Ophir Loyola oferta próteses para pacientes que tiveram câncer de laringe
Dispositivo é uma alternativa de comunicação para pessoas submetidas à laringectomia total
Mais comum em homens com idade a partir dos 50 anos, que faziam uso concomitante do álcool com o cigarro, o câncer de laringe deixa sequelas fisiológicas e emocionais. A remoção da laringe, procedimento necessário no tratamento, dificulta a deglutição, redução do olfato e paladar, além de privar o indivíduo da voz. Essa condição também impacta negativamente a autoimagem, a autoestima, afetando e, consequentemente, as relações sociais.
Um pequeno dispositivo de silicone inserido na garganta por meio de incisão, a prótese vocal passou a ser ofertada pelo Hospital Ophir Loyola (HOL) com o intuito de promover a reabilitação de pacientes submetidos à laringectomia, procedimento indicado para o tratamento do câncer na laringe.
Conforme o HOL, a reabilitação dos pacientes exige uma abordagem multidisciplinar. A fonoaudiologia desempenha um papel fundamental ao ensinar técnicas alternativas de comunicação e, quando necessário, orientar sobre o uso de dispositivos para a produção de uma nova voz.
Além da voz esofágica (som natural do esôfago) e da laringe eletrônica - o dispositivo eletrônico portátil permite a emissão de sons através da vibração da musculatura do pescoço logo no pós-operatório. Os pacientes acompanhados pela Cirurgia de Cabeça e Pescoço agora têm a possibilidade de emitir uma voz mais natural em termos de fluência e fraseado. É o caso do aposentado Nazareno Silva, 60 anos.
Nazareno, após retirar a laringe, perdeu a capacidade de se comunicar verbalmente e trocou, recentemente, a laringe eletrônica por uma prótese. “Foi difícil quando eu perdi a voz, quando eu tinha que me comunicar com as pessoas e não sabia como. As pessoas não entendiam o que eu falava. Eu fiquei muito sentido quando soube que estava com câncer, fiquei muito triste, mas me recuperei".
"Ficar sem falar é difícil, porém ganhei uma laringe eletrônica e saí daquele mundo de silêncio. No final de agosto passei pela cirurgia para colocar a prótese e voltei a falar de novo, pensava que nunca ia voltar a conseguir, mas as fonoaudiólogas me ajudaram e estou feliz”, destacou o paciente Nazareno Silva.
Ele agora não tem uma voz mecânica, explica a fonoaudióloga do HOL, Brena Habib. “Consideradas padrão ouro em reabilitação vocal, as próteses fonatórias são os dispositivos mais modernos utilizados para reabilitação vocal no mundo. Esses dispositivos funcionam como uma válvula que permite a passagem do ar da traqueostomia (abertura no pescoço) à boca, promovendo vibração e produção de som semelhante ao das cordas vocais, com menos esforço e mais conforto para o paciente”.
Cirurgias - A intervenção cirúrgica para a inserção de uma prótese vocal é realizada sob anestesia geral e envolve a criação de uma fístula entre a via alimentar e a via respiratória. A prótese é implantada nesse local e quando o paciente fecha a traqueostomia, o ar é redirecionado para o esôfago, fazendo-o vibrar e gerar som. O procedimento pode ser realizado 20 minutos após a remoção da laringe ou conforme definido pelo cirurgião de cabeça e pescoço.
Após a cirurgia, a reabilitação com fonoaudiólogo é feita para ajudar no refinamento vocal, treinar a articulação e melhorar a vocalização com exercícios específicos para que o paciente consiga emitir um som mais natural da voz. Pelo menos uma vez na semana, o paciente precisa ser acompanhado pela equipe de fonoaudiologia a fim de consiga obter um melhor desempenho vocal.
"A reabilitação vocal devolve a qualidade de vida ao paciente, permite que ele saia do mundo do silêncio para o mundo da comunicação. A remoção da laringe não é o fim, pois a reabilitação surge para preencher o vazio, o silêncio sonoro. A prótese vocal pretende melhorar a qualidade de vida do paciente e restaurar a capacidade de se comunicar", destacou a fonoaudióloga Brenna Habib.