Profissionais de saúde recebem orientações sobre doença de Chagas
Recomendações sobre o protocolo de investigação e tratamento para a doença de Chagas no Pará foram alguns dos temas tratados durante a programação do curso de atualização em Vigilância Epidemiológica, realizado nesta quinta-feira, 8, pela Coordenação de Gestão de Risco da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, e direcionado a médicos e enfermeiros da instituição.
Destacado pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o coordenador estadual do Programa de Controle da Doença de Chagas, Luís Carlos Pereira, falou sobre a situação atual da doença de Chagas no Pará, abrangendo os aspectos de prevenção; ações de higiene alimentar, principalmente cuidados com a manipulação e ingestão do açaí; suspeição da doença de Chagas; sinais e sintomas mais comuns da doença no Estado; e o diagnóstico precoce e o tratamento na fase aguda.
Entre outras recomendações, Luis Carlos alertou que o diagnóstico precoce é fundamental nos casos de doença de Chagas porque, quanto mais tempo o paciente leva para iniciar o tratamento, mais danos o parasito Trypanosoma cruzi causa no organismo, principalmente ao coração. Um paciente com suspeita da doença precisa ser logo notificado e imediatamente encaminhado para exame e início do tratamento, visando à redução das sequelas, uma vez que a doença de Chagas não tem cura.
Todo paciente agudo torna-se crônico com ou sem sequelas. Embora a sorologia possa dar negativa para a doença após algum tempo, o parasito permanece no tecido e o estrago que faz no coração é irreversível. “Por tudo isso, o paciente com Chagas recebe medicamento específico por dois meses e permanece sob acompanhamento pelo período de cinco anos”, explicou a médica Ana Yecê Pinto, coordenadora do Setor de Atendimento Médico Unificado do Instituto Evandro Chagas (IEC), que possui estudos pioneiros feitos entre 1965 e 1969, que já demonstravam a hipótese de transmissão alimentar de doença de Chagas. Ambas as discussões também foram acompanhadas pelo assessor de Gestão de Risco da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, enfermeiro Edilson Calandrine, durante o curso realizado na sala de treinamento da instituição.
Somente este ano, foram registrados 67 casos da doença no Pará. Em 2014 foram 156 ocorrências e 133 registros confirmados da doença no ano anterior. Aos presentes foi também informado que no no dia 26 de dezembro de 2012, a Sespa publicou a Portaria nº 1.619, que estabelece a Rotina de Seguimento Ambulatorial da Doença de Chagas no Pará em toda a rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de garantir atendimento clínico adequado aos pacientes com doença de Chagas no Pará, cumprindo o protocolo clínico instituído pelo Ministério da Saúde.
Na prática, a portaria resultou no Manual de Recomendações para Diagnóstico, Tratamento e Seguimento Ambulatorial de Portadores de Doença de Chagas, que foi elaborado pela médica cardiologista Dilma Souza e pela médica infectologista Rita Monteiro, e vem sendo distribuído aos profissionais de saúde, principalmente médicos, enfermeiros e estudantes de Medicina, que atuam na rede pública de Saúde.
O manual enfatiza os aspectos da clínica, do diagnóstico e do tratamento da doença e, em especial, da cardiopatia chagásica aguda, assim como condutas que devem nortear o tratamento de grupos especiais como crianças, gestantes e lactentes.
Desde 2011, o HUJBB é referência estadual em Doença de Chagas. É para ele que devem ser encaminhados os pacientes em estado mais grave, enquanto o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna funciona como referência em casos de acometimento cardíaco grave em fase aguda ou crônica.
O Plano Estadual de Intensificação das Ações de Controle da Doença de Chagas inclui atividades de vigilância epidemiológica e sanitária, pesquisa de reservatórios animais, vigilância laboratorial e assistência. O papel da Sespa é apoiar os municípios, com assessoria técnica e capacitação profissional para que o serviço funcione da melhor forma possível.
A doença de Chagas é transmitida pelo barbeiro infectado, que ao picar uma pessoa sadia deposita fezes contaminadas no ferimento, permitindo a entrada do parasito Trypanosoma cruzi na corrente sanguínea. A doença também pode ser transmitida por via oral, com alimentos contaminados pelo barbeiro.
Na fase aguda, os principais sintomas são dor de cabeça, febre, cansaço, edema facial e dos membros inferiores, taquicardia, palpitação e dor no peito e falta de ar. Como os sintomas iniciais parecem com o de outras doenças, a pessoa deve procurar atendimento médico imediato para fazer exame e ser referenciado para o serviço especializado.