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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal celebra desova de quelônios

No Xingu, a Unidade de Conservação do Ideflor-Bio funciona como um lugar protetor para as espécies, e permite o nascimento de milhares de filhotes

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
04/11/2024 12h26

No Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal, em Senador José Porfírio, no sudoeste paraense, a temporada de desova de tartarugas-da-amazônia, tracajás e pitiús trouxe uma verdadeira explosão de vida. Considerada uma das maiores áreas de reprodução de quelônios no mundo, a Unidade de Conservação (UC) do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) tem sido refúgio para a perpetuação dessas espécies ameaçadas, onde entre 500 mil a 700 mil filhotes nascem anualmente. Este fenômeno torna o local uma das áreas mais importantes para a conservação de quelônios na Amazônia.

Criado pelo Decreto nº 1.566, de 17 de junho de 2016, o Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal possui uma área de 4.033,94 hectares e fica a cerca de 906 km de Belém. A UC, gerida pelo Ideflor-Bio, é um local de Proteção Integral, onde o uso de recursos naturais é restrito. Esse status garante a preservação das áreas de desova e assegura um ambiente seguro para esses quelônios.

A UC abriga a maior área de desova da tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa), uma das espécies mais vulneráveis da região. No local, também ocorre a reprodução de tracajás (P. unifilis) e pitiús (P. sextuberculata). As tartarugas percorrem grandes distâncias para chegar ao Tabuleiro do Embaubal, o que reforça o papel da área na proteção de animais migratórios. “Esse local é vital para a continuidade das espécies, pois elas buscam o ambiente seguro do Tabuleiro para garantir a perpetuação das novas gerações,” destacou o técnico em Gestão Ambiental do Ideflor-Bio, Átilla Melo.

Biodiversidade - Além dos quelônios, o Tabuleiro do Embaubal também é habitat de outras espécies amazônicas de importância para a conservação, como o boto-vermelho (Inia geoffrensis), o peixe-boi amazônico (Trichechus inunguis) e diversas espécies de jacarés. A presença dessas espécies no refúgio evidencia a importância ecológica da região, que serve não só como área de reprodução, mas como um verdadeiro santuário de biodiversidade.

A grande variedade de fauna atrai também aves migratórias, como a águia pescadora (Pandien haliaeteus) e o maçarico, representando ainda uma parada estratégica para várias espécies de aves. Esse intercâmbio entre diferentes grupos de animais ajuda a preservar a cadeia ecológica local, mantendo o equilíbrio dos ecossistemas amazônicos. “O Tabuleiro do Embaubal é um verdadeiro berço da vida amazônica. Proteger esse refúgio é garantir que futuras gerações conheçam a riqueza natural que temos aqui,” afirmou o gerente da Região Administrativa do Xingu, Marco Aurélio de Oliveira.

Ações - Com o período de desova, as ações de monitoramento e fiscalização no refúgio são intensificadas para garantir a segurança dos ovos e dos filhotes de quelônios. A equipe do Ideflor-Bio atua para evitar a predação natural e coibir a ação de caçadores e comerciantes ilegais, ameaças recorrentes que comprometem a sobrevivência dos animais. As operações de patrulha com o apoio do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) e educação ambiental envolvem tanto os técnicos quanto os agentes da segurança pública e a comunidade local, que é orientada sobre a importância da preservação.

O trabalho realizado no Tabuleiro do Embaubal é essencial para a recuperação das populações de quelônios na região. Segundo Átilla Melo, “cada filhote que nasce aqui é uma vitória. Nosso trabalho busca garantir que esses animais tenham uma chance de chegar à idade adulta e, assim, contribuir para a preservação de suas espécies”, frisou o especialista. 

A desova no Tabuleiro do Embaubal é um espetáculo natural que atrai também o interesse de pesquisadores e turistas, contribuindo para o desenvolvimento de atividades de educação ambiental e ecoturismo. A presença de visitantes, sob regras restritas, ajuda a conscientizar sobre a importância das UCs e reforça o compromisso de todos com a preservação da biodiversidade.