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DIVERSIDADE AMAZÔNICA

Uepa promove hoje a aula inaugural da Pós-graduação em Música

Programa é o primeiro voltado para a Música na região Norte e chega com a responsabilidade de fomentar a pesquisa na área e preencher lacunas existentes

Por Marília Jardim (UEPA)
08/08/2024 14h13

As diferentes “Amazônias” e sua diversidade sociocultural serão o tema da aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Música na Amazônia (PPGMUSA), da Universidade do Estado do Pará (Uepa), realizada pela professora Rosemara Staub, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O evento ocorre hoje, 8, no auditório Paulo Freire, do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE), que abriga o Programa, a partir das 16h. A entrada é liberada para todos os interessados.

Como primeiro programa de pós-graduação voltado para a Música da região Norte, o PPGMUSA chega com a responsabilidade de fomentar a pesquisa na área e preencher lacunas existentes. Para abordar essas vertentes inexploradas e inspirar os integrantes do Programa, Staub apresenta a aula intitulada "O Complexo da Amazônia: abordagens para a pesquisa em Música na contemporaneidade". O nome vem do livro homônimo do pesquisador Djalma Batista, lançado em 1976. Nascido no Acre, foi um dos primeiros a observar a pluralidade da região amazônica, para além de suas barreiras geográficas.

“Batista escreve que a Amazônia possui uma identidade física e cultural marcada pela diversidade e é uma combinação complexa de processos naturais e socioculturais que ultrapassam as fronteiras nacionais para constituir a Pan-Amazônia. Deste modo, todas as questões relacionadas à região devem ser abordadas de maneira transdisciplinar”, resume a professora. Para ela, esse olhar plural é fundamental para compreender os problemas inerentes da região. E isso também se aplica à música.

“Para os pesquisadores da música, é importante entender que o fenômeno musical e sonoro deve ser estudado sob uma perspectiva interdisciplinar, que reconhece a diversidade nos processos socioculturais”, pontua. Nessas “Amazônias”, ainda existem conhecimentos que às vezes são negligenciados pela pesquisa. “Por exemplo, as manifestações culturais musicais nas regiões de fronteira da Pan-Amazônia e como essas manifestações interferem na vida das pessoas precisam ser mais exploradas. Também é interessante observar quem são os protagonistas dessas manifestações”.

Atualmente, graças ao desenvolvimento educacional e às políticas públicas de formação em nível superior, muitos desses protagonistas, como indígenas e quilombolas, têm acesso à educação e se formam em cursos de mestrado e doutorado. “Isso modifica a dinâmica, pois esses próprios protagonistas, como artistas e ativistas indígenas, contam suas histórias e trazem seus conhecimentos tradicionais para dentro da ciência” explica.

Na área da música, é importante explorar esses campos e compreender como as manifestações musicais ocorrem nas "Amazônias" mais profundas e urbanas. “Esse é o grande desafio que quero levar para o corpo docente e para os alunos: incentivar o protagonismo de todos os povos na discussão das manifestações musicais na nossa querida e complexa Amazônia”, conclui Staub, que chega com a importante credencial de ser membro da Academia Amazonense de Música, ocupando a cadeira de número 33.

Ineditismo - A proposta da pós-graduação stricto sensu em Música da Uepa foi aprovada logo na primeira submissão, pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no ano passado. “O desejo foi acalentado por vários anos, mas só em 2021 foi possível iniciar os trabalhos, nessa ocasião já contando com um número mínimo de doutores, todos da Uepa, para subscrevermos a proposta”, explica o professor Paulo Murilo Guerreiro do Amaral, que obteve o título de mestre em São Paulo e o de doutor no Rio Grande do Sul, e agora vai coordenar essa pós-graduação na região Norte. O PPGMUSA possui duas linhas de pesquisa: Música e Cultura e Música e Formação.

Texto: Fernanda Martins - Centro de Ciências Sociais e Educação - CCSE