Carimbó recebe título oficial de patrimônio cultural brasileiro
Um dos ritmos mais importantes da cultura paraense, o carimbó, recebe hoje, 11, o certificado oficial de patrimônio cultural imaterial brasileiro. A cerimônia será às 18h, no Museu do Estado do Pará (MEP). Em seguida, do lado de fora, haverá uma grande roda de carimbó, com a participação de grupos formados na capital e no interior do estado. A ação integra a programação da Semana do Patrimônio Paraense, promovido pelo Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPI/IPHAN), com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult).
Antes da entrega do título, organizada pela Associação dos Agentes de Patrimônio da Amazônia (Asapam), com o apoio da Coordenação Estadual da Campanha do Carimbó, haverá uma mesa-redonda, marcada para às 15h, para tratar da política de valorização do patrimônio imaterial brasileiro. O evento contará com a presença de TT Catalão, do Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Iphan (DPI/IPHAN); Isaac Loureiro, da Campanha do Carimbó; Alessandra Ribeiro (Jongo Dito Ribeiro/Campinas-SP), e Neto de Azile, do Comitê Gestor do Tambor de Crioula-MA.
“Para nós da Secult, é muito importante poder contribuir de alguma forma com essa cerimônia, por isso, fizemos questão de abrir as portas dos nossos espaços, tanto do Museu de Arte Sacra, onde vai ocorrer a mesa-redonda, quanto do salão do Museu do Estado, onde vai ocorrer a cerimônia de entrega do título”, ressalta a diretora do Sistema Integrado de Museus e Memoriais, da Secult, Mariana Sampaio.
Ela lembrou ainda que, recentemente, o ritmo foi utilizado para mostrar a força da cultura paraense, durante um jantar oferecido ao príncipe japonês Akishino e sua esposa, a princesa Kiko, no MEP, pelos 120 anos da migração japonesa no Brasil. O casal foi homenageado com um jantar, seguido de uma apresentação de carimbó.
Processo
Até receber o título de patrimônio cultural imaterial brasileiro, que será entregue hoje, um longo caminho foi percorrido. A formalização do pedido foi feito pela Irmandade de Carimbó de São Benedito, da Associação Cultural Japiim, da Associação Cultural Raízes da Terra e da Associação Cultural Uirapuru, com abertura de processo junto ao Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan. Foi o Instituto que promoveu uma pesquisou sobre o ritmo em diversas localidades do estado, dando origem ao “Dossiê Carimbó”, que posteriormente foi transformado em um documento final.
O carimbó, segundo o Dossiê, foi criado no século XVII por negros africanos radicados na região nordeste do Pará, com influências das culturas indígena e portuguesa e acabou se tornando uma das mais tradicionais formas de expressão cultural do estado.
O ritmo foi inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão no dia 11 de setembro de 2014, e só partir daí passou a ser reconhecido como patrimônio cultural imaterial brasileiro. A escolha foi comemorada com uma grande festa, no Centur, com a participação de artistas paraenses, especialmente mestres de carimbo e dançarinos.
Além da cerimônia de entrega do título, será instalado hoje o Comitê Gestor da Salvaguarda do Carimbó, composto por mestres e representantes de grupos de carimbó indicados durante o I Congresso Estadual do Carimbó.