Emater fortalece associativismo e cooperativismo entre agricultores
Um dos objetivos da Empresa de Assistência Técnica (Emater) em Castanhal, município do nordeste estadual, é aumentar a participação de mulheres
Um ciclo de capacitação em Associativismo e Cooperativismo conduzido pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) de Castanhal, na Região Metropolitana de Belém (RMB), tem movimentado a zona rural do município ao longo deste semestre.
O objetivo é incentivar os agricultores a se organizarem em nível social, como grupos registrados, de modo a fortalecer as cadeias produtivas e a facilitar o acesso às políticas públicas, a partir de informação, debate e autonomia.
A mobilização foca em lideranças que possam atuar como multiplicadoras. De acordo com a equipe da Emater, outra diretriz é de valorização das mulheres, para aumento da participação nos movimentos sociais e identificação de demandas específicas e de enfrentamentos agravados pela questão de gênero, como dupla jornada de trabalho (na roça e cuidando da casa e dos filhos), menor escolaridade e violência doméstica.
“Podemos chamar esses representantes comunitários de ‘lideranças internas’: não são pessoas que ocupem cargos estruturais ou oficiais, mas são pessoas conhecidas e reconhecidas na coletividade, por motivos vários: postos religiosos, profissionais-referência. Essas pessoas costumam ser vistas e ouvidas com especiais respeito e consideração pelos amigos, parentes e vizinhos”, explica o responsável pela ação da Emater, o sociólogo José Henrique Soares, especialista em Agricultura Familiar.
Apenas na primeira quinzena de novembro, cerca de 30 famílias de duas comunidades já participaram do processo: Primeiro de Janeiro e Terra Prometida - no ramal Ariranha, no Km 15 da rodovia PA-127.
As principais atividades são criação de galinha-caipira e de porco, cultivo de tambaqui em tanque-escavado, plantio de mandioca e preparo de beiju e de farinha “baguda”, fruticultura (tais quais açaí e mamão) e horticultura (a exemplo de alface e cheiro-verde).
O próximo treinamento realizar-se-á na quinta-feira (14), na comunidade São Paulo, no km 12 da rodovia PA-136.
Importância
Para Soares, a formação teórica e a metodologia dinâmica são importantes porque resgatam ancestralidade, história viva e visão de futuro: “Vale ressaltar que esta iniciativa compõe o planejamento anual do Escritório, dentro do Proater [Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural], o mais consistente instrumento de gestão da Emater. Quando conversamos e conscientizamos sobre organizações sociais, ressignificamos tradição e luta, em um contexto muito além da mera sistematização e do mero encaminhamento”, diz.
Um dos destaques de voz e a atitude é a produtora rural Gleide Santos, de 50 anos, vice-presidente da Associação de Agricultores Força da Fé Terra Prometida (sem sigla), entidade que representa os cerca de 100 moradores da comunidade Terra Prometida.
Ela e o companheiro, Antônio Nascimento, de 61 anos, tesoureiro da Associação, são influentes na Casa de Oração Renascer, igreja evangélica fundada em uma das propriedades do casal: Nova Sião.
Os dois eram viúvos quando passaram a conviver, em união estável, e hoje conduzem juntos os sítios que pertenciam na origem a cada, um ao lado do outro: Nova Sião e São Luís.
Na opinião de Gleide, a Emater existe também como respostas a orações: “Nós pedimos ‘decidimento’ de Deus e a Emater vem como uma imensa ajuda, porque dá oportunidade, traz aprendizado e ainda pega nossas mãos pra que nós caminhemos unidos, como Associação”, indica.
Texto de Aline Miranda