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Hospital Oncológico Infantil alerta sobre a gravidade da febre em pacientes oncológicos

Ações educativas buscam reduzir tempo entre a detecção da febre e a administração do antibiótico em pacientes oncológicos para evitar desfechos graves como a sepse, necessidade cuidados intensivos ou óbito

Por Leila Cruz (HOIOL)
18/09/2024 17h48

Muito comum em crianças e adolescentes submetidos ao tratamento com quimioterapia, a febre é um sinal de alerta, pois pode estar relacionada à neutropenia febril que é considerada uma emergência médica potencialmente fatal e levar à infecção generalizada (sepse). Desde 2018, existe uma iniciativa mundial para identificar precocemente os pacientes com eventos febris e tratá-los em tempo hábil. Esse é o principal objetivo do Projeto “Hora Dourada; Minutos que Salvam Vidas”, aderido pelo Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, e que faz parte da Aliança Global Contra o Câncer Infantil, lançada pelo St. Jude Children's Research Hospital, nos Estados Unidos e, no Brasil, pelo grupo Aliança Amarte.

A meta do programa é aumentar a taxa mundial de sobrevida dos pacientes em 60% até 2030. Em abril deste ano, o projeto-piloto foi iniciado na Unidade de Atendimento Imediato (UAI), serviço que assiste às intercorrências oncológicas dos usuários do hospital. A unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) já atendeu 1.126 casos de câncer no período de 2019 a julho de 2024. O local foi escolhido justamente por assistir os pacientes com febre, um sintoma de alerta para neutropenia febril - redução da contagem de neutrófilos (células de defesa) no sangue. A condição é comum em pacientes após os ciclos de quimioterapia por reduzir a imunidade e, portanto, deixá-los mais suscetíveis a desenvolver infecções.

“Essa é considerada a complicação mais comum durante o tratamento, uma emergência oncológica caracterizada pelo aumento na gravidade de infecções causadas por bactérias e fungos. Portanto, o projeto ‘Hora Dourada’ busca agilizar o atendimento àqueles que apresentam estados febris para evitar a evolução para uma situação mais grave. O nosso propósito é fazer com que 70% dos nossos pacientes com febre ou com temperatura igual, ou superior a 37.8 ºC recebam a primeira dose de antibiótico em 1 hora”, explicou a diretora assistencial do Hoiol, Aunilan Urel.

As ações de orientação foram reforçadas no mês de conscientização sobre o câncer infantojuvenil. As atividades contaram com distribuição de termômetros e a apresentação do grupo “Caixa de Teatro” para adequar as informações à linguagem infantil, informou a líder do projeto e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (Scih) do Hospital Octávio Lobo, a enfermeira Adrielle Monteiro. “A encenação mostrou de maneira lúdica e cômica como a febre se manifesta no corpo humano e a importância de ter um termômetro em casa. A equipe também apresentou uma paródia da música ‘Voando para o Pará’, da cantora Joelma, que recebeu o nome de ‘Neutropenia aqui não dá’.

Francilina Alves, 41 anos, é moradora da comunidade rural da Caip, localizada no município de Paragominas. Ela veio à Belém para acompanhar o filho Fabiano Lima, de 18 anos. Mãe e filho ouviram as recomendações enquanto aguardavam pela primeira consulta do jovem. “Entendi que a febre aponta para algo errado com a saúde dos nossos filhos. Muitas vezes damos um remedinho e esperamos o resultado, mas o certo é procurar um médico”, disse. Fabiano também ficou atento às explicações. “É bem interessante, principalmente devido à música, bastante conhecida e chamou bastante atenção, não só da criançada, mas dos adultos também.”

Adrielle ressaltou ainda que caso a febre não seja tratada adequadamente e esteja relacionada à neutropenia grave, o paciente pode evoluir para um choque séptico e necessitar de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Não basta dizer que está sentindo o filho ‘quente’, os pais precisam aferir a temperatura e quando chegarem ao hospital sinalizar esse estado para a equipe médica. As nossas atividades trouxeram informações simples, mas que farão a diferença na evolução do paciente.”

Uma das recomendações é sempre deixar uma mochila pronta com roupas e documentos para facilitar o deslocamento ao hospital. “A nossa equipe está preparada para realizar o atendimento dos nossos usuários: a consulta, os exames e a aplicação do antibiótico em tempo hábil. Essa medida é fundamental nestes pacientes que apresentam baixa resposta imune, pois reduz de forma significativa a mortalidade, conforme idealizado pelo projeto. Afinal, minutos salvam vidas”, concluiu a enfermeira.

Serviço - Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, o Hoiol é referência na região amazônica no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária entre 0 a 19 anos. A unidade é gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob o contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), e atende pacientes oriundos dos 144 municípios paraenses e estados vizinhos.

Texto: Leila Cruz- Ascom Hoiol