Estado vai investir mais de R$ 30 milhões em projetos e pesquisas científicas para economia limpa até 2026
São projetos de pesquisa, apoio às empresas inovadoras, formação de jovens pesquisadores, apoio na formação de núcleos de excelência, fortalecimento de programas de pesquisa nas universidades e parcerias internacionais
Para promover crescimento econômico e inclusão social, tendo a bioeconomia como aliada, uma das estratégias do Governo do Pará é a implantação do Plano Estadual de Bioeconomia (Planbio), que atualmente conta com 92 ações implementadas ou em andamento, mais de 50% das ações previstas.
Lançado na COP 27, no Egito, em 2022, o Planbio impacta diretamente a vida de 67 mil pessoas, com a realização de 12 marketplaces de bioprodutos da Amazônia, o que promove a diversidade de produtos sustentáveis e aumento da renda de mais de 1.056 famílias. Atualmente, são mais de R$ 34 milhões investidos no apoio a mais de 275 negócios.
Integrante do Comitê Executivo do PlanBio e com a missão de fomentar o desenvolvimento de pesquisas e inovações que se aplique o conhecimento científico e tecnológico na produção de produtos para a bioeconomia, a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) fomenta atualmente 89 projetos diretamente ligados ao desenvolvimento de pesquisas e inovações, além de mais 69 startups apoiadas, entre 2023 e 2024.
Pesquisas - São projetos de pesquisa, apoio às empresas inovadoras, formação de jovens pesquisadores, apoio na formação de núcleos de excelência, fortalecimento de programas de pesquisa nas universidades e parcerias internacionais. Na lista de iniciativas, há também a formação de núcleos de excelência, fortalecimento de programas de pesquisa nas universidades e parcerias internacionais.
Entre os projetos está o da engenheira de produção, Ingrid Teles, fundadora da startup Ver-o-Fruto, que utiliza o caroço de açaí para produzir cosméticos e filtrar água, em comunidades ribeirinhas. A cada sabonete produzido, são impedidos de chegar ao meio ambiente 100g de caroço de açaí. Assim, com a proposta de promover a economia circular com um bioproduto, a pesquisadora utiliza o caroço de açaí como sua matéria prima base e transforma caroço em sabonete facial.
Com o beneficiamento deste resíduo, a Ver-o-Fruto movimenta a economia local, impactando toda a cadeia produtiva do açaí. “Hoje terceirizamos toda a produção e fortalecemos todo um quadro de funcionários já atuante, além de fortalecer as comunidades que são fornecedores de nossos parceiros”, informa a pesquisadora.
A Associação de Batedores de Açaí de Belém estima que 16 toneladas de caroços são descartados por dia, o que gera poluição visual, do solo e hídrica.
Investimentos - Somente em 2023, a Fapespa investiu mais de R$ 11,3 milhões em projetos alinhados à bioeconomia e voltados para a valorização do conhecimento tradicional amazônida. Já em 2024, mais 10,5 milhões foram investidos para novos projetos de ciência, tecnologia e inovação. Um montante que até 2026, deve chegar a R$17.645.152,25 para o complemento de projetos já contratados. Esse trabalho prevê ainda novos editais e parcerias que estão em andamento e com a previsão de que em 2025, possamos contar com um aporte de mais R$ 15 milhões.
São projetos como agricultura sintrópica; geração de novos produtos a partir da fauna, flora e microbiota; fortalecimento tecnológico de cadeias como o açaí e o cacau; geração de energia limpa e sustentável; mitigação dos riscos às populações de plantas e animais; novos bioativos para as indústrias farmacêuticas e de cosméticos; validação acadêmica dos conhecimentos ancestrais; formação de mão de obra qualificada, entre outros.
“Dentre os eixos de sustentação do Planbio a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico são de extrema relevância e a Fapespa é a responsável pelo fomento. Então, esses investimentos são refletidos nos números que vão trazer certamente qualidade de vida emprego, renda e a conservação da Floresta Amazônica”, destaca o presidente da Fundação, Marcel Botelho.
Integração - Considerando que o planejamento plurianual do Estado busca atender o território paraense, as ações são planejadas de forma que possibilite a participação e o benefício de toda a população. Para isso, a seleção dos projetos é dividida considerando-se as regiões de interação. A seleção ocorre via editais da Fapespa ou a partir de parcerias estratégicas com outras instituições do Sistema nacional de CT&I.
Na região do Guajará, atualmente, são fomentados 32 projetos. Entre eles está o AmazonCel, o primeiro laboratório de celulose e papel da região Amazônica, que produz papel a partir da fibra do açaí visando produzir embalagens sustentáveis. O laboratório já tem os primeiros resultados que mostram que a fibra é viável e pode ser convertida em celulose utilizando menos produtos químicos do que a convencional indústria.
O projeto está estudando propor papéis mistos de açaí e eucalipto. A coordenadora do projeto explica que o trabalho possui um terceiro objetivo, que é o cientificamente mais avançado, pois trata da produção de nanocelulose e nanopapéis a partir das fibras, além da bioativação desses papéis com óleos e resinas da Amazônia. “O equipamento para o último objetivo chegará início de 2025, mas já posso adiantar que será uma nova linha de papéis do açaí inovadores envolvendo nanotecnologia”, informa a coordenadora da pesquisa, Lina Bufalino, professora UFRA.
Além dos objetivos previstos, o laboratório tornou possível o desenvolvimento de uma linha paralela de papéis, de papel reciclado convencional com fibras do resíduo do açaí. “Estes papéis ficaram interessantes do ponto de vista estético e têm potencial, por exemplo, para serem papéis para convites, presentes ou de apelo Amazônico, já que é possível ver a fibra do açaí dispersa no papel reciclado”, informa a pesquisadora.