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COMPARTILHAMENTO DE EXPERIÊNCIAS

No Oncológico Infantil, rodas de conversa abordam os desafios do enfrentamento do câncer infantil

Especialistas da instituição orientaram cuidadores sobre a importância do diagnóstico precoce e das etapas que envolvem o tratamento oncológico em crianças e adolescentes

Por Governo do Pará (SECOM)
19/09/2024 17h58

O Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol) promoveu, na terça-feira (17) e quarta (18), rodas de conversas com pais, responsáveis, cuidadores e colaboradores da instituição. Mediados por oncologistas da unidade, os eventos abordaram sinais e sintomas, bem como a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil. Por meio de relatos de mães e de crianças em tratamento, o evento propiciou o compartilhamento de experiências e esclareceu dúvidas sobre os tipos da doença, que, embora rara, pode apresentar-se de forma agressiva, com rápida progressão para metástase.

Reflexões - Em um dos encontros, realizado no auditório da instituição, o paciente Mateus Gonçalves, de 9 anos, pediu a palavra para compartilhar com os participantes a sua jornada contra a leucemia. “Eu senti uma dor muito forte e desmaiei. Quando acordei, eu estava na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), fui para o Regional (Hospital Regional de Tucuruí - HRT) e logo em seguida me transferiram para cá (Hospital Oncológico Infantil). Cheguei em Belém, fui direto para a UTI e fiquei por 4 meses. Meu aniversário de sete anos foi no leito. Mas hoje estou bem”, recordou o tucuriense.

A oncopediatra Fabiola Puty, que mediava a atividade, pediu aplausos para Mateus e todas as crianças assistidas na instituição. “Eles são extremamente corajosos, fortes e nos inspiram a dar o nosso melhor todos os dias”, afirmou a médica enquanto defendia a importância de eventos como as rodas de conversa para a ampliação do acesso a informações que podem resultar no diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), até o final do triênio 2023-2025, cerca de 24 mil crianças e adolescentes devem ser acometidas por algum tipo de neoplasia maligna.

A especialista explica que o câncer infantojuvenil surge pelo crescimento desordenado de algumas células no organismo da criança e, diferente dos cânceres que acometem a população adulta, não são causados por fatores externos. “Na criança e no adolescente, as células sofrem uma mutação no material genético e permanecem com características semelhantes à célula embrionária, multiplicando de forma rápida e desordenada”, explicou Fabiola, que ressaltou a importância da conscientização.

“Todos nós já tivemos dor e febre em algum momento da vida. Mas o que difere alguns sinais e sintomas e nos chama atenção para as doenças oncológicas é o tempo de sintoma. Então, febre e dores que persistem por mais de dez dias devem servir de alerta. E ao se deparar com alertas clínicos de uma possível doença oncológica, oriente a família a procurar a avaliação médica e contribua para a detecção precoce e para o tratamento imediato”, finalizou a médica.

Centro especializado - As leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas são os tipos de câncer mais comuns na infância. Os sarcomas, que surgem em tecidos conjuntivos como músculos e ossos, são os mais incidentes na faixa etária de 0 a 19 anos, público assistido no Hospital Octávio Lobo.

Habilitado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) pelo Ministério da Saúde (MS), o Hoiol integra a Rede de Atenção Oncológica do Estado do Pará, assistindo usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), do diagnóstico ao tratamento multidisciplinar especializado. A unidade é gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob o contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Há dois anos, a pedagoga Carla Andrade acompanha o filho João Vitor, 14 anos, na luta contra a leucemia. A busca por avaliação médica ocorreu assim que ela observou a palidez e a perda de peso repentina do adolescente, que também se queixava de fortes dores nas pernas e na região lombar.

“Não tinha casos de câncer na minha família, então, quando o João Vitor começou a perder peso rapidamente e a reclamar de muitas dores, eu o levei ao médico sem imaginar que pudesse ser câncer. Hoje, com essa roda de conversa, relembrei muita coisa e aprendi muito, tanto sobre a doença que ele enfrenta quanto sobre outros tipos de câncer. O evento foi muito esclarecedor. É importante falar sobre isso e procurar ajuda médica para iniciar o tratamento adequado. Quanto mais cedo, melhor”, disse ela durante reunião na brinquedoteca do 5º andar.

A médica Karoline Silva, que supervisiona o caso do João desde a chegada do adolescente no Hoiol, também mediou rodas de conversa na unidade. “Comunicamos a importância do diagnóstico precoce do câncer em uma linguagem mais acessível para mães, acompanhantes e crianças. Também incentivamos a participação deles para que pudessem contar suas experiências, histórias, pois, quando retomamos uma memória, a informação é melhor assimilada”, afirmou.

Durante as orientações, a especialista em oncologia pediátrica ressaltou peculiaridades do enfrentamento do câncer infantojuvenil na Amazônia. “Na nossa região, há doenças endêmicas como a leishmaniose, que pode ocasionar sintomas como febre, palidez, aumento do volume abdominal. Logo, a criança deve ser levada ao médico para que doenças infectocontagiosas e parasitárias sejam, ou não, descartadas. O câncer infantil é raro, mas agressivo, com alta capacidade de metástase. O diagnóstico tardio resulta em um tratamento mais agressivo, cirurgias mais invasivas e isso impacta na vida da criança. Por isso, informar sobre sinais e sintomas e visitar regularmente um médico pediatra ajudam a desmistificar e lutar contra a doença”, concluiu Karoline.


Texto: Ellyson Ramos - Ascom Hoiol