doriene Trindade.