Referência em transplantes, Ophir Loyola destaca a importância da doação de órgãos e Tecidos
Um único doador pode doar diferentes órgãos e tecidos, como as córneas, o coração, o fígado, o pulmão, o rim, o pâncreas, os ossos, os vasos sanguíneos e a pele
O Hospital Ophir Loyola (HOL) realizou, nesta sexta-feira (27), uma programação alusiva ao Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes. Segundo o Ministério da Saúde (MS), apesar do Brasil ter o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, é necessário promover a conscientização da sociedade sobre a importância do ato e estimular as pessoas a conversarem com familiares e amigos sobre o assunto. A programação reuniu profissionais da Central Estadual de Transplante e do Hospital no auditório Luiz Geolás.
A representante da CET, Ana Beltrão, destacou os critérios para a definição da morte encefálica (ME) e a importância da comunicação assertiva das más notícias. “Garantir uma comunicação de qualidade facilita o diálogo com as famílias para que nossas equipes consigam efetivar a doação de órgãos e tecidos no estado do Pará. Para isso, qualificamos nossos profissionais para fazer o diagnóstico da morte encefálica e dialogar com as famílias do potencial doador de forma humanizada e obter a melhor resposta durante a entrevista", disse.
Mais de mil pessoas esperam por um ato de solidariedade no estado para seguirem com projetos e sonhos, porém ainda é preciso romper as barreiras de uma taxa de recusa familiar para doador cadáver em torno de 60%. “As campanhas sobre doação de órgãos buscam fazer com que as pessoas entendam um pouco mais sobre esse assunto, que percam o medo de serem doadores”, enfatizou Ana Beltrão.
O Hospital Ophir Loyola (HOL) já realizou 764 transplantes de rim, 380 de córnea e 10 de medula óssea e também atua na captação de múltiplos órgãos e de tecidos oculares pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A legislação brasileira determina que a retirada dos órgãos e tecidos para doação só pode ser feita após autorização dos membros da família. O doador deve ter sofrido de morte encefálica (perda completa e irreversível das funções cerebrais), desta forma, seus órgãos permanecerão aptos para serem transplantados. Pessoas vivas também podem doar, mas apenas órgãos cuja ausência não prejudicarão as funções vitais do doador após o transplante.
O Chefe do Serviço de Transplante Renal do HOL, Ricardo Tuma, abordou o cenário do transplante renal no Estado do Pará. Segundo ele, mesmo com algumas perdas após a pandemia, a equipe voltou a atuar intensivamente e resgatou todas as atividades, procedimentos com doadores vivos e falecidos. “São 20 anos do programa de transplante renal e já fizemos 764 cirurgias, certamente é uma devolutiva do governo do Estado e do HOL para atender o anseio da população ao contribuir que os pacientes saiam da máquina de hemodiálise para que tenham mais qualidade de vida”, disse.
Dr . Ricardo TumaMembro da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) do HOL, a psicóloga Renata Lobato informou que os principais motivos para a recusa familiar são as convicções religiosas, a discordância entre os familiares e a urgência em iniciar os rituais de luto. “Mesmo se a pessoa mostrar interesse em doar durante a vida, o procedimento de captação só ocorre se for consentido pela família (pais, avós, marido e esposa, filhos e irmãos). Um único doador pode doar diferentes órgãos e tecidos, como as córneas, o coração, o fígado, o pulmão, o rim, o pâncreas, os ossos, os vasos sanguíneos e a pele”, destacou.
“A Cihdott exerce um papel fundamental na identificação de potenciais doadores e na busca ativa nas Unidades de Terapia Intensiva. A partir dessa identificação, a equipe sinaliza para o médico sobre a necessidade ou não de fazer os exames para fechar o protocolo de morte encefálica. Encaminhamos a documentação à CET e, posteriormente, caso seja confirmado a ME, a equipe médica comunica a família e, posteriormente, fazemos o acolhimento e a entrevista. Caso a resposta seja positiva, acionamos as nossas equipes de captação. Mesmo diante de uma negativa, damos suporte até a chegada da funerária”, explicou a psicóloga.
Edileide Santos e a psicóloga Renata LobatoA manicure Edileide Santos, 49 anos, moradora do município de Santa Isabel, foi abordada no Pronto-Socorro após a irmã, de apenas 47 anos, sofrer um acidente vascular cerebral seguido de morte encefálica no dia 29 de julho. “Era um momento de extrema tristeza, mas conversaram bastante e com muito cuidado, sem fazer qualquer pressão. Soube que havia outras pessoas que precisavam de órgãos para viver, então, em acordo com minha mãe de 82 anos, doei tudo o que foi possível, exceto o coração porque ela tinha arritmia. Hoje me sinto feliz em saber que ela ajudou a melhorar a vida de outras pessoas”, contou.