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Cenário do câncer de pênis no Pará é destaque em programação científica

O Centro de Alta Complexidade em Oncologia do Pará - Hospital Ophir Loyola realizou assistiu mais de 250 pacientes durante o período de 2021 a 2024

Por Leila Cruz (HOL)
16/11/2024 14h58

O Hospital Ophir Loyola, por meio do I Congresso Amazônico de Oncologia, debateu na sexta-feira, 15, o cenário do câncer de pênis no Pará em referência ao Novembro Azul, mês dedicado às campanhas voltadas para a saúde integral da população masculina. A programação contou com a participação do Dr. Luis Otávio Pinto, urologista reconstrutor do hospital e presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), seção Pará.

Conforme um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde (MS), de 2012 a 2022 foram registrados mais de 21 mil casos de câncer de pênis no país e mais de 6 mil amputações de 2013 a 2023. Ainda segundo dados, mais de 4 mil mortes foram causadas pela doença de 2011 a 2021. O Centro de Alta Complexidade em Oncologia do Pará - Hospital Ophir Loyola realizou assistiu mais de 250 pacientes durante o período de 2021 a 2024.  

"Apesar de raro, o câncer de pênis é agressivo e possui uma taxa de mortalidade elevada. Os sobreviventes, além das sequelas físicas decorrentes de amputações parciais ou totais, enfrentam também um grande impacto psicológico. Geralmente, ficam estigmatizados e isso traz sequelas não somente de cunho funcional, mas também psicológico, afetando a capacidade de ter uma boa relação com a esposa, por exemplo. É realmente uma situação muito delicada", afirmou o urologista.

O presidente da SBU acredita na subnotificação de casos no Pará, que está atrás do Maranhão quanto à incidência. "Em países desenvolvidos o câncer de pênis ocupa o oitavo ou nono lugar dentre os tumores urológicos (que incluem próstata, rim, bexiga), mas estão entre os três mais incidentes em nosso estado, competindo diretamente com o câncer de próstata (o mais comum) e o de bexiga, e disputando muito perto com o câncer de rim, por exemplo. Então, a situação é realmente uma situação ruim", destacou.

"Por que esse tipo de câncer é tão comum em nossa região? Sabemos que está associado à promiscuidade, a pessoas que não têm bons cuidados de higiene ou que nem mesmo sabem como higienizar essa região, e essa falta de cuidado favorece o desenvolvimento de irritações que podem evoluir para um câncer", esclareceu o especialista.

Tratamento em fase inicial ainda é desafio

Os procedimentos poupadores conseguem manter o aspecto do pênis, apesar do tratamento cirúrgico. Entretanto, somente são possíveis quando o paciente chega em fase inicial, mas essa ainda não é uma realidade de todos casos assistidos na região Norte. Conforme explica o urologista reconstrutor do HOL e presidente da SBU, seção – Pará, Luiz Otávio Pinto, a dificuldade ocorre porque o homem não imagina que aquela lesão inicial possa ser câncer.

O câncer de pênis não surge de forma abrupta, é um processo crônico. Então, desde jovem, a pessoa pode ter essas irritações, que vão se agravando com o tempo e, por volta dos 60 anos, pode desenvolver a doença. "Esse tumor surge a partir de uma inflamação crônica, uma ferida que se machuca de forma constante e, se não tratada, pode evoluir para um tumor maligno. Geralmente, quando o paciente chega ao Ophir Loyola, a doença já está bem desenvolvida e temos de recorrer às amputações clássicas, a maioria tem mais de 60 anos".

Geralmente, os homens só buscam ajuda especializada quando o tumor encontra-se em estágio avançado e não é possível preservar a estrutura do órgão sexual, deixando-a mais próxima do que era originalmente. Muitos são os casos em que as amputações são inevitáveis, esse é o nosso cenário. O urologista destaca que é necessário mobilizar os agentes de saúde para orientação da população masculina sobre a higienização da região íntima e a importância do sexo seguro, principalmente em regiões mais remotas, a exemplo das regiões de ilhas, como o Marajó.

"O pênis deve ser higienizado diariamente com água e sabonete para evitar o acúmulo de secreções que podem ocasionar infecções precursoras da neoplasia. Não menos importante é sobre o uso de preservativos nas relações sexuais para evitar a contaminação pelo Papilomavírus Humano (HPV), transmitido por meio de relações sexuais desprotegidas. É também estão entre o grupo de risco, os fumantes e aqueles que têm fimose (excesso de pele que impede a exposição da glande e a limpeza adequada da área)", destacou.

Segundo Luiz Otávio, é desejável encaminhamento mais rápido para os centros de referência como o Hospital Ophir Loyola. "O homem precisa passar por consultas e exames regularmente, o diagnóstico em fase inicial torna o tratamento mais eficaz e garante mais dignidade e qualidade de vida para os pacientes", concluiu.