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Vozes da ancestralidade ecoam na Feira do Livro e das Multivozes, em Belém

A Arena das Multivozes chamou a liderança indígena Marineide Juruna e o lavrador Mestre Toró para debater "ancestralidade e práticas decoloniais" nesta quarta-feira, 21. A feira vai até o domingo, 25

Por Carol Menezes (SECOM)
21/08/2024 18h20

Para celebrar as vozes da ancestralidade, tema deste quinto dia da 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, que encerra no domingo, 25, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia. A Arena das Multivozes chamou a liderança indígena Marineide Juruna e o lavrador Mestre Toró para debater "ancestralidade e práticas decoloniais", com mediação da professora e contador de histórias, Janete Borges nesta quarta-feira, 21.

A mediadora abriu a programação estimulando aos estudantes presentes na plateia que absorvam conhecimento daqueles que chegaram antes deles, para que esse conhecimento ajude a preservar e garantir o mundo do futuro. "Se a gente não mudar atitudes e aprender com quem veio antes sobre como cuidar, não vai ter mais", alertou. 

Marineide Juruna, por sua vez, confessou algumas dificuldades em abordar um tema que, pessoalmente, ela mais sente do que sabe falar sobre. "Vivo em um lugar onde somos muito coletivos e todos se respeitam bastante. Quando se chega na cidade ninguém tem tempo para ninguém, a gente sente tudo: o clima muda, tem o impacto da água, da comida, o afastamento das pessoas conosco, burocracias e impedimentos. Nós temos o espírito da natureza, que nos traz calma, respeito", relatou, lamentando que empresas e mineradoras seguem invadindo localidades como a que ela mora e, sob a perspectiva do "progresso", poluem e tornam insalubres a terra, a água, o ar. "Se não tem natureza tem tristeza, tem doença. Herança que meus pais e ancestrais deixaram é luta", complementou.

Mestre Toró, por sua vez, afirmou ter estudado apenas até a 4ª série do Ensino Fundamental, e apesar de reconhecer que sua vivência não se encaixa na realidade da cidade grande. "A capital não é para mim, é só de passeio. Mas aproveitem, vocês que podem, estudem, porque apesar de eu me reconhecer rico ali onde moro, no meio da roça, no meio do mato, lá na Vila do Juaba, em Cametá, eu também sei das dificuldades. Lá a gente tem que trabalhar todos os dias, mas no fim de semana tem o peixe fresquinho. A gente planta o cacau, a banana, o açaí, tudo que temos e precisamos temos lá, e é natural", detalhou.

A programação que encerra a Arena das Multivozes nesta quarta-feira é com a escritora carioca Eliana Alves Cruz e a poeta, historiadora e ativista quilombola Roberta Tavares falando sobre "futuro e ancestralidade abraçados pela palavra".