Financiamento climático é tema de conversa no Congresso Amazônico de Meio Ambiente
Painel tem como foco principal integrar a sociedade amazônida nas discussões sobre o apoio financeiro climático
Durante a realização do 1° Congresso Amazônico de Meio Ambiente, na última quarta-feira (11), a importância do apoio financeiro para as ações de redução, mitigação e adaptação climática no Pará foi pauta do painel sobre financiamento climático. Foram apresentadas modalidades de financiamento e esclarecimentos sobre a necessidade de criar vias de acesso a recursos com foco em financiar os custos climáticos.
O painel foi mediado pela secretária adjunta de Gestão de Recursos Hídricos e Clima, Renata Nobre, com a participação da professora e pesquisadora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Lise Tupiassu, e da diretora de Políticas Públicas e engajamento da La Clima, Caroline Rocha. Elas palestraram sobre as questões da natureza, como os sistemas alimentares, que podem ser um legado político para Belém, e o New Collective Quantified Goal on Climate Finance (NCQG), a nova meta de financiamento global para substituir os 100 bilhões de dólares anuais que eram meta do Acordo de Paris.
“A redução do desmatamento, as ações de mitigação e adaptação tem um custeamento alto, que envolve uma transição da economia, mudanças de paradigma e cultura dos empreendedores, dos produtores, em especial os de agricultura familiar, que têm difícil acesso à educação e a tecnologias que permitem trazer resultados de menores emissões”, afirmou a secretária.
Renata Nobre acrescentou, ainda, que “esse debate foi essencial para que as pessoas entendessem sobre a existência de financiadores para resultados de mitigação e adaptação climática, onde eles estão, como são feitos e o que é preciso para ir atrás desse financiamento”.
Metas da COP 30 - Na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 (COP 29), em Baku, foi estabelecido o NCQG, uma nova meta de 300 bilhões, visando estabelecer uma nova meta financeira para apoiar países em desenvolvimento em suas ações climáticas pós-2025.
“Então, na COP 30, o Brasil tem uma dupla responsabilidade. A primeira é construir o caminho de Belém para Baku, para mobilizar além dos 300 bilhões, chegando a 1,3 trilhão de dólares anuais em financiamento climático, mas também qualificar esse tipo de financiamento para que seja baseado em doações e não empréstimos, a fim de que não haja um crescimento da dívida e do endividamento dos países em desenvolvimento e para que ele tenha metas em adaptação, metas em perdas e danos e que olhe para pontos temáticos específicos como natureza e sistemas alimentares, que são a base da economia da Amazônia”, destacou Caroline Rocha.
O congresso tem como objetivo amplificar o debate sobre políticas ambientais, mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável no Pará. Para reafirmar o compromisso do Pará em alinhar desenvolvimento econômico com preservação ambiental, por meio da bioeconomia, com tecnologias verdes e manejo sustentável da floresta amazônica, ações que reforçam o papel do Estado como protagonista no enfrentamento das mudanças climáticas e no avanço de uma economia de baixo carbono.
“Esse evento é fundamental, afinal um dos grandes legados de Belém será sediar a COP 30, e trazer essas discussões para o seio da população, para entender porque o mundo todo fala da Amazônia como sendo o pulmão do mundo e chave para a solução das mudanças climáticas, porém ainda temos pouca participação dos amazônidas nessa discussão, o primeiro passo é serem integrados. Para isso eles precisam entender o que está sendo discutido. Eventos como esse trazem para toda a comunidade, esclarecimentos sobre essas questões, debates aprofundados que tratam desses temas, é um elemento essencial para que a gente possa fomentar essa participação no âmbito da COP, para que a Amazônia seja um vetor de luta contra as mudanças climáticas. A Semas está de parabéns”, finaliza Lise Tupiassu.
Texto: Vinicius Silva - Ascom/Semas