Estado e indústrias de açaí discutem parceria pela industrialização
Na segunda rodada de reunião, esta semana, representantes do governo estadual e das indústrias processadoras de açaí acordaram a criação de três grupos propositivos para avançar na construção de uma política pública com foco na industrialização da cadeia do açaí no Pará. Ao final do encontro, ficou definido que no dia 30 deste mês, Estado, Sindfrutas, Sebrae Pará e Embrapa voltam a se encontrar para análise das propostas para ampliação do plantio, inovação e pesquisa e incentivos fiscais.
Profissionais da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) estarão presentes nos três grupos, já que a que a secretaria é uma espécie de catalizadora da iniciativa de estruturação da economia da cadeia produtiva do açaí.
Os três grupos de discussões e proposições de iniciativas vão contar também com representantes de outros órgão do Estado, a exemplo das secretarias estaduais de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica (Sectet), Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Fundação Amazônia Paraense de Amparo à Pesquisa (Fapespa), além do Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados (Sindfrutas), Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae Pará) e Embrapa Amazônia Oriental.
“Precisamos dar um salto na economia do açaí. O Estado está determinado a fazer sua parte. É necessário assegurar a oferta o ano todo de matéria-prima às indústrias, por isso, queremos avançar com a produção irrigada do açaí em terra firme, o que necessita de tecnologia, energia e melhoramento genético das sementes do fruto’’, destaca Adnan Demachki.
“É preciso ainda construir uma política fiscal específica para a industrialização do açaí’’, frisou o secretário. “Agora, queremos parceria, propostas concretas do setor produtivo que demonstrem que ele quer prosperar também. Queremos compromissos concretos de metas de agregação de valor à atividade, com estimativas anuais de crescimento do número de empregos’’.
A Sectet, segundo o secretário Alex Fiúza, quer redirecionar os editais tecnológicos para a industrialização da cadeia. A secretaria tem no orçamento para pesquisas um total de R$ 10 milhões no próximo edital, e parte desse valor poderá ser destinado a pesquisas do açaí. "Estima-se que 99% da exportação de açaí estão sendo feitas em polpa e somente 1% com produtos de valor agregado. Precisamos inverter essa realidade e precisamos começar agora’’, observa Adnan.
Hoje, os maiores compradores estrangeiros do açaí paraense são o Japão e os Estados Unidos, mas há outros mercados inexplorados. ‘’Imagine o açaí com esse apelo genuinamente amazônico e orgânico chegando com força na Europa? E na China?'', projeta o gerente de fruticultura da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Geraldo Tavares.
O consumo local é expressivo. O vinho do açaí faz parte do hábito alimentar da população paraense, com um detalhe, quanto menos renda maior o consumo do fruto. Somente na Região Metropolitana de Belém (RMB) se consomem cerca de 300 mil litros de açaí em mais de quatro mil pontos de venda no período de safra, cujo ápice é no segundo semestre. Em todo o Pará existem dez mil pontos de vendas.