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Adepará cria grupo de trabalho para fortalecer cadeia produtiva do mel no Baixo Amazonas

Ao todo, cinco mil quilos de mel vindo diretamente de criadores de abelhas-sem-ferrão cooperados são beneficiados com o espaço

Por Rosa Cardoso (ADEPARÁ)
05/09/2024 16h56

Uma equipe técnica da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARÁ), formada por Fiscais Estaduais Agropecuários da Unidade Central e da Gerência de Santarém, conheceram, no final do mês de agosto, a Unidade de Beneficiamento do Mel da Cooperativa dos Trabalhadores Agroextrativista do Oeste do Pará (ACOSPER), um empreendimento que vem fortalecendo cadeias produtivas da sociobio economia na região do Baixo Amazonas.

O estabelecimento beneficia cinco mil quilos de mel vindo diretamente de criadores de abelhas-sem-ferrão cooperados que criam de forma sustentável em comunidades inseridas na floresta preservada, cujo acompanhamento técnico é realizado pelos profissionais do Projeto Saúde e Alegria (PSA) do Centro Experimental Floresta Ativa (CEFA). 

Durante a visita, a equipe reuniu com a diretoria da Cooperativa e apresentou aos cooperados os programas desenvolvidos pela ADEPARÁ que promovem a sanidade da atividade agropecuária em todo o estado. Enquanto Agência de Defesa Agropecuária, a ADEPARÁ realiza ações para identificar e cadastrar os apicultores e meliponicultores do Estado. 

“Nós mostramos a atuação da Agência junto a esses produtores, a fim de alcançá-los com ações de defesa sanitária que visam a prevenção e o controle de doenças e pragas das abelhas e o incentivo à criação de abelhas não somente devido à produção de mel e demais produtos, mas também pelos benefícios que elas proporcionam ao meio ambiente”, explicou a Fiscal Estadual Agropecuária Samyra Albuquerque.

Na oportunidade, as instituições discutiram a formação de um grupo de trabalho envolvendo outros entes ligados ao setor, tendo em vista o crescimento da apicultura e meliponicultura na região do oeste do Estado, para serem construídos instrumentos legais que auxiliem no desenvolvimento da cadeia do mel e demais produtos. 

“A região é muito promissora para a criação de abelhas nativas (sem ferrão) ou conhecidas ainda, por abelhas-indígenas; tendo em vista que na região do Tapajós há uma grande diversidade de flora e ainda algumas comunidades com povos originários, ou seja, indígenas, o que favorece o desenvolvimento dessas abelhas na região”, frisou a fiscal. 

Dentre as espécies de abelhas-sem-ferrão criadas na região estão a abelha Canudo e a Jandaíra, que tem o mel muito apreciado pelos consumidores.

A Adepará tem executado ações de defesa sanitária voltadas para a apicultura e meliponicultura, a fim de fortalecer essa cadeia e proteger a saúde das abelhas garantindo a sanidade dessa produção por meio da prevenção de doenças e preservando o meio ambiente.

“Esse trabalho todo iniciou em 2021 por meio de uma parceria firmada entre o Projeto Saúde & Alegria e a Adepará e como primeiro passo foi elaborada a Portaria Nº 7554/2021, que aprovou o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel de Abelhas Nativas Sem Ferrão no Estado do Pará”, explica Cristiane Barbas, médica veterinária da ADEPARÁ em Santarém.

Ecocentro - Inaugurado em julho deste ano, o Ecocentro possui uma agroindústria e uma unidade de beneficiamento de mel de abelhas-sem-ferrão. Na agroindústria, são processados óleo de andiroba e copaíba, além da semente de cupuaçu. Produtos essenciais para a economia local que têm grande potencial de mercado. O mel produzido na Unidade vem de 139 criadores de abelhas-sem-ferrão cadastrados na ADEPARÁ, passa por inspeção regular da Agência de Defesa e possui selo de produto artesanal, o que possibilita a comercialização em todo o território paraense, gerando oportunidade de renda para as famílias envolvidas. 

"A construção do Ecocentro foi um esforço coletivo. Primeiro nós criamos uma legislação para a produção do mel de abelha-sem-ferrão, depois treinamos os produtores rurais para coletar o mel, e por fim a inauguração do entreposto de abelha-sem-ferrão. Este é o primeiro do Estado, nós plantamos a semente e agora vamos regar para continuar dando frutos, porque é um mel de qualidade que está sendo oferecido à população", afirmou o veterinário André Reale, gerente regional da ADEPARÁ em Santarém.

O Ecocentro teve apoio do Fundo Amazônia/BNDES, com contrapartida de parceiros do Projeto Saúde e Alegria, além de organizações como a Rewild, CAF, Natura, FUNBio, WWF Brasil, Erol Foundation, CLUA, União Européia, Good Energies, Conexsus, Imaflora, Mott Foundation, Instituto Clima e Sociedade, Fundação Toyota. 

O Ecocentro faz venda direta aos consumidores que poderão visitar o espaço e adquirir   produtos manejados por produtores da Resex Tapajós-Arapiuns, Flona Tapajós, Pae Lago Grande e Várzea.

“O Ecocentro é um empreendimento para a região e vem atender principalmente os agricultores e extrativistas da nossa região. É um momento histórico e emocionante para todos nós dessa categoria.” disse o diretor presidente da associação, Manoel Edvaldo Santos, Diretor-presidente da ACOSPER.