Plataformas de aluguel de imóveis por temporada abrem em Belém oportunidades de geração de renda em grande eventos
O Círio de Nazaré e a COP 30 ampliam a demanda por hospedagem. O Governo do Pará já fez acordo com as plataformas para aumentar o número de imóveis cadastrados
A realização de grandes eventos em Belém, como o encontro do G20 Turismo, grupo formado pelas 20 maiores economias do mundo, que acontece até o sábado, 21, no Hangar, consolida a capital paraense como um importante centro de debates sobre o Turismo Internacional, no ano que antecede a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro de 2025.
“Ficamos muito felizes de receber, aqui na nossa capital, essa reunião do turismo do G20, porque é um marco importante para o desenvolvimento do Turismo do Brasil. E o Pará está inserido neste contexto, porque o Governo do Estado vem cada vez mais implementando políticas públicas de fortalecimento do turismo religioso, do turismo ambiental e do turismo cultural no nosso estado”, disse a vice-governadora do Pará e presidente do comitê estadual para a COP 30, Hana Ghassan.
Com Belém como sede do maior evento climático do planeta, organizado pela ONU, a capital se prepara para receber a participação de representantes de 190 países. A realização destes eventos, mundialmente conhecidos, como Círio de Nazaré e a COP30, aqueceu também, o mercado de hospedagem local. E um nicho que apresentou crescimento acentuado foi o de aluguel por temporada. A plataforma Airbnb, que tinha no começo do ano cerca de 700 pessoas cadastradas na região, hoje oferta aproximadamente 4.500 leitos.
Como muitos paraenses, Aline Marion prepara a casa para receber visitas no Círio de Nazaré – porém, diferentemente das pessoas que hospedam parentes durante a festa religiosa, a paraense não conhece os seus futuros visitantes: ela é anfitriã no Airbnb, uma plataforma de aluguel por temporada desenvolvida para viajantes que buscam acomodação se conectem diretamente a pessoas interessadas em alugar seu quarto ou imóvel disponível, permitindo que os anfitriões aluguem suas casas e, desta forma, garantam uma renda extra.
“Conhecer o Airbnb transformou minha vida financeira. Troquei a profissão de advogada para me dedicar exclusivamente a algo que me proporciona maior retorno financeiro e me faz feliz. Conheço inúmeras histórias de anfitriões que começaram como eu, apenas no intuito de obter uma alternativa de renda, mas hoje vivem totalmente do que recebem com o aluguel por temporada”, relata Marion.
Atualmente Marion anuncia oito imóveis para aluguel por temporada em Belém e está preparando mais quatro, além de administrar anúncios para outras pessoas na qualidade de co-anfitriã, um cenário muito diferente do que ela iniciou na plataforma, há cinco anos, quando tinha apenas uma casa e um sonho.
“Qualquer pessoa pode ser anfitrião no Airbnb. Além das facilidades para disponibilizar um anúncio, a plataforma possibilita ao anfitrião compartilhar um espaço inteiro ou apenas um quarto. Para começar não investi nada, apenas abri as portas da minha casa com o quarto de hóspedes que eu já tinha mesmo; depois, quando criei os outros espaços, comprei televisão, ar condicionado, roupas de cama, travesseiros novos e cortinas”, relata.
Conforme Marion, o investimento se justifica pelo retorno financeiro. Segundo ela, cada melhoria que faz em seus imóveis abre novas possibilidades de negócios. Por isso ela está de olho no futuro, a proximidade da COP 30, que acontece em Belém, abre uma enorme possibilidade para os moradores da região metropolitana, atuarem na plataforma.
“Sou anfitriã há 5 anos, já concluí mais de 500 reservas e acredito que já conheci no mínimo 800 pessoas, de diferentes países. Penso que a COP 30 fará uma grande virada de chave na vida financeira e social de muitas pessoas, inclusive com mais oportunidades para atuais e novos anfitriões no AirBnb”, destaca.
COP 30 e oportunidade de negócios
O Governo do Estado enxerga as plataformas de aluguel de curta temporada como parte importante da estratégia para acomodar todas as pessoas que virão ao Pará, acompanhar a COP 30. A expectativa do Estado é que Belém receba em torno de 50 mil visitantes nos dias do evento. Embora o Círio de Nazaré traga um fluxo maior de pessoas, o perfil de quem virá para a conferência da ONU é muito diferente das pessoas que se deslocam para a capital paraense por ocasião da festa de Nazaré, ou seja, enquanto no Círio a hospedagem ocorre na casa de parentes, a COP traz uma procura pelo aluguel de quartos, sejam de hotéis ou de plataformas como o Airbnb.
Conforme a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), a região metropolitana de Belém tem 109 estabelecimentos, entre motéis e hotéis, que podem receber hóspedes para a COP 30. Outros hotéis estão sendo construídos para o evento, como o Tivoli e o Vila Galé, em Belém, e o Aliança de Castanhal, mas para receber a demanda, o Governo do Pará aposta em uma série de soluções de hospedagem que inclui acordos com as plataformas para incentivar a adesão de paraenses a aplicativos de aluguel de curta temporada.
“O Governo do Pará fez um acordo com as plataformas de hospedagem de curta duração para promover o turismo no estado e aumentar a quantidade de imóveis cadastrados nas plataformas. Os aplicativos irão fazer campanhas para divulgar Belém como destino turístico, e também promover a capacitação dos anfitriões que queiram trabalhar com a plataforma. Como essas plataformas são mundialmente conhecidas, acreditamos que será uma forma de conectar os proprietários de imóveis que queiram trabalhar com essa modalidade de aluguel com os visitantes que queiram conhecer o Pará”, disse a vice-governadora e presidente do comitê estadual para a realização da COP30, Hana Ghassan.
Para o Gerente de Relações Institucionais e Governamentais do Airbnb no Brasil, Aleksandra Ristovic, a realização destes grandes eventos em Belém, como o Círio e a COP30, torna o ambiente favorável para quem deseja ingressar na plataforma.
“Em Belém, o Círio de Nazaré também é um grande evento que atrai turistas de todas as partes, permitindo que hóspedes tenham mais opções de acomodação e anfitriões obtenham renda extra ao disponibilizar seus espaços no Airbnb. Com a COP-30, haverá um grande tráfego de visitantes na cidade e os anfitriões do Airbnb poderão oferecer a essas pessoas toda a sua hospitalidade”, disse Aleksandra.
Aleksandra Ristovic ressalta que a plataforma está alinhada com o Governo do Pará para assegurar que o visitante tenha uma experiência inesquecível durante o tempo que irá passar na cidade da COP30. “O AirBnb está comprometido principalmente, em colaborar para a construção do desenvolvimento sustentável em favor da região. Um dos pontos mais importantes da parceria com o Governo do Pará é o empoderamento econômico da população, priorizando familiarizar cada vez mais os moradores com a plataforma e os benefícios que ela pode trazer”.
“Isto é Pará” - Ainda conforme Ristovic, acreditando no potencial de crescimento dos negócios na região, o Airbnb lançou, em parceria com o governo estadual, uma rota especial chamada “Isto é Pará”, que pode ser acessada no site da plataforma e dá sugestões de passeios com destaque de atrações na capital paraense, do Marajó, de Santarém e de municípios da região do Salgado, como Salinópolis e Bragança.
“Esta é mais uma estratégia no sentido de ampliarmos a oferta de hospitalidade e consolidar o turismo ecológico, de fortalecer o papel de Belém como capital da Amazônia e, claro, incrementar a economia do nosso Estado”, disse o governador do Pará, Helder Barbalho.
“Estamos prontos e motivados para mostrar para o Brasil e para o mundo essa cultura que vocês tem aqui no Pará”, afirmou Fiamma Zarife, diretora geral do Airbnb na América do Sul.
Qualificação - O mercado de aluguel por curta temporada é tão promissor em Belém que o Sebrae oferece qualificação profissional para aqueles anfitriões que já disponibilizam ou desejam disponibilizar seus espaços no aplicativo. “Nós temos um ambiente muito propício para fomentar o empreendedorismo, com oportunidades para quem já empreende ou quer empreender nesse segmento de hospitalidade, por conta da realização da COP 30, em Belém. E isso não é para 2025, não. É agora. Por isso, a parceria Sebrae/Airbnb é tão importante”, disse Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae no Pará.
O curso “Noções básicas de como hospedar no Airbnb”, feito por meio de uma parceria do Sebrae com a plataforma, busca qualificar empreendedores e contribuir para o Turismo local, ensinando anfitriões como gerirem reservas, calcular preços e terem excelência em qualidade de atendimento na hospedagem.
Gabriel Wisley tem 23 anos e concluiu o curso do Sebrae em agosto. Ele trabalhava com manutenção de automóveis e por se interessar por turismo, resolveu se informar sobre o Airbnb e se tornou um anfitrião. “O curso do Sebrae me ajudou muito. Como estou há dez meses na plataforma eu já sabia algumas coisas, mas me ajudou muito na questão da precificação e networking. Tive contato pessoas tanto do Sebrae quanto do Airbnb que me ajudaram a entender e expandir meu mercado”, conta o jovem, que projeta crescimento para o ano de 2025: “Eu comecei alugando dois quartos, mas até a COP30 espero ter no mínimo 10 quartos para alugar”, destaca.
A qualificação tem carga horária de 4 horas e é realizada quatro vezes ao mês. As aulas são gratuitas e devem ser ofertadas até 2025, visando a COP30.
“Serão ofertadas 20 turmas até dezembro de 2024. Nas cinco primeiras, já foram quase 200 pessoas capacitada. As inscrições estão abertas, são gratuitas e online, pela loja virtual do Sebrae no Pará (pa.loja.sebrae.com.br)”, detalha Magno.
Plataformas e legado de desenvolvimento do Turismo
Conforme Aleksandra Ristovic, o belenense tem tudo para lucrar com a plataforma porque possui um requisito básico: a vontade de receber bem os visitantes. “A população de Belém já é conhecida por sua hospitalidade e acolhimento e, com o incentivo realizado a partir da parceria entre o Governo do Estado e do Airbnb, pode ter um papel central na acomodação dos turistas que irão à cidade para a COP30, sejam eles delegados de missões ou ativistas ambientais, obtendo de forma direta um benefício financeiro a partir da realização do evento”.
Ristovic destaca ainda que as iniciativas desenvolvidas em Belém, “buscam capacitar e preparar novos e atuais anfitriões, gerando oportunidades de empoderamento econômico e colaborando com a solução de um dos principais desafios para a realização do evento, que é a oferta de acomodações para os turistas”.
Ciente disso, Aline Marion aproveita a oportunidade para fazer seu negócio crescer. “Minha ocupação sempre está perto de 80%, mas já tive meses com 100% de ocupação. Se eu quiser descansar, preciso trancar o calendário, pois sempre há pedidos de reserva. De dois anos para cá, a procura aumentou consideravelmente e é notória a alteração do perfil dos hóspedes. Sempre recebi uma maioria de estrangeiros, mas agora os brasileiros passaram a visitar mais”, revela a anfitriã, que dá uma dica valiosa para aqueles que desejam começar na plataforma:
“A principal dica é preparar o espaço do jeito que você gostaria de ser recebido, se imaginar no lugar do hóspede; priorizar a limpeza e arrumação. O investimento do anfitrião sempre será com coisas de casa”, conclui.