Hospital Ophir Loyola promove encontro entre laringectomizados
Momento de socialização trouxe relatos de superação e inclusão de pacientes que passaram pela remoção da laringe
O Hospital Ophir Loyola, em parceria com a Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG Brasil) e o Grupo de Acolhimento do Laringectomizados (GAL) promoveu, na última segunda-feira (16), o evento "Natal dos Laringectomizados", uma iniciativa solidária e humanizada que visa proporcionar um momento de confraternização e apoio emocional aos pacientes que passaram por laringectomia. Durante a programação, foram realizadas atividades especiais que incluíram momentos de interação, com música e presentes, proporcionando um clima de acolhimento e alegria.
Um levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontou que o câncer de laringe acomete principalmente homens, a partir dos 70 anos, e é o terceiro tumor mais prevalente na região da cabeça e pescoço, excetuando-se os tumores de pele não melanoma. Os principais fatores de risco são o tabagismo e o etilismo (abuso de substâncias alcoólicas). Em termos de mortalidade, ocupa o 9º lugar nos homens e o 20º lugar entre as mulheres.
A Divisão de Fonoaudiologia do HOL desenvolve um trabalho de orientação na Clínica de Cabeça e Pescoço, além de atuar na reabilitação de pacientes no ambulatório. “O hospital assiste 35 pacientes laringectomizados, pessoas que perderam a laringe devido ao câncer em estágio avançado e passam por reabilitação vocal com a nossa equipe. Oferecemos um atendimento de alta complexidade com acompanhamento fonoaudiológico no pré-cirúrgico, no momento da cirurgia, no transoperatório e pós-cirurgia. É a única instituição de saúde no Estado a realizar esse tipo acompanhamento”, informou a fonoaudióloga, Marilu Wakimoto.
“Buscamos aperfeiçoar a comunicação, promover a socialização entre os membros do grupo e a inclusão social, aspectos fundamentais durante o enfrentamento da doença. E, esse encontro vem justamente fortalecer os laços e promover o bem-estar e a autoestima dos nossos pacientes, que muitas vezes enfrentam desafios no processo de recuperação e reintegração social devido às sequelas ocasionadas pela laringectomia”, destacou a fonoaudióloga.
O comerciante Leonel Vergolino, de 57 anos, foi diagnosticado com câncer de laringe há cerca de dois anos. Ele passou pela primeira cirurgia de laringectomia para tratar o tumor e ficou com as capacidades vocais comprometidas, após seis meses o câncer retornou e uma segunda cirurgia foi realizada e atualmente faz uso de uma prótese vocal. Leonel é o único paciente da Clínica de Cabeça e Pescoço que consegue se comunicar por duas vozes, produzida pela prótese e a esofágica, produzida pelo esôfago.
“Lembro que fui me consultar com o especialista e já saí de lá direto para a cirurgia, a princípio, fiquei muito triste, assustado, mas tenho seis filhos e pensei assim: ‘Estou vivo, preciso cuidar das minhas crianças’. Não é fácil perder a voz de uma hora para outra. A prótese foi um presente de Deus, tenho muito a agradecer ao hospital, consigo falar, ganhei volume na voz e consigo me comunicar melhor com aspessoas”, disse.
Outro relato é o do idoso Edivaldo Moreira, 74 anos, que foi laringectomizado há 10 anos. Ele conta o impacto que a laringe eletrônica teve na vida dele e a importância do atendimento promovido pelo hospital após a perda do órgão. “Com esse aparelho, eu consegui me comunicar novamente, fazer compras e conseguir ser compreendido pelas pessoas. O atendimento das fonoaudiólogas é de extrema importância, pois devolve a capacidade de falar para nós, pacientes”, afirmou.
Texto: David Martinez, sob supervisão de Leila Cruz