Munduruku recebem capacitação de Brigadas de Incêndios em Jacareacanga
Parceria do Corpo de Bombeiros e Secretaria dos Povos Indígenas qualificou cerca de 30 indígenas para atuação como brigadistas no Alto Tapajós
Mais de 30 indígenas Munduruku foram capacitados no Curso de Brigada de Incêndios, no Alto Tapajós, município de Jacareacanga, no sudoeste do Pará, entre os dias 9 e 10 de dezembro. A realização foi do Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA), em parceria com a Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), por meio do governo do Estado.
“Foi importante para gente participar desse curso", afirmou Valter Munduruku. "É a primeira vez que participamos. Sabemos que é difícil, mas nós mesmos fomos atrás dessa capacitação, porque recentemente tivemos queimadas grandes aqui. A gente não sabia bem como apagar, mas conseguimos. Agora, com esse curso, vamos saber como lidar em situações assim”, acrescentou ele.
O local de realização do curso foi a Aldeia Karapanatuba e foi solicitada pela Associação Indígena Pusuru, em decorrência da crescente necessidade de proteger os territórios indígenas diante dos incêndios florestais na região anualmente. A qualificação dos indígenas auxilia no trabalho de prevenção de queimadas ou, em casos específicos, a brigada antecipa o combate ao fogo até a chegada dos bombeiros.
“Foram dois dias satisfatórios e bastante produtivos durante o curso. O nosso objetivo era capacitá-los para em um momento de estiagem, quando necessário o combate ao fogo, já tivesse uma brigada formada nesse combate inicial. Com uma brigada formada no local, ajuda o trabalho dos bombeiros e na vida dos próprios indígenas, que evitam a perda de lavouras, de vidas e da floresta. É gratificante para nós. Saímos daqui com a sensação de ver cumprido”, afirmou o Sargento Dirceu, do Corpo de Bombeiros Militar.
A Sepi articulou a ação junto ao Corpo de Bombeiros, que teve a missão de executar o curso. A iniciativa contou com o apoio da empresa Equatorial Energia, com fornecimento de recursos e da alimentação para os indígenas, nos dois dias da capacitação.
“O curso é fundamental porque leva aos indígenas os conhecimentos e técnicas de controle de incêndio e também de prevenção. Quando a gente fala de mudanças climáticas e crises hídricas a gente precisa pensar em ações que sejam de curto e médio prazo. e o trabalho do Corpo de Bombeiros é fundamental para que a gente possa fortalecer políticas importantes para que se possa ter uma gestão ambiental e territorial para a manutenção dos ecossistemas”, disse Bianca Hammerschmidt, coordenadora de Gestão Territorial, Ambiental e Justiça Climática da Sepi.
Preservação Ambiental - Esses fatores climáticos têm aumentado a vulnerabilidade da região a desastres ambientais, incluindo incêndios florestais, o que agrava ainda mais os desafios para a preservação ambiental e a proteção das comunidades indígenas que habitam essas áreas. O curso beneficia não apenas as comunidades envolvidas no processo de formação, mas também contribui para a preservação do bioma do estado, conhecido por sua rica biodiversidade.
"A seca severa deixa o ar mais quente e provoca a seca dos rios e intensifica os focos de incêndio e vem uma grande demanda dos territórios, para que a gente leve capacitações como essa, forma brigadas de incêndios, fortalecer os guardiões, que já fazem a gestão ambiental e territorial das terras indígenas. Nós, como secretaria de estado, que faz a articulação com outros órgãos, conseguimos garantir que dois cursos sejam realizados ainda este ano. A nossa proposta é que a gente consiga agir em todas as regiões de integração”, pontuou.
Proteção - O governador Helder Barbalho decretou situação de emergência em todo o Estado, através do Decreto nº 4.151, de agosto de 2024, que proíbe a utilização de fogo, inclusive para limpeza e manejo de áreas. O decreto faz parte de um esforço coordenado entre o Governo Federal e os Estados da Amazônia Legal para mitigar os efeitos adversos das queimadas na região, com o objetivo de preservar o meio ambiente e proteger as populações locais.
Como proposta da Sepi, o curso em diversas regiões poderá servir como referência para a construção de um projeto mais amplo, tendo em vista que a formação de brigadistas é uma das ações estratégicas da secretaria.
“Percebemos também o interesse da participação de mulheres indígenas e também da juventude nessas capacitações. É importante a presença delas e dos jovens porque eles vão adquirir esse conhecimento, repassar para outras gerações e garantir a manutenção dos modos de vida dentro dos territórios”, finalizou.