Hospital Regional do Tapajós realiza cirurgia de alta complexidade em criança de 8 anos

Isabela da Conceição, de 8 anos, viveu um episódio dramático no início deste mês de janeiro. Enquanto brincava em uma mureta no dia 5 de janeiro, na cidade de Novo Progresso, sudoeste do Pará, sofreu um grave acidente: um vergalhão de ferro perfurou o lado esquerdo de seu corpo, da região abaixo do tórax até o pescoço. Uma foto registrada no momento do socorro retrata a gravidade da situação.

O acidente ocorreu em um terreno baldio, durante as férias de Isabela na casa do pai. Em desespero, o pai utilizou uma ferramenta para cortar o vergalhão e liberar a filha antes da chegada da ambulância.

“Quando recebi a notícia, entrei em pânico. Só queria buscar minha filha o mais rápido possível. Felizmente, conseguimos uma vaga no Hospital Regional do Tapajós, em Itaituba”, contou a mãe de Isabela, Isamara da Conceição.

Distante cerca de 300 km Novo Progresso, a viagem até Itaituba durou seis horas. Assim que chegou ao Hospital Regional do Tapajós (HRT), Isabela foi encaminhada para uma cirurgia de emergência.

Riscos e estratégia médica

O procedimento, realizado pela neurocirurgiã, Ingrid Soani, era complexo devido aos riscos envolvidos. A médica destacou que a perfuração poderia causar danos irreversíveis, como a perda de movimentos nos braços, rompimento de vasos sanguíneos com risco de choque hipovolêmico e infecção grave devido à contaminação do vergalhão por ferrugem.

“Esse tipo de ferimento exige um planejamento estratégico. Antes de qualquer intervenção, realizamos exames de imagem para identificar as estruturas comprometidas e minimizar riscos”, explicou a doutora Ingrid Soani.

Durante a cirurgia, que durou cerca de 2 horas, a equipe abriu cuidadosamente as regiões afetadas para remover o objeto sem causar novas lesões. Felizmente, o procedimento foi bem-sucedido, e nenhuma estrutura importante foi danificada, como nervos ou vasos sanguíneos.

Após oito dias de internação, Isabela recebeu alta médica e retornou a Santarém, onde mora com a mãe. “Orientamos a continuidade da medicação prescrita e sessões de fisioterapia para acelerar a recuperação dos movimentos na área afetada”, afirmou a médica.

A mãe de Isabela demonstrou gratidão à equipe do hospital. “Eles salvaram a vida da minha filha. Sou imensamente grata a todos pelo cuidado e profissionalismo. Hoje, ela está saudável e se recuperando bem”, emocionou-se Isamara.

A doutora Ingrid Soani reforçou uma orientação importante sobre o tipo de acidente sofrido por Isabela. “Em caso de perfuração com qualquer objeto que permaneça no paciente, a orientação é clara: não tente remover o objeto. O ideal é imobilizar a área de entrada e buscar ajuda médica imediatamente”, explicou a médica.

Referência em alta complexidade na região

O Hospital Regional do Tapajós pertence ao Governo do Pará e faz parte da rede pública sob responsabilidade da Secretaria de Saúde Pública do Pará (SESPA). É um centro de referência em atendimentos de alta complexidade, especialmente na área de traumatologia e obstetrícia de alto risco, além de urgências e emergências, se destaca ainda pelo atendimento em mais de 20 especialidades para consultas ambulatoriais.

O diretor-geral do hospital, Jefferson Barbosa, destacou a importância do atendimento oferecido. “Nosso compromisso é garantir um serviço de excelência à população. Em 2024, realizamos 13.183 atendimentos em traumatologia, com 7.174 consultas, 3.331 atendimentos no pronto-socorro e 2.678 cirurgias. Esses números confirmam o trabalho sério e dedicado da nossa equipe”, afirmou.

Com uma infraestrutura moderna, o Regional do Tapajós oferece ainda exames de imagem de ponta e conta com 153 leitos, garantindo suporte para pacientes de seis municípios: Aveiro, Jacareacanga, Novo Progresso, Rurópolis, Trairão e Itaituba.

*Texto de Sammya Ferreira