Recursos do Funcacau vão financiar ações de combate à monilíase
Aporte financeiro e apoio operacional vão somar às ações já desenvolvidas pela Adepará e devem auxiliar nas ações de combate à principal praga que ameaça o cacau
O combate à monilíase, doença do cacaueiro e do cupuaçuzeiro, segue sendo uma prioridade entre as ações que serão desenvolvidas pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) no ano de 2025. A partir de fevereiro, a Agência deve iniciar o projeto "Proteção e fortalecimento da cacauicultura paraense, prevenção e combate à monilíase nas divisas do Estado", que tem o objetivo de proteger essa cadeia produtiva, impedindo ou retardando a introdução da praga em território paraense.
O projeto da Adepará foi aprovado em dezembro durante a reunião ordinária do Conselho Gestor do Fundo de Apoio à Cacauicultura do Estado Pará (Funcacau), que já investiu entre R$ 7 a R$ 8 milhões em média, nas ações de prevenção e combate à doença, como a capacitação de técnicos e medidas de erradicação e fiscalização em portos e aeroportos.
O projeto prevê a contratação de mão-de-obra e aquisição de equipamentos para as ações de combate. Serão priorizadas ações de educação fitossanitária e levantamentos para detecção nos municípios produtores de cacau e nas regiões localizadas ao longo das principais rotas de risco de entrada da praga no Estado.
O gerente de Defesa Vegetal Rafael Haber acredita que os recursos vão fortalecer ainda mais as ações de defesa vegetal. “Se surgir um foco dentro do Estado nós estaremos com equipes treinadas e com os recursos disponíveis, vamos conseguir intensificar as ações de defesa fitossanitária, seja de trânsito, de inspeções, fazer levantamentos de detecção. Identificando rapidamente, vamos conseguir suprimir ou erradicar o foco, evitando o avanço da doença dentro do Estado ou na região de fronteira. Estamos vigilantes, monitorando, e qualquer novo alerta a Adepará vai ter todo o aparato necessário para combater a monilíase”, esclareceu.
O recurso do Funcacau vem somar aos esforços já realizados pela Adepará no combate à monilíase, evitando prejuízos aos produtores do Estado. A monilíase é uma praga ausente no Pará, mas presente no Acre e no Amazonas. A supressão da praga é difícil pois é dispersada pelo vento, além disso há uma cultura entre a população de transportar frutos.
“As fronteiras são muito grandes, as pessoas carregam frutos. O pior é que quem ajudou a disseminar essa praga com mais facilidade foi o próprio homem, carregando fruto, carregando muda, porque ela demoraria muito mais para avançar dentro do território brasileiro se não fosse o ser humano”, explicou Haber.
Defesa vegetal - Em 2024, a Adepará não mediu esforços para garantir a sanidade dos principais cultivos agrícolas do Estado. O programa do cacau inspecionou mais de 3 mil hectares em 34 municípios e atendeu mais de 500 produtores.
As equipes da defesa vegetal realizaram mais de 17 mil ações de prevenção à mosca da carambola em 140 municípios paraenses. As atividades de detecções das pragas dos citros ocorreram em mais de 3.500 hectares. Na cultura da soja, 300 mil hectares de áreas foram inspecionados em 52 municípios e realizados mais de 800 levantamentos de sanidade vegetal. No programa da banana, foram mais de 400 propriedades inspecionadas em 34 municípios.
Para impedir a entrada de pragas no território paraense, a Adepará realizou em 2024, 14 fiscalizações em unidades produtivas que exigem a Certificação Fitossanitária de Origem (CFO), que atesta a origem e garante a sanidade de produtos vegetais. O Pará possui 112 unidades produtivas certificadas e os frutos que exigem o certificado são banana, carambola, manga, goiaba, laranja, limão e tangerina.
As sementes e mudas também mereceram atenção, com mais de 600 fiscalizações realizadas em 84 municípios. A classificação de grãos teve mais de 76 mil toneladas de produtos classificados e 15 municípios supervisionados.
Palma de óleo - Uma das mais importantes ações realizadas pela defesa vegetal em 2024 foi a a política de rastreabilidade na cadeia produtiva do dendê, que completou um ano e requer atenção redobrada da Agência. Até agora, já foram emitidas 32.107 GTVs e a circulação de cargas do fruto ultrapassou 700 mil toneladas.
“Estamos atuando de forma intensiva com as ações de fiscalização do trânsito de cachos de frutos frescos, fiscalizações junto às 14 empresas que recebem a produção e transformam em óleo de palma. Foi o primeiro ano do programa com resultados expressivos de cadastramentos e emissões de GTV, que possibilita o Serviço da Defesa identificar áreas produtivas, mapear rotas e monitorar o cumprimento da legislação”, informou a diretora de Defesa e Inspeção Vegetal Lucionila Pimentel.
Durante o ano, a Adepará também realizou, de uma ponta a outra do Estado, ações que asseguraram a segurança do consumidor e a sustentabilidade ambiental, como a fiscalização do trânsito agropecuário de produtos vegetais e o controle do uso de agrotóxico nas propriedades rurais, que fiscalizou mais de 500 propriedades e mais de 700 revendas em todo o Estado, verificando a utilização de equipamentos de segurança no manuseio e aplicação desses defensivos e ainda a devolução de embalagens vazias de agrotóxicos pelo produtor rural, cumprindo a legislação que exige que elas sejam devolvidas ao estabelecimento onde foram adquiridas, para que seja dada a destinação final adequada.
“Todas as ações que realizamos, tanto na defesa quanto na inspeção vegetal e animal, reafirmam o nosso papel estratégico no desenvolvimento sustentável do Estado. Ao promover uma agropecuária mais segura, moderna e integrada, a Agência fortalece sua contribuição para o crescimento econômico e social, além de consolidar sua atuação como guardiã da qualidade dos produtos agropecuários do Estado”, pontua Jamir Macedo, diretor-geral da Adepará.