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Ophir Loyola debate o acesso aos cuidados integrados na atenção oncológica

A cada ano, mais de 9 mil novos casos de câncer são diagnosticados no Estado, sem contabilizar os pacientes que estão em tratamento contra a doença

Por Leila Cruz (HOL)
28/11/2024 17h20

O Hospital Ophir Loyola (HOL) reuniu profissionais de saúde para debater o protocolo de acesso do paciente aos serviços especializados da rede integrada de atenção oncológica no Pará. A programação alusiva ao Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado na quarta-feira, 27, contou com a presença da coordenadora Estadual de Oncologia, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Patrícia Martins.

Dentre os tópicos abordados no vento, foram destacados a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e o Programa Nacional de Navegação da Pessoa com Diagnóstico de Câncer.

A cada ano, mais de 9 mil novos casos de câncer são diagnosticados no Estado, sem contabilizar os pacientes que estão em tratamento contra a doença. Segundo a representante da Sespa, o principal desafio é garantir a equidade no acesso aos cuidados aos usuários do SUS, tanto em ambiente ambulatorial quanto hospitalar.  

"O protocolo de acesso foi aprovado desde 2021 a fim de facilitar o acesso à média e alta complexidade em oncologia, desde a consulta aos exames especializados. A ideia é possibilitar o diagnóstico precoce conforme a Lei dos 30 dias e, após a confirmação do câncer, assegurar o início do tratamento oncológico em até 60 dias. Então, o protocolo vem para clarear e ajudar os profissionais de saúde a conduzirem a navegação do paciente na rede de atenção para que ele consiga ter esse diagnóstico e o tratamento precoce", afirmou. 

Além disso, Patrícia Martins ressaltou o avanço das políticas públicas voltadas para oncologia em âmbito nacional, por exemplo, a "Lei dos 30 Dias", aprovada em outubro de 2019, uma legislação que garante que pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) com suspeita de câncer tenham os exames diagnósticos realizados em até 30 dias. Segundo a gestora, o País tem evoluído bastante desde a instituição da primeira Política Nacional de Atenção Oncológica (PNAO) em 2005, hoje inserida no SUS.

"Atualmente, existe a legislação que compreende a importância das inovações tecnológicas, os avanços na parte da oncologia infantil, que é um novo desafio e, principalmente, a ampliação da rede de oncologia com descentralização das unidades de alta complexidade de oncologia por todo o Brasil", afirmou.

Patrícia Martins destacou inclusive o trabalho desenvolvido pela Sespa para fortalecer os serviços de média complexidade nas unidades de saúde, tanto nas policlínicas quanto nos hospitais regionais. "São mais de 20 polos em todo o estado para fazer o diagnóstico precoce dos tipos de câncer mais prevalentes, como câncer de colo de útero, câncer de mama, próstata, cólon e reto e estômago. Esses serviços possuem um olhar diferenciado para prestar cuidados integrados a esses tipos de câncer mais incidentes na população paraense", ressaltou.

Incidência - Segundo a coordenadora de oncologia da Sespa, o Pará tem uma incidência peculiar em relação ao restante do País. As taxas estimadas para o triênio 203-2025 do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que os cânceres com maior incidência no público feminino paraense são os de mama (1.020 - 23,88), colo de útero (830 - 19,48), cólon e reto (350 - 8,50) e estômago (340 - 8,11), nessa ordem no ranking. Para o sexo masculino, nesse mesmo período, o Instiuto indica que os cânceres mais prevalentes são o de próstata (1.050 - 28,41), estômago (640 - 17,20), traqueia, brônquio e pulmão (380 - 10,72) e na quarta posição está o câncer de cólon e reto (290- 7,66).

Além disso, Patrícia Martins ainda destacou que a leucemia, câncer que afeta as células sanguíneas, é o quinto (200 - 4,66) mais incidente nos homens e o sexto (160 - 3,95) nas mulheres paraenses.

Fatores de risco - O câncer é uma doença multifatorial, ou seja, é resultado da interação de diversos fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença. O tabagismo está associado a vários tipos de câncer e é responsável por cerca de 90% das mortes por câncer de pulmão. As infecções virais também assumem um papel importante na oncogênese, dentre os quais se destacam o Papilomavírus Humano (HPV), o H. Pylori, Epstein-Barr virus (EBV) e os vírus da Hepatite B e C.

"A vacinação contra o HPV é muito importante na prevenção dos cânceres de colo de útero, pênis, ânus, vulva, orofaringe e boca. Contudo, como a região Norte não atingiu a meta de 80% da cobertura vacinal, a imunização foi estendida até 19 anos e com apenas uma dose.
Precisamos incentivar a vacinação em nosso Estado que tem grande incidência do câncer de colo de útero, que é 99,99% prevenível e tratável se diagnosticado precocemente", afirmou.

Vale também destacar a manutenção dos bons hábitos alimentares, a importância de evitar a inatividade física e a obesidade. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30% dos casos de câncer estão relacionados a maus hábitos alimentares. Entre os alimentos que oferecem risco estão, carnes vermelhas, frituras, refrigerantes e alimentos processados. Além do abuso no consumo de bebidas alcoólicas.  

A representante da Sespa ainda comentou sobre o "Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE)", uma estratégia do Ministério da Saúde que busca aumentar o acesso e a qualidade da Atenção Especializada em Saúde (AES). "Essa oferta de cuidado não é só para oncologia, serve para todos os tipos de especialidades médicas, mas é, principalmente, direcionada para a oncologia, garantindo acesso a diagnósticos, consultas, exames e cirurgias", destacou.