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Hospital Octávio Lobo promove 'Setembro Dourado' e reforça importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil

Campanha alerta para sinais e sintomas de neoplasias malignas que figuram entre as principais causas de morte por doença em crianças no Brasil

Por Governo do Pará (SECOM)
11/09/2024 17h53

Embora considerado raro, quando comparado com as neoplasias malignas que atingem o público adulto, o câncer infantojuvenil apresenta sinais e sintomas que podem ser confundidos com traumas e lesões decorrentes de brincadeiras da infância. Mesmo assim, ignorar inchaços, hematomas e outros possíveis indícios da doença é um fator preocupante, uma vez que a demora na busca por avaliação médica dificulta o diagnóstico precoce do câncer e prejudica a eficiência do tratamento, diminuindo a possibilidade de cura e de sobrevida do paciente.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que as neoplasias malignas estão entre as principais causas de morte por doenças em crianças no Brasil. O órgão do Ministério da Saúde (MS) estima ainda que, entre os anos de 2023 e 2025, cerca de 8 mil crianças e jovens de 0 a 19 anos devem ser acometidos por algum tipo de câncer no país. 

Dra. Fabiola Puty Referência no tratamento oncológico de pessoas dessa faixa etária na região amazônica, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, apoia campanhas como o Setembro Dourado, iniciativa nacional que alerta para a importância da busca por avaliação médica em tempo hábil e do diagnóstico assertivo. Para tanto, a oncologista pediátrica da unidade, Fabiola Puty, afirma que é fundamental que a sociedade atente para sinais e sintomas que possam indicar câncer. 

“A campanha Setembro Dourado ensina os pais, professores, familiares, cuidadores a reconhecer os sinais de um possível câncer, para que o mesmo seja diagnosticado precocemente e, assim, ser tratado, promovendo mais chances de cura para as crianças acometidas”, explica a especialista, que desde 2018 atua ni Hoiol.

Incidência - Leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas são os tipos de câncer mais comuns em crianças e adolescentes. A busca tardia por atendimento especializado diante de sintomas como perda de peso inexplicada, febres recorrentes, dores, cansaço e sangramentos impacta na detecção e tratamento da doença. Quando identificado na fase inicial e tratado adequadamente, o câncer infantojuvenil pode ser vencido.

Dra. Fabiola Puty“O câncer infantil pode afetar o bem-estar e ter um impacto duradouro na vida de uma criança e daqueles ao seu redor. A boa notícia é que, ainda que os tumores se apresentem de forma mais agressiva e veloz na infância e na adolescência, as chances de cura nessa fase também são mais altas em comparação com as dos adultos. Para crianças que recebem o diagnóstico o quanto antes e são tratadas adequadamente em centros especializados, a taxa de cura chega a 80%. O tratamento em fases iniciais melhora a qualidade de vida e a conduta terapêutica para esses pacientes tende a ser menos agressiva, com cirurgias menos invasivas, por exemplo”, explicou a oncologista.

Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), o Hoiol é gerenciado pelo Instituto Diretrizes, sob contrato de gestão da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), e atende pacientes dos 144 municípios paraenses e de estados vizinhos. De 2019 a julho deste ano o Oncológico Infantil registrou 1.126 novos casos de câncer, sendo 598 de neoplasias hematológicas. Pacientes como André Nobre, 9 anos, filho da servente escolar Maria das Neves Nobre, de 36 anos. A criança realiza tratamento contra a leucemia.

“No ano passado, surgiram uns nódulos na axila esquerda do André e ele passou a se queixar de febre e dores nas pernas. Fomos ao médico e ele foi encaminhado para cá (Hoiol). No momento em que o diagnóstico saiu, eu fui tomada pelo medo. A palavra câncer assusta tanto, mas eu me acalmei quando a oncologista me explicou sobre o tratamento, sobre esse novo período de luta e as chances de cura do meu filho. O hospital em si e o atendimento me tranquiliza até hoje, e aqui ele sempre foi muito bem atendido, graças a Deus”, afirmou.

André Nobre e a mãe, Maria das Neves.Natural de Vigia de Nazaré, nordeste paraense, Maria chegou a ser acolhida em uma casa de apoio enquanto o filho realizava as primeiras etapas do tratamento na unidade. Agora, estabeleceu residência em Icoaraci, distrito da capital paraense. As mudanças repentinas, contudo, não abalaram a fé da vigiense. “Penso muito positivo. Confio muito em Deus e na equipe do hospital e sei que meu filho será curado”, disse Maria, que recomenda atenção dos pais aos sinais que podem ajudar a diagnosticar a doença precocemente. 

“Campanhas abordando sintomas e os tipos de câncer são muito importantes e podem salvar muitas vidas. Antes de conhecer o câncer, eu tinha ouvido falar sobre o Setembro Dourado, mas confesso que não me aprofundei no assunto. Minha rotina era trabalho fora e tarefas em casa, mas ainda assim, prestei atenção nos sinais do corpo do meu filho. Os pais precisam ficar mais atentos, pois isso fez muita diferença para o tratamento dele”, completou Maria.

A educadora Thaís Sousa, 35 anos, conta que também observou mudanças no corpo do filho, Davi Pardim, de 8 anos, diagnosticado com neuroblastoma em 2022. “Eu sabia que algo de errado estava acontecendo com o meu filho, mas jamais imaginei que pudesse ser câncer. Ele sentia dores e chegou a ter uma febre de 44 graus no pronto-socorro. Quando a barriga dele ficou distendida, foi feito exame de imagem e aqui (no Oncológico Infantil) a suspeita foi confirmada. Meu filho foi diagnosticado com câncer aos seis anos”, recordou a parauapebense.

“Agradeço o suporte que recebo dos profissionais do hospital nesse um ano e 10 meses de luta. Acho que ninguém está verdadeiramente preparado para lidar com o câncer. A gente sempre pensa que é algo que está muito distante da nossa realidade, mas quando o diagnóstico do meu filho veio, nossas vidas mudaram radicalmente”, afirmou Thaís enquanto destacava a importância da campanha elucidativa. “O Setembro Dourado traz uma conscientização muito importante, mas a gente precisa ficar atento o ano inteiro. Sejam pais e mães cuidadosos. Vamos ‘pecar’ pelo excesso do cuidado e não pela falta de atenção.”

Alertas clínicos - Qualquer sinal ou sintoma que persistir por mais de dez dias em crianças e adolescentes deve ser investigado. Especialistas recomendam a procura por avaliação médica em caso de: palidez, hematomas, sangramentos, dor óssea, surgimento de caroços no corpo, perda de peso inexplicada, tosse ou falta de ar persistentes, sudorese noturna, estrabismo de início recente, perda visual, inchaço ou dor ao redor dos olhos, inchaço abdominal, dor de cabeça persistente, fadiga, tontura, sangue na urina, dificuldade para evacuar, perda de equilíbrio, leucocoria (reflexo branco no olho quando exposto à luz, como flash de uma câmera), dentre outros.


Texto: Ellyson Ramos - Ascom Hoiol