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Setembro Verde: Santa Casa conscientiza sobre importância da doação de órgãos  

Fundação é referência em transplante renal pediátrico e de fígado

Por Samuel Mota (SANTA CASA)
16/09/2024 11h37

Setembro é um mês dedicado ao reforço da importância da doação de órgãos e tecidos, com a campanha Setembro Verde. E, por conta de sua abrangência e universalização, a Santa Casa do Pará, que é um hospital transplantador, vai realizar uma programação especial com o objetivo de alcançar toda a sociedade com a temática ‘Você tem escolha! Seja doador de órgãos e comunique sua família!’. 

Nelma Machado, médica intensivista e coordenadora, da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgão e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da Santa Casa, destaca a importância da instituição como hospital transplantador, principalmente no mês de setembro, que celebra a conscientização sobre a importância da doação de órgãos. 

“A Santa Casa do Pará, como um dos principais hospitais transplantadores do país, desempenha um papel fundamental neste processo, que além de realizar transplantes, a instituição também promove o acolhimento, o suporte para os pacientes e para suas famílias, garantindo que todo o processo seja realizado com qualidade, segurança e humanização. A participação da família é crucial no ato da doação de órgãos, e em muitos casos é ela que toma essa decisão de doar. Cabe à família, e é por isso que o diálogo aberto e o entendimento da importância desse ato pode salvar inúmeras vidas”, enfatiza a doutora Nelma. 

Norma Assunção, diretora Técnica Assistencial da Fundação Santa Casa, destaca que a instituição abraçou o setembro verde e com a Central Estadual de Transplantes (CET) para dentro da Santa Casa foi um acerto importante. “Fazer a nossa equipe entender a importância que é a doação de órgão e trabalhar em função disso é fundamental. A gente precisa fazer a nossa equipe entender que quem está na ponta ou dentro da UTI possa reconhecer um potencial doador. E esse reconhecimento, essa conduta, esse diagnóstico e esse cuidado é um passo importante para a gente seguir adiante”.

“Hoje somos um hospital transplantador. Começamos com o transplante renal pediátrico, que estava dentro da instituição e que precisava ter esse olhar e conseguimos em 2019, com o trabalho de uma equipe de alto nível, iniciar o transplante renal pediátrico. E, a partir do ano passado, começamos a fazer nossos transplantes hepáticos, em adultos”, destaca a diretora.

Monick Calandrini, coordenadora da Clínica de Nefrologia Pediátrica da Santa Casa, informa que este ano, até o último mês de agosto, foram feitos 11 transplantes em pacientes renais crônicos pediátricos. “O que só reforça a importância da conscientização da população sobre a doação de órgãos. Nossa equipe é capacitada e habilitada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) para transplante renal pediátrico”.

Contamos com três enfermeiras especialistas, quatro nefropediatras e uma equipe cirúrgica com três urologistas pediátricos. Todos esses profissionais foram capacitados em transplante renal pediátrico. Além de um urologista e um cirurgião vascular com mais de 15 anos de experiência em transplante renal. Deste modo a equipe se encontra apta e totalmente preparada para a demanda de doações necessária”, destaca Monick.

Na Fundação Santa Casa do Pará, pacientes e equipe de Saúde que atua no ambulatório do fígadoRafael Romero Garcia, médico cirurgião, responsável técnico da equipe de transplante de fígado da Santa Casa relata que já foram feitos 13 transplantes até o momento. “Foram realizados quatro em parceria com o hospital Albert Einstein (SP) em 2023 e agora neste ano foram nove. Com sobrevida de 85%, acima da média nacional”.

“Os pacientes transplantados estavam bastante graves, e hoje levam uma vida normal. Conseguimos devolvê-los bem para  suas famílias e para a sociedade. É importante ressaltar que a doação é o principal ato que possibilita o transplante. Um ato de extrema generosidade e altruísmo, no momento mais difícil de uma família. No Brasil a doação só é possível com autorização dos familiares, por isso a família do potencial doador é o principal ator nesse processo”, destaca o cirurgião.

O sorriso do paciente pediátrico, que enfrentou cirurgia de transplante, e segue bem assistido pela Equipe de Saúde Ato de doar –  Rafael Garcia diz que atualmente a recusa de doação está entre 55% e 60%. “Por isso precisamos fazer campanhas e conscientizar a população. Podemos aumentar muito os transplantes apenas com a redução da recusa das famílias.”

A diretora da Fundação Santa Casa, Norma Assunção, afirma que um ponto importante é como conscientizar a população. “É necessário que cada um de nós possamos trabalhar com a nossa família, com nossos amigos essa conscientização quando teremos mais e mais doadores porque as pessoas engajadas tendem a ser mais favoráveis e interessadas no ato de doação. Essa conscientização é o nosso desafio. Sermos agentes dessa felicidade”.

Ana Gabriela, assistente social, que foi a primeira paciente transplantada de fígado na Santa Casa, relatou que há 15 anos foi diagnosticada com hepatite autoimune, “desde lá, comecei a perder minha qualidade de vida e de cinco anos para cá desenvolvi cirrose e tive muitas vezes que ser internada, inclusive nas Unidades de Terapias Intensivas (UTIs), estava muito ruim, bem debilitada'.

“Quando foi no dia 26 de fevereiro do ano passado me ligaram e disseram para vir para Santa Casa, que tinha um fígado para mim. Fui internada e uma equipe completa com excelentes profissionais fez minha cirurgia que durou algumas horas. Passei alguns dias internada e fiz uma evolução lenta nos três primeiros meses. Depois a minha qualidade de vida mudou completamente”, informou Ana.

Doação que salva – Com a temática: ‘Você tem escolha! Seja doador de órgãos e comunique sua família!’, relacionado ao setembro verde, cujo objetivo é reforçar a importância da doação de órgãos e tecidos, e que vai acontecer na sexta-feira (20), no Shopping Pátio Belém, das 10h às 20h; e no dia 27/09, no auditório e na pracinha da Santa Casa,  ações solidárias que tem o compromisso com a causa, ensinando mais a população sobre o processo de doação de órgãos.

Para a médica Nelma Machado, a programação do Setembro Verde na Santa Casa, é fundamental no reforço à sociedade que tem um papel indispensável. “É por meio da informação e da conscientização que podemos aumentar o número de doadores e transformar o futuro de muitas pessoas que aguardam na fila de transplante no país inteiro. E a Santa Casa além de participar das atividades do Estado, vai proporcionar um nível de conscientização por meio de palestras, atividades voltadas à educação da população  em locais públicos, além das UTIs, unidades voltadas à hemodiálise pediátrica e às enfermarias que recebem os pacientes de transplante. O objetivo maior é reforçar o compromisso da instituição com a saúde e a vida, incentivando cada vez mais pessoas a se tornarem doadoras e assim contribuir para salvar mais vidas”.

Foram realizados na Santa Casa 34 transplantes renais pediátricos (desde o ano de 2019) e 13 transplantes de fígado (desde 2023). Atualmente 35 crianças aguardam pelo transplante de rim e dez pacientes atendidos pelo ambulatório de hepatologia estão na fila por um transplante do fígado. 

“Um doador pode ajudar a salvar até seis vidas e eu procuro passar isso para os meus amigos e meus familiares e já consegui convencer algumas pessoas a se declarar doadoras. Na minha igreja eu sempre falo que Jesus disse que ‘Não há maior amor do que dar a sua vida pelo seu próximo´ e ser um doador de órgãos é dar vida!”, conclui Davi Elyasafe, que também acompanha seu filho na terapia renal.

Para a enfermeira Solandia Oliveira, que integra a equipe da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgão e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), conversar sobre doação é desmistificar o tema. “Precisamos estimular que as pessoas possam expressar o desejo de serem doadoras, sensibilizando dentro da família, porque quem diz o ‘sim’ para a doação, depois que é constatada a morte encefálica, é a família, e por isso essa conversa e o esclarecimento de todo esse processo, que é muito rigoroso, precisa ser feito sempre em todos os lugares”.