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Teatro Waldemar Henrique completa 45 anos e se consolida como espaço de formação e liberdade artística

Espaço cultural da capital paraense também é formador de atores e atrizes, diretores e diretoras, e todos os profissionais que fazem a cena cultural da cidade

Por Helena Saria (FCP)
17/09/2024 08h00

O Teatro Experimental Waldemar Henrique, um ícone da cena cultural paraense, completa 45 anos nesta terça-feira (17) e se fortalece como um espaço de experimentação e liberdade artística, dando voz aos sonhos e criações de atores e atrizes, diretores e diretoras, e todos os profissionais que fazem a cena cultural da cidade.

Inaugurado em 1979, durante um ato público marcado pela mobilização da classe artística local, o Teatro Waldemar Henrique nasceu como resposta a uma necessidade urgente: a criação de um espaço voltado ao experimentalismo e à inovação, algo que não encontrava lugar no tradicional Teatro da Paz. O teatro logo se consolidou como ponto de encontro e efervescência criativa, recebendo grupos que lutavam por novos caminhos na arte cênica, como o Grupo Experiência e o Teatro Universitário do Pará (TEP), que desde a década de 40 agitava os palcos belenenses.

O Waldemar Henrique, batizado em homenagem ao saudoso maestro paraense, tornou-se sinônimo de ousadia. Desde o começo, enfrentou adversidades, mas manteve-se firme, servindo como o coração pulsante da experimentação artística de Belém. Sua arquitetura, de estilo eclético com traços de art nouveau, já foi palco de protestos, resistência e momentos apoteóticos, como a derrubada simbólica do "muro da discórdia" em 1997, quando artistas se uniram para reivindicar a posse completa do espaço.

Para celebrar esta data histórica, uma programação especial será realizada nos dias 17 e 18 de setembro, com espetáculos gratuitos que prometem encantar o público. A programação não apenas exalta o teatro, mas também homenageia todas as vidas que por ali passaram e se transformaram. Artistas renomados e iniciantes se misturam, celebrando o espírito colaborativo e inovador que sempre foi a marca registrada do Teatro Waldemar Henrique. 

Confira a programação completa

Entre as apresentações, destaca-se o espetáculo "Subúrbios", da Cia. Cabanos de Dança, que une teatro e dança para retratar o cotidiano de uma sociedade periférica com humor e sensibilidade. Também haverá espaço para performances solo, como a de Luiza de Abreu, que encena o monólogo "A Loucura de Uma Atriz", além de rodas de conversa e exposições, como a do grupo de Teatro Cena Aberta, que relembrará momentos marcantes de sua trajetória.

Para Hélio Cereja, o servidor mais antigo do teatro, o Waldeco, como é carinhosamente chamado pelos seus frequentadores e frequentadoras, é mais do que um simples espaço físico: é um santuário para os artistas, o lugar onde muitos deram seus primeiros passos e onde as companhias experimentam novas formas de expressão. "Ver a alegria no rosto dos artistas que retornam ao palco onde tudo começou é gratificante. O teatro é um ambiente onde a rotina não existe, cada dia é uma nova criação, uma nova realização", afirma Cereja, emocionado com a trajetória do local.

Celeste Iglesias, gerente do teatro, ressalta a importância deste aniversário não apenas para os artistas, mas para todo o público paraense. "O Waldemar Henrique não é apenas um patrimônio histórico, é um símbolo de resistência cultural. Ao longo dos anos, ele tem sido palco de muitas batalhas e conquistas, e continua sendo um lugar onde a arte respira e floresce."

Já o cantor paraense Eloi Iglesias reflete sobre o impacto do espaço, afirmando que ele surgiu em um momento de efervescência cultural e política, em um período marcado pela ditadura, e ofereceu uma proposta moderna e experimental que era radical para a época.

“Era um verdadeiro oásis criativo, desafiando as normas estabelecidas e promovendo novas formas de expressão. Hoje, é um ícone da cultura paraense, sempre aberto a novas experiências e artistas", detalha. Iglesias também destaca o papel crucial do teatro na formação de novos talentos, ressaltando que o espaço foi fundamental para dar visibilidade a muitos artistas locais e que sempre proporcionou um ambiente de experimentação, permitindo a exploração de novas linguagens e estilos que não eram possíveis em outros lugares. Ele relembra as primeiras apresentações que assistiu no teatro, descrevendo-as como "uma verdadeira revolução cultural", com peças ousadas que quebravam paradigmas e traziam à tona discussões inovadoras para o período. Para Iglesias, ver a continuidade desse legado é profundamente gratificante.