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Simpósio debate o uso de ozonioterapia  e cirurgias bucomaxilofaciais em pacientes oncológicos

Especialistas renomados debateram tratamentos utilizados em pacientes com diagnóstico de lesões e doenças do aparelho mastigatório e estruturas craniofaciais causadas por câncer

Por Leila Cruz (HOL)
17/11/2024 11h27

O uso da ozonioterapia em pacientes oncológicos foi um dos temas debatidos no IV Simpósio de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Ophir Loyola (HOL/UEPA), realizado no sábado, 16. O evento integra a programação científica do I Congresso Amazônico de Oncologia, promovido pelo Hospital Ophir Loyola (HOL) nos dias 15 e 16, no Hangar Centro de Convenções, em Belém. A programação reuniu profissionais da área de diferentes estados do Brasil, incluindo Pará, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

Sérgio Bruzadelli é dentista, professor da Universidade de Brasília (UnB) e atua no Hospital Universitário da mesma instituição e foi o responsável pela palestra intitulada "Ozonioterapia em Pacientes Oncológicos", na qual abordou o papel fundamental da ozonioterapia no tratamento de necroses ósseas que afetam a maxila e a mandíbula em pacientes oncológicos e destacou a importância do tratamento. "O uso do ozônio é importante no manejo de necroses associadas ao tratamento do câncer, especialmente aquelas induzidas por radioterapia ou pelo uso de bisfosfonatos, medicamentos comumente prescritos para prevenir complicações ósseas. Temos casos de necroses bastante agressivas, e a ozonioterapia tem se mostrado uma ferramenta valiosa, ajudando esses pacientes a recuperar qualidade de vida", avaliou o professor.

Bruzadelli destaca que a ozonioterapia reduziu o número de cirurgias bucomaxilofaciais no Hospital Universitário da UnB. "Com o uso da ozonioterapia, conseguimos reduzir significativamente as cirurgias, pois, na maioria dos casos, conseguimos resolver as necroses de forma integral. Em outros, a ozonioterapia diminui a extensão das cirurgias, porque ela diminui a contaminação microbiana, o que possibilita trabalhar cirurgicamente em um campo menos contaminado", explica o especialista.

Ele ressalta também o uso da ozonioterapia no tratamento da xerostomia, ou boca seca, em pacientes que passaram por radioterapia para tratamento de tumores malignos. "A radioterapia pode comprometer as glândulas salivares, fazendo com que o paciente tenha boca seca o tempo todo. A ozonioterapia, em sua forma bioestimulante, melhora bastante a qualidade de vida desses pacientes, pois estimula a produção de saliva. Normalmente, são necessárias entre 10 e 12 sessões para observarmos uma boa resposta nas glândulas salivares", completa Bruzadelli.

Para o cirurgião bucomaxilofacial, Marcelo Carneiro, a relevância da cirurgia bucomaxilofacial é fundamental na qualidade de vida de pacientes oncológicos. Protesiólogo bucomaxilofacial e coordenador do serviço de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial do HOL, Carneiro explica que o treinamento e as intervenções cirúrgicas são realizadas no âmbito da residência, coordenada em parceria com a Universidade do Estado do Pará (UEPA).

"A cirurgia é fundamental para aqueles que enfrentam sequelas causadas por radioterapia e quimioterapia, especialmente na região oral e maxilofacial. Os procedimentos são realizados principalmente no Ophir Loyola, mas também no Hospital Metropolitano e em outros cenários, proporcionando uma experiência diversificada para os residentes. Em 2023, a Residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF) do Ophir Loyola realizou mais de 700 intervenções", destacou Carneiro.

Carneiro pondera que nem todos os casos de consequências ou sequelas de radioterapia e quimioterapia são resolvidos com cirurgias. "A indicação das intervenções cirúrgicas vai depender de cada caso. As osteonecroses podem ser tratadas com cirurgia, mas também com medicamentos ou ozonioterapia. Também realizamos tratamentos com laserterapia para pacientes que desenvolvem lesões orais por conta da radioterapia e da quimioterapia. Esse tratamento é realizado antes, durante e após o tratamento oncológico", acrescentou.

Para Marcelo Carneiro, o principal desafio profissional é ajudar os pacientes oncológicos a recuperar o bem-estar e a qualidade de vida. "O grande desafio é, na verdade, restituir ao paciente a qualidade de vida que ele tinha antes do tratamento. As lesões e mutilações na região facial podem comprometer tanto a função quanto a estética, e restaurar esses aspectos é, em muitos casos, um processo difícil. No entanto, fazemos o máximo possível para proporcionar aos pacientes uma melhor qualidade de vida e reintegrá-los ao convívio social, já que muitos acabam se isolando devido ao impacto das sequelas", conclui.