Janeiro Branco: Hospital Abelardo Santos reforça apoio à saúde mental das mães
Campanha hospitalar reforça ações contra depressão pós-parto
O primeiro mês do ano é tradicionalmente dedicado à conscientização sobre saúde mental por meio da campanha Janeiro Branco. Como referência em cuidados neonatais e assistência à mulher, o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) intensificará as ações já existentes que apoiam mães em situações de fragilidade emocional, com orientações à beira leito envolvendo a equipe de psicologia.
De acordo com especialistas em saúde mental que atuam do HRAS, o tema precisa ser tratado tanto no ambiente hospitalar quanto no convívio familiar, visto que cerca de 26% das brasileiras que se tornam mães apresentam sinais de Depressão Pós-Parto (DPP), o que corresponde a uma em cada quatro mulheres, conforme pesquisa recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A psicóloga Daniella Dias alerta que outras condições psicológicas podem surgir no período pós-parto, como transtornos de ansiedade e obsessivo-compulsivo, entre outros. “É fundamental que as mulheres e suas famílias estejam informadas e busquem suporte, para que essa fase seja vivida de maneira saudável tanto para a mãe quanto para o bebê”, afirmou.
Comprometido com o bem-estar físico e emocional das mães, o Hospital Abelardo Santos oferece acolhimento, escuta ativa e qualificada, orientações e suporte emocional a todos os pacientes. No contexto da maternidade, o objetivo é garantir cuidados integrados, promover a saúde mental e fornecer acompanhamento contínuo às mães, gestantes e puérperas durante a internação.
A psicóloga ressalta que “com essas iniciativas, o Regional Abelardo Santos reforça o papel do Janeiro Branco como uma oportunidade para transformar a maneira como a saúde mental é vista e tratada, especialmente em momentos tão delicados como o pós-parto”. Em 2024, o centro obstétrico do HRAS realizou mais de 5 mil partos, sendo 2.327 normais e 2.676 cesarianas.
Para sensibilizar mães e familiares sobre o tema, é essencial compreender primeiramente que esses transtornos não são sinais de fraqueza ou falhas da puérpera, destacou Daniella Dias. “Na verdade, essas condições são o resultado de uma combinação complexa de fatores físicos, hormonais, emocionais e sociais, que podem afetar a saúde mental no período pós-parto", disse.
Compreender esses fatores é crucial para identificar os sintomas. A Depressão Pós-Parto pode se manifestar como irritabilidade, choro excessivo, sentimentos de desamparo e desesperança, falta de energia e motivação, desinteresse sexual, alterações alimentares e de sono, além de uma sensação de incapacidade. Em alguns casos, cefaleia, dores nas costas, erupções vaginais e dor abdominal.
Outro fator que pode agravar a saúde mental materna é a romantização da maternidade, conforme aponta a especialista. “Existe uma idealização da gravidez, do parto, do pós-parto e da criação de um filho, onde se transmite a ideia de que essas experiências trazem apenas felicidade para todas as pessoas envolvidas, especialmente para a mãe, o que não é bem assim, já que são vários os desafios”.
“Também existe a questão da maternidade compulsória, que acontece com muitas mulheres. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 14% das brasileiras não desejam engravidar. Este índice pode alcançar 37%, com motivos variados, como o receio das mudanças corporais e riscos no parto, além do desejo por mais liberdade e tempo para si mesmas”, destacou Daniella.
Tratamento
Diante de tudo que foi exposto, a psicóloga explica que uma das formas de apoiar as mães de recém-nascidos é garantir uma rede de apoio. No ambiente hospitalar, é essencial que os profissionais de saúde estejam atentos e preparados para identificar os primeiros sinais de depressão perinatal, para que uma avaliação com um especialista possa ser feita de forma ágil e direcionada.
Os tratamentos incluem acompanhamento psicoterápico ou psiquiátrico, “mesmo quando não há uma queixa específica sobre qual tipo de apoio é o mais indicado”. Daniella Dias acrescenta que “além do suporte psicológico especializado, o apoio social dos parceiros, como esposo, mãe ou pai, amigos e familiares, é fundamental para acolher a mulher em todas essas fases da vida”.
Por fim, a psicóloga destaca a importância de oferecer uma escuta ativa e personalizada, sem julgamentos sobre o comportamento da mãe e comparações. Ela conclui: “Quando alguém em sofrimento, independentemente de quem seja, busca apoio, o recomendado é que se escute essa pessoa antes de qualquer coisa e busque um profissional para avaliar e acompanhar essa paciente de perto”, concluiu.
O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos é a maior unidade de saúde pública do Governo do Pará. A instituição é administrada pelo Instituto Social Mais Saúde (ISMS), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Conta com um serviço de pediatria de urgência e emergência, além de leitos clínicos.
A unidade é referência no atendimento à mulher e à criança, em quatro frentes pediátricas: pronto-socorro, cirurgia, internação clínica e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além do acolhimento nas unidades de Cuidados Intermediários. A pediatria do HRAS está estruturada com 10 leitos de UTI, 25 leitos de clínica pediátrica e um pronto-socorro infantil, com atendimento 24 horas.