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No Marajó, alunos transformam caroço de açaí e mandioca em plástico biodegradável

Projeto sustentável com produtos típicos do Pará foi selecionado para 1ª Conferência Internacional Infantojuvenil de Educação e Mudanças do Clima

Por Fernanda Cavalcante (SEDUC)
20/12/2024 09h00

Em Salvaterra, na Ilha do Marajó, estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Salomão Matos, preocupados com a quantidade de plástico produzida e descartada no meio ambiente e pensando em soluções sustentáveis para minimizar o problema, desenvolveram um bioplástico a partir do caroço do açaí e do amido da mandioca.

O projeto sustentável baseado em materiais orgânicos típicos do Pará é um dos selecionados para a 1ª Conferência Internacional Infantojuvenil sobre Educação e Mudanças do Clima (CYC), que será realizada pela Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc), entre os dias 17 e 21 de março de 2025, em Belém.

Considerando o curto tempo de degradação, o baixo custo e fácil acesso dos materiais, os estudantes da 1ª série do Ensino Médio fizeram análises, pesquisas bibliográficas e de campo para o desenvolvimento do projeto “Bioplástico a partir do caroço de açaí e do amido da mandioca”. Além disso, um questionário online e presencial foi aplicado para a população de Salvaterra, acima de 16 anos. Ainda durante o trabalho foram obtidas amostras do bioplástico, além de análises do processo de secagem e degradação. O resultado da pesquisa de campo se deu através de porcentagens e gráficos que renderam maior entendimento em relação ao cuidado com os resíduos plásticos no município.

“Criamos o projeto tendo em mente as problemáticas no que tange o desgaste inadequado do plástico. Queríamos que esse bioplástico tivesse características da nossa região, então criamos o bioplástico feito a partir do caroço do açaí e do amido da mandioca, que são pilares da economia local, além de serem produtos que fazem parte do nosso cotidiano, visto que os nossos pais e familiares trabalham com açaí e queríamos trazer isso no nosso projeto”, explicou a estudante e integrante do projeto, Juliana Carvalho.

Para a estudante Viviane Duarte, que também faz parte do projeto, as expectativas para a Conferência Internacional Infantojuvenil sobre Educação e Mudanças do Clima (CYC) são as melhores. “As minhas expectativas para a conferência são as maiores. Quero compartilhar essas ideias, esse projeto inovador e sustentável que vai sair aqui do Marajó e vai ser apresentado em uma conferência internacional onde será gerado o impacto. Acredito que, a partir desse projeto, haverá um impacto positivo para o meio ambiente e vai ser uma oportunidade de ter contato com vários outros projetos e outros jovens que estarão com esse mesmo objetivo de ajudar o planeta”, comentou a estudante.

Segundo a professora orientadora do projeto, Cáren Poça, a iniciativa reflete o protagonismo dos estudantes e será uma grande oportunidade de aprendizado. “A ideia do projeto surgiu por parte das estudantes, deixando claro o protagonismo juvenil que está sendo exercido de maneira consistente por nossos alunos, fruto de um incentivo que a escola proporciona através de vários projetos que são desenvolvidos ao longo do ano letivo. O meu papel como orientadora foi organizar o trabalho, de modo que seguissem um padrão acadêmico. Acredito que os alunos terão a oportunidade de ampliar a sua visão sobre práticas sustentáveis, trocar ideias com jovens de todas as partes do mundo e, o mais importante, poderão participar ativamente na tomada de decisões sobre o que os jovens amazônidas querem para o futuro, através da criação conjunta da carta que será enviada à COP 30”, afirmou.

De acordo com o professor de Geografia e, também, orientador do projeto, Jardes Assis, o bioplástico a partir do caroço do açaí e amido da mandioca “não só traz uma alternativa benéfica a população em questões de saúde, como econômica, oferecendo novas oportunidades de fortalecer a cultura regional e gerando novas oportunidades de renda.”

O projeto foi apresentado pela primeira vez à comunidade escolar em junho, durante a Olimpíada Científica da Escola Salomão Matos (OSESaM). O evento, desenvolvido na escola junto com os professores de Ciências Humanas e Ciências da Natureza, é uma competição com várias modalidades e uma delas é a ‘Feira Científica’, na qual os alunos apresentam projetos inovadores, principalmente na área de sustentabilidade.

Além do projeto escolhido, a Escola Estadual de Ensino Médio Salomão Matos terá o professor chaperone, Jardes Assis, e o aluno embaixador, Richard Gabriel Silva, que representarão o município de Salvaterra na CYC.

“A importância da conferência para o desenvolvimento dos alunos é enorme porque vai proporcionar uma experiência rica em aprendizado, desde a concepção do projeto em si até a sua apresentação. A participação desses estudantes em uma conferência internacional deve permitir que eles compreendam a importância do trabalho coletivo e do engajamento social, na construção de soluções para problemas complexos, que é o caso das mudanças climáticas. Além disso, ao fazerem o link do que se aprende em sala de aula com os problemas do cotidiano, criando soluções práticas para resolver esses problemas, os alunos não apenas ampliam seus conhecimentos sobre ciência e sustentabilidade, mas também fortalecem sua capacidade crítica e analítica, que são habilidades essenciais para o desenvolvimento de projetos inovadores”, afirmou o professor chaperone, Jardes Assis.

O educador ainda destacou o quanto é fundamental que os estudantes estejam engajados na agenda climática e se tornem protagonistas. “A experiência na conferência também deve promover, além do protagonismo juvenil, a busca de soluções na luta contra o negacionismo climático, fazendo com que os alunos percebam a relevância das pesquisas científicas para enfrentar a crise ambiental. Esse processo educacional, além de capacitar os jovens, os motiva a se tornarem defensores de um futuro mais sustentável e justo. Além do mais, saber que Salvaterra, uma pequena cidade do arquipélago do Marajó, também estará presente no evento com esse projeto nos orgulha muito”, finalizou o professor Jardes.

CYC - A 1ª Conferência Internacional Infantojuvenil sobre educação e mudança do clima é uma iniciativa inovadora do Governo do Pará, executada pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), que visa fortalecer o engajamento dos jovens nas questões ambientais e garantir sua participação ativa na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), marcada para novembro de 2025 na capital paraense.

O evento está alicerçado em um dos objetivos da Política Pública de Educação para o Meio Ambiente, Sustentabilidade e Clima do Pará, que garante a formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a preservação do meio ambiente. Ao proporcionar um intercâmbio de experiências entre estudantes amazônidas e jovens de diferentes regiões, a CYC busca estimular a criação de projetos que contribuam para a proteção do planeta. O evento representa um marco histórico, que enfatiza a importância da educação ambiental e reafirma o Pará como protagonista nas discussões globais sobre mudanças climáticas.

Serviço: Para mais informações sobre a 1ª Conferência Internacional Infantojuvenil sobre Educação e Mudança do Clima (CYC) acesse o site cyc.seduc.pa.gov.br