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Ciência e pluralidade são tema da última mesa desta quinta-feira, na 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes

Durante a conversa, os pesquisadores explicaram como a ciência pode ajudar crianças, jovens e adultos pobres a crescerem de forma igual e formar novos cientistas para a Amazônia

Por Iego Rocha (SECULT)
22/08/2024 19h49

A tecnologia e o incentivo à educação científica foram temas do bate-papo "Ciência e Pluralidade", realizados na noite desta quinta-feira, 22, às 19h, na Arena Multivozes. O palco recebeu a professora e pesquisadora Sônia Guimarães (SP) e o professor Walter Santos, de Inovação e Gestão da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Durante a conversa, os pesquisadores explicaram como a ciência pode ajudar crianças, jovens e adultos pobres a crescerem de forma igual e formar novos cientistas para a Amazônia. 

Especialista em Tecnologia para Educação, o professor Walter Santos explica que, na Amazônia, as ciências e tecnologias ancestrais são baseadas na sustentabilidade. As pesquisas produzidas em campo reiteram a potencialidade da iniciação científica como resposta para a resolução de problemas e novas descobertas. “As ciências ancestrais estão enraizadas no nosso DNA amazônico. A tecnologia envolve e ajuda comunidades locais, ou seja, a ciência precisa ser incluída nessas comunidades”, disse. 

A pluralidade na educação só é possível a partir do protagonismo de alunos e pesquisadores que façam parte das minorias sociais, destacou o professor. Nascido no bairro do Guamá, em Belém, Walter Santos encontrou na ciência a credibilidade de se destacar e ter oportunidade de mudar de vida. 

“Sem dúvida nenhuma, a ciência pode mudar a vida de um jovem. Vim de uma classe pobre, da periferia da nossa cidade de Belém, e ainda assim consegui superar todas essas dificuldades, acreditando que o investimento que eu estava fazendo na educação iria depois me dar um conforto maior. Ainda temos profissões que de alguma forma ou outra são elitizadas, mas essa bolha está sendo furada”, refletiu.

Reconhecida como a primeira mulher negra com PhD em Física do Brasil, Sônia Guimarães também é a primeira mulher negra professora do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA). Seu trabalho tem servido de inspiração para mulheres e homens que sonham em alcançar posições de mérito e reconhecimento na ciência – ocupadas majoritariamente por homens brancos, expõe a pesquisadora. “A pluralidade é necessária,  56% da população no Brasil já se autodeclara negra ou parda. Se você não colocar esses 56% no tudo que você estiver fazendo. 56% vão ser excluídos, então metade do país vai sempre ficar fora de tudo, não tem sentido, tem que ter pluralidade, inclusive de gênero”, afirmou.

Ainda conforme a professora, a ciência é o presente e o futuro de todas as pessoas, principalmente na região amazônica. Quando vinculada à literatura, permite o conhecimento e esclarece dúvidas, tornando-se necessária no propósito de pesquisas e da vivência diversificada de todos que buscam espaço na iniciação científica. “A literatura pode contribuir na vida de jovens, de pessoas que vêm às vezes de periferia. A ciência também contribui. Precisamos incluir, diversificar e pluralizar, senão não temos avanço”, concluiu.