Programa Territórios Sustentáveis no Marajó faz o Pará avançar no cumprimento de meta da agricultura regenerativa
Estado tem a meta de implantar 173 mil hectares de agricultura regenerativa em seu território até a COP 30, em 2025, em Belém
O Pará avança para cumprir a meta anunciada pelo governador Helder Barbalho na COP 28, em Dubai, de implantar 173 mil hectares de agricultura regenerativa no Estado até a COP 30, em 2025, em Belém. Com a expansão do Programa de Atuação Integrada Territórios Sustentáveis (TS) para a Região de Integração do Marajó, 300 produtores rurais locais poderão aproveitar os benefícios do programa para fortalecer e ampliar seus Sistemas Agroflorestais (SAFs), uma das principais estratégias de agricultura regenerativa utilizada por agricultores familiares.
"A gente já tem o Sistema Agroflorestal. A nossa meta agora é expandir o SAF", afirma Gilberto Silva da Gama, produtor da zona rural do município de Portel. "Aqui, a gente tem um consórcio de frutíferas e de produto florestal. Aqui tem pacapeuá, itaúba, muriti, cupiúba, tem o piquiá, que é florestal e frutífera, tem caju, graviola, cajá, acerola, açaí, tem bacaba, jabuticaba. Então, já temos um SAF aqui. E vamos colocar um tanque de criação de peixe e trabalhar o pirarucu de baixo carbono também, produzir um viveiro de mudas. A minha ideia é expandir isso aí”, completa Gilberto da Gama, que já se cadastrou no TS Marajó.
Nesta quinta-feira (22), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) publicou o edital de chamamento público de produtores rurais do Marajó para adesão ao Territórios Sustentáveis. No mesmo dia, começou a cadastrar os primeiros produtores de Portel com apoio da Secretaria de Meio Ambiente de Portel e de técnicos da Secretaria de Agricultura, Tecnologia e Floresta de Portel.
A primeira propriedade cadastrada em Portel foi o sítio de Júlia Serrim, na zona rural do município. "Eu estou achando muito importante a entrada do Territórios Sustentáveis no Marajó, especialmente aqui em Portel, porque é um trabalho que no início vai ser de formiguinha, tanto por parte da sociedade civil como dos órgãos competentes, e que depois vai crescer bastante", diz a produtora.
Os sistemas agroflorestais conciliam a preservação da floresta com a produção de alimentos. Júlia Serrim cultiva açaí, pupunha, piquiá, banana, abacaxi, limão, bacuri, além de espécies florestais como andiroba, castanha, angelim, acapu, ipê roxo, ipê amarelo, cedro, cedro vermelho. "Esse programa vai nos ajudar bastante no reflorestamento e para a gente cuidar do território nosso, das nossas propriedades. Vamos ter apoio para cuidar, vamos ter orientação, e isso vai fazer diferença dentro do aquecimento global também", afirma a produtora, que começou a praticar o reflorestamento na região há dez anos.
“Esta produtora aqui, a d. Júlia, que acabou de se cadastrar no Programa Territórios Sustentáveis, está desenvolvendo uma iniciativa dessa, de implantar um sistema produtivo sustentável. Ela implantou um Sistema Agroflorestal (SAF) que é um sistema em que você consegue ter agricultura e floresta. O SAF é uma oportunidade de recuperação de áreas alteradas. O SAF de dona Júlia está no primeiro ano de implantação e possui culturas alimentares, frutíferas e espécies florestais, é o que ela tem aqui”, explica a coordenadora de Desenvolvimento Rural Sustentável e Incentivos Econômicos da Semas, Diana Castro.
A diversificação de culturas traz benefícios para os agricultores familiares, aumentando a produtividade da área, melhorando a qualidade do solo e fortalecendo a biodiversidade local. A variedade de produtos cultivados gera mais renda para as famílias, com culturas diversas em cada período de colheita e venda.
Valter da Silva Cruz, o Valtinho, foi outro produtor rural de Portel cadastrado nesta quinta-feira no TS. Ele tem uma propriedade de 20mx1.400m, onde há cerca de 40 anos cultiva açaí, castanha, mari, entre outros plantios. "Esse programa que o governo tá lançando agora, o Territórios Sustentáveis, vai trazer melhoria, né? A gente vai ter assistência técnica, fomento. Pra que a gente possa fazer plantação, vai nos ajudar a plantar. A gente tem que cultivar a terra para que ela venha a ter produção para a gente viver e reflorestar também. Os velhos estão indo e vão ficando os filhos, os netos, eu tenho quatro filhos e eu tenho que ajudar no futuro deles".
Meta - Em Dubai, o Governo do Pará se comprometeu a implementar 173 mil hectares de restauração produtiva, o que deverá beneficiar cerca de 4 mil famílias. A meta do Estado foi estipulada em um plano de ação até a COP 30. A Plataforma Territórios Sustentáveis (TS) é o principal mecanismo de governança público-privada na implementação da meta estabelecida pelo Estado.
Texto: Antônio Darwich - Ascom Semas